quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Resumo Expandido: Como vivem as crianças Indianas?

Resumo Expandido enviado pela Equipe Oswaldo Lima Filho para a EXPO PIBID 2017, ocorrida em Recife - 14 de Dezembro de 2017.


“COMO VIVEM AS CRIANÇAS DE LÁ?” UMA AULA SOBRE SOCIEDADE E RELIGIÃO INDIANAS PARA O ENSINO FUNDAMENTAL II

Bruna Santana Alencar Correia
bruna.sacorreia@hotmail.com
Helder Douglas Ferreira Freitas
helder.1689.doug@gmail.com
Philipe Silva de Lima Paulino
paulinophilipe@live.com
Rayssa Karynne Silva do Nascimento
rayssakarynnesilva@gmail.com
Talysson Caíque Santos Verçosa
vercosat@gmail.com
Roberto José Soares de Moura
betobessone@gmail.com
PIBID História UFPE – Escola Oswaldo Lima Filho 

RESUMO: No 4º Bimestre de 2017, a equipe atuante na Escola Oswaldo Lima Filho planejou e executou um plano de aula afetivamente significativo, relacionado ao conteúdo programático da disciplina História para o 6º ano do ensino fundamental: A Índia Antiga. O tema escolhido pela equipe foi "Sociedade e Religião" e, dentro desta temática, procuramos analisar o sistema de castas, enfatizando a vida de crianças dalits para identificar práticas de exclusão social existentes na Índia e que se assemelham às vivenciadas no Brasil. Questionando-se como vivem as crianças de outro país, tornou-se possível a criação de empatia e de vínculos afetivos e solidários para com os povos indianos além de trazer uma reflexão para os problemas existentes na sociedade brasileira.

Palavras-Chave: Índia; dalits; exclusão social.

INTRODUÇÃO: A sala de aula está em constante transformação para tornar os processos de ensino-aprendizagem mais dinâmicos e significativos para a realidade dos estudantes. Nesse sentido, a mera transmissão de conhecimentos desvinculados do cotidiano do aluno através da exposição oral, desconsiderando-o enquanto sujeito ativo e parte de uma sociedade, aparece como uma prática educativa sem valor. Situações de ensino são mais significativas e construtivas quando possuem um sentido social, surgindo da realidade socioeducativa e fazendo com que o aluno aprenda o que ainda não sabe para compreender-se no mundo como indivíduo que produz e se alimenta de cultura.
Para as turmas de 6º ano do ensino fundamental, o livro didático traz o tema da História da Índia no quarto bimestre da seguinte forma: Localização geográfica, as primeiras civilizações, religião, sociedade e cultura. Considerando que o PIBID busca experiências metodológicas e práticas educativas de caráter inovador, não faria sentido centralizar uma aula na transmissão de conteúdos disciplinares desconexos com a realidade social dos estudantes. Procuramos, então, determo-nos e frisarmos os processos de aprendizagens a partir de temáticas atuais, preparando os sujeitos a continuarem aprendendo e desvelando a realidade e, consequentemente, superando as problemáticas inerentes ao ato de existir em sociedade.
Levando-se em conta que uma práxis educativa pressupõe um posicionamento político-epistemológico e pedagógico que desvele os mecanismos de reprodução das opressões de uma sociedade estratificada e, sobretudo, colabore para sua superação, escolhemos abordar a Índia através da problematização do conceito de castas presente nos livros sagrados, “Vedas”. Mas como abordar um tema tão complexo com crianças do ensino Fundamental? Pelas próprias crianças. Saber como vive o meu semelhante em outro país favorece a criação de vínculos afetivos e solidários para com outros povos. Logo, as crianças indianas que vivem fora do sistema de castas, oprimidas e chamadas “dalits”, serviram como ponto de partida na identificação de práticas exclusão/desigualdade na sociedade indiana.
Dizemos ponto de partida, pois, de forma a vincular o conteúdo à realidade dos estudantes, configurando uma prática de ensino significativa, procuramos problematizar, a partir da vivência de exclusão dos dalits, a existência de exclusão de crianças brasileiras por critérios como cor e classe social, por exemplo. Não há como olhar exclusivamente para a desigualdade existente em outros países e esquecer que no Brasil existem crianças sobrevivendo do e no lixo. Além disso, não se pode explicar o sistema de castas sem remontar à religião Hindu e a divisão social a partir das partes do corpo do Deus Brahma. Dessa forma, o plano de aula apresentado no presente trabalho se estruturou da seguinte forma: Religião, Sociedade Indiana e identificação de práticas de exclusão Índia-Brasil.
OBJETIVOS: Relacionar a situação das crianças dalits com a religião indiana e os escritos sagrados, Vedas; Solidarizar-se com a exclusão/desigualdade social indiana e Identificar práticas de exclusão/desigualdade na sociedade brasileira atual.

PERÍODO DE REALIZAÇÃO: O planejamento das aulas se deu no período entre 18 e 29 de Setembro de 2017, para posterior execução nos dias 3 e 5 de outubro de 2017.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: Dialogamos com textos, Silva (2004) e Freire (2000), referentes a uma prática de educação formativa que visa associar conhecimentos históricos com a realidade social dos alunos. Também fizemos uso da coleção Povos & Civilizações, da Editora Contexto, a partir do trabalho de Costa (2012), para fazer um paralelo entre o passado e o presente da Índia, encontrando informações sobre a atual situação do sistema de castas e como a sociedade ainda carrega marcas de uma crença contida nos antigos escritos sagrados dos Vedas. Por fim, procuramos livros didáticos que auxiliassem na adaptação de uma discussão sobre sociedade e religião indianas para crianças do ensino fundamental, encontrando em Brenman (2008), Forjax (2009) e Quentin & Reisser (2011), subsídios para tal.

METODOLOGIA: A aula ocorreu de forma expositivo-dialogada com constante participação dos estudantes e utilização de imagens que representassem tanto a vida das crianças indianas quantos os deuses e seus templos. Promovemos uma “visita” à Índia através de suas crianças e das formas de brincadeira comuns lá e no Brasil para, em seguida, identificamos as diferenças entre as próprias crianças devido a existência do sistema de castas. Apontamos a presença do conceito de castas nos vedas, o livro sagrado para os indianos, e como ele fornece uma explicação sobre a criação do mundo (e a naturalização das desigualdades entre as crianças indianas). Também problematizamos as desigualdades, nada naturais, existentes entre as crianças do brasil.

RESULTADOS: Juntamente com os estudantes, articulamos diferentes sociedades em diferentes tempos através de um assunto significativo para eles: as exclusões e desigualdades vividas pelas crianças de ambos os lugares e tempos. Cabe ressaltar, que as discussões não giraram em torno de criticar negativamente a divisão de castas e a cultura indiana através de um olhar ocidental, mas sim de estimular a criação da empatia crítica dos estudantes com relação aos lugares sociais dos dalits, na Índia, e de outras minorias na sociedade contemporânea. A participação de todos se mostrou extremamente satisfatória e por meio da avaliação, em que pedimos que opinassem sobre quem seriam os “dalits” ou excluídos da sociedade brasileira, conseguimos observar que os objetivos foram alcançados.

CONCLUSÕES: Ao focarmos em conteúdos puramente relacionados ao passado, como saber quais foram os primeiros povos que tocaram o solo da atual Índia, corremos o risco de ensinar para um mundo que não mais existe. O importante não é simplesmente transmitir saberes, mas construí-los e mobilizá-los em função de temáticas desafiadoras advindas das especificidades em que se localiza o estudante, a escola, e a sociedade como um todo. Trabalhar sociedade e religião indianas da forma como trabalhamos, permitiu que os estudantes saíssem de sua “zona de conforto” para identificar práticas de exclusão social existentes à sua volta que, por muitas vezes, passaram despercebidas. Mais do que chegar ao fim do ano letivo com a consciência tranquila por se ter trabalhado "todo o programa", pudemos ter a certeza (através das avaliações) de que os alunos aprenderam e de que essas aprendizagens foram significativas.

REFERÊNCIAS
BRENMAN, Ilan. As 14 pérolas da Índia. Ilustrações de Ionit Zilberman. São Paulo: Brinque-Book, 2008.
COSTA, Florência. Os indianos. Coleção Povos & Civilizações. São Paulo: Editora Contexto, 2012.
FORJAZ, Sonia Salerno. A princesa que enganou a morte e outros contos indianos. São Paulo: Aquariana, 2009.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 16 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000.
MEENAI, Zubair; ALEEM, Sheema. Participação infantil na Índia: práticas e desafios. Revista do Departamento de Serviço Social da PUC-RIO: O Social em Questão, Ano XV, n.º 27, 2012. Disponível em: <http://osocialemquestao.ser.puc-rio.br>.
SILVA, Janssen Felipe Da. Avaliação na perspectiva formativa-reguladora: pressupostos teóricos e práticos. Porto Alegre: Mediação, 2004.
QUENTIN, Laurence; REISSER, Catherine. Pelas cores da Índia: os intocáveis, os jainistas, os marajás. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2011.

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