A EREM
Professor Trajano de Mendonça tradicionalmente reserva uma semana do mês de
março todos os anos para debater assuntos relacionados aos direitos humanos e
valorização na mulher. Essa semana diferenciada teve início no ano de 2011 com
a Professora Rosário Leite, que atualmente não faz parte do corpo discente da
escola, mas que deixou sua marca registrada quando há sete anos decidiu
organizar a semana “Rosa e Lilás”, ao longo desses anos o evento foi criando
forma e abrangendo toda a escola, alunos e professores das diversas áreas que
de alguma forma tratavam em suas aulas sobre alguma problemática relacionada ás
mulheres. Durante todos esses anos diversos palestrantes foram convidados,
funcionárias da Secretária da Mulher, mulheres ligadas com movimentos sociais e
de luta, grupos musicais formados apenas por mulheres e muitos debates
aconteceram, ampliando a visão dos alunos sobre diversos temas alarmantes da
nossa sociedade como a violência, aborto, gravidez na adolescência e doenças
que atingem principalmente as mulheres.
Semana da Mulher tem por objetivo conscientizar alunos e funcionários sobre uma problemática tão custosa à sociedade atualmente.
Esse ano o
EREM Trajano de Mendonça denominou esse evento apenas com o tema “Semana da
Mulher” e aconteceu entre os dias 06 e 10 de março, e
tradicionalmente trouxe palestrantes e ex-alunas para discutir assuntos
diversos com as 14 turmas de ensino médio, os professores também trouxeram
temas varias para serem tratados em suas aulas de acordo com sua área de
formação.
Os alunos e
alunas tiveram contato com pelo menos duas palestras diferentes, uma
apresentada por Daniela Martins, ex-aluna do colégio que recentemente adquiriu
certa fama por compartilhar fotos de si, mulher gorda, sem roupa nas redes
sociais. Sua fala desenvolveu-se no sentido de tratar do corpo feminino,
criticando os estereótipos divulgados pela mídia, tidos como sinônimo de
perfeição estética e clichês como “o rosto é bonito, mas o corpo é feio”. Neste
sentido é interessante a frase formulada pela própria palestrante é “se amanhã
todas as mulheres acordassem aceitando seus corpos, quantas empresas faliriam?”
Problematizou ainda a respeito de para quem é o corpo da mulher, deixando claro
que este não deve ser pensado para agradar um homem ou alguém exterior, mas
sim, única e exclusivamente a mulher a qual pertence. Tendo em vista, seu caso
ter ocorrido na internet, onde após os posts também sofreu ameaças, houve a
oportunidade de esclarecer os alunos e alunas a respeito dos crimes
cibernéticos, onde está localizada a delegacia responsável por isso e ainda, os
preconceitos que sofreu por ser “feia” ao tentar registrar o Boletim de
ocorrência. Ela conclui com uma afirmação muito significativa, levando em
consideração o público a qual estava sendo direcionado (grupo de adolescentes,
que querendo ou não está constantemente sendo cobrado por atender aos padrões
de beleza colocados pela mídia e pela sociedade de uma maneira geral) afirmando
que a mulher não é feita de corpo, cabelo, estria, celulite, etc. é feita de
essência!
Palestra com Daniela Martins.
Já a segunda
palestra foi ministrada por suas agentes da polícia militar, que esclareceram
aos estudantes alguns aspectos da história das mulheres na polícia e apresentam
um vasto campo de outras atividades profissionais como professor (a), médico
(a), fisioterapeuta (o), veterinária (o), etc. que estão ligados ao serviço
militar. Ainda nas questões diretamente profissionais, foi mencionada a
progressão da carreira de um militar saindo de cabo para sargento, etc. Algumas
questões fundamentais foram tratadas durante a palestra como assédio sexual e
teste de aptidão física (TAF). Coloco este ultimo como importante, pois trata a
respeito da maior facilidade ou não dos testes de aptidão física propostos para
as mulheres se comparados aos masculinos. Foi deixado claro a partir desta
conversa que não há um teste “mais fácil”, mas sim, testes adaptados às diferenças
fisiológicas entre homens e mulheres, ou seja, adaptados a realidades corporais
distintas. No tocante ao assédio sexual, foi importante perceber o relato de
mulheres que trabalham em um ambiente tido como essencialmente masculino,
falarem sobre os assédios morais e sexuais que sofreram e ainda sofrem
trabalhando nesta área, enfatizando através destes relatos que não se deve
ficar em silêncio e sim denunciar o seu agressor para que seja punido de alguma
forma.
Apresentação musical do grupo formado apenas por mulheres.
Com isso, em
2017 a EREM Professor Trajano de Mendonça realizou por mais um ano uma semana
de conscientização, debates e reflexões sobre a sociedade que as mulheres estão
inseridas e suas problemáticas, alcançando assuntos como ambiente de trabalho,
saúde pública, violência, feminismo, educação, valorização do corpo e direitos
constitucionais. Englobando todo o corpo docente, funcionários e alunos, que
trabalharam juntos pela construção de uma semana com atividades diferenciadas e
enriquecedoras, onde a própria escola recolhe os frutos ao longo do ano letivo,
quando os alunos se interessam pelos temas e trabalham eles ao longo do ano em
outros eventos anuais da escola.
Alunos mostraram-se empolgados ao tratarem de um problema que ainda necessita ser tão amplamente discutido.
Apesar do assunto bastante sério, sorrisos e descontração marcou a Semana da Mulher.
Aluna do terceiro ano falando aos colegas.
Fantástico evento, momento lindo. Parabéns à escola, estudantes e professoras(es) pela coragem de lidarem com um tema tão central e delicado.
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