Em número alarmante,
escolas e professores de História se deparam com uma realidade não muito
plausível de que grande parte dos alunos não conhece a historia de sua
comunidade de seu município ou seu estado, prendendo-se apenas a uma história
nacional desvinculada da sua realidade local e de seu contexto histórico. Esse
problema causa o desinteresse dos alunos pela História e por outras disciplinas
que eles não consideram importantes justamente pelo fato desses alunos não se
sentirem inseridos nesse ambiente ou no processo histórico sob o qual os
acontecimentos ganham vulto. Em regiões e cidades que possuem um atrativo
populacional recente, como é o caso do Recife, a situação ganha maiores
dimensões uma vez que parte da população desse município é oriunda de outras
regiões do Brasil, onde a migração é constante entre cidades vizinhas. Isso se
reflete em sala de aula onde a maioria dos alunos desconhece, ignora e
desrespeita suas origens e as da região que hoje habitam.
Turma do segundo ano na Rua do Bom Jesus.
O resultado dessa
realidade é um ensino de História desprovido da participação e do engajamento
dos alunos que se sentem desmotivados e marginalizados do contexto e processo
de construção do conhecimento histórico. Conhecer, entender, respeitar e
preservar as raízes e a origem de um povo, comunidade ou uma região é sobre
tudo garantir a esse povo a condição de existir e proteger a sua identidade,
valorizando e cultivando a sua historia local, facilitando o entendimento e a
inserção dos alunos no contexto histórico não só regional mais também nacional. O
entendimento e o conhecimento da história local tem o poder de proporcionar ao
educando reconhecer-se como agente participativo e transformador da sua
história local e nacional e consequentemente gera o interesse e a valorização
da mesma facilitando a aprendizagem. Diante desse contexto, os alunos e a
escola devem fazer da história local uma ferramenta de facilitação no processo
de ensino aprendizagem da História nacional, sendo que o entendimento das
origens e raízes dos alunos como membros de uma comunidade ou um grupo social
faz com que eles se interessem mais pelo aprendizado da História, fazendo com
que eles se sintam realmente agentes participativos do processo
histórico.
Professor José Alexandre da Silva junto aos alunos, elucidando a história local.
Desenvolvida no âmbito do Programa
Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID/UFPE), a sequência
didática Recife Colonial: período açucareiro e holandês. a
qual foi ministrada pelos bolsistas, acompanhados pelo supervisor José
Alexandre, foram foco do bimestre compreendido nos meses de maio a junho. As
atividades se inseriram nos conteúdos programados da disciplina de História
para as turmas de segundo e terceiro ano, esta última apenas se insere a
atividade interdisciplinar. Resultado da articulação entre docentes da
Escola de Referência em Ensino Médio Porto Digital (EREM PD) e estudantes de
licenciatura em História da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a
sequência didática propôs o desenvolvimento de atividades de ensino no campo da
história local.
Bolsista Felipe Fernandes abordando o neoclassicismo presente na cidade do Recife.
Nesta concepção, a sequência didática Recife
Colonial: período açucareiro e holandês propôs o uso de aparelhos
eletrônicos móveis como uma estratégia no ensino de história para o nível
médio, enfatizando a história do Bairro do Recife. Tendo em vista problematizar
o meio urbano em que está localizada a EREM Porto Digital, foram utilizadas, no
trabalho pedagógico, diferentes tipos de funções dos dispositivos móveis, como
fotos e vídeos produzidos sobre o bairro, mostrando as mudanças ocorridas
durante os anos.
O grande momento da sequência didática,
foi a aula campo com as turmas dos 2º anos realizadas nos dias 24 e 25 de Maio, os estudantes puderam sair às ruas e exercer a percepção histórica. Os pontos trabalhados foram: praça Ascenso
Ferreira a fim de observar o mapa atual da cidade do Recife; Ponte Buarque Macedo com o objetivo de visualizar Olinda e apontar sua
importância nesse período, além de sua destruição e abandono. Observar o Rio
com o aspecto social e sua utilização na economia e política. Logo após, os alunos foram encaminhados para a Praça da República para que conseguissem exercer uma melhor observação da ilha de São José e santo
Antônio nos dois períodos: suas transformações e permanências.Como não poderia deixar de ser, também se passou pela Ponte Mauricio de Nassau e o Cais do Alfandega. Por fim, passaram pela Rua da Moeda, Rua do Bom Jesus e voltou-se à escola.
Alunos segundanistas observando o mapa produzido pelos pibidianos antes de irem à rua.
Os estudantes puderam perceber que a Cidade do Recife sofreu com fortes modificações urbanísticas no decorrer da
sua história. Contudo, poucas dessas modificações foram, de fato, tão marcantes,
intrínsecas, viscerais e duradouras como as vivenciadas durante a gestão de
Francisco do Rego Barros, Conde da Boa Vista, à frente da Presidência da
Província de Pernambuco, ofertada por indicação e exercida a pedido do
Imperador Dom Pedro II de Bragança. Com o Conde da Boa Vista, o Recife
comutou-se da cidade arraigada ao passado mascate e ao traço Colonial das
edificações públicas e Barroco das construções eclesiásticas e civis para o traço
elegante e pungente do Neoclassicismo. Este foi trazido da Europa para o Recife
pelo conde e acabou por transformar a cidade em seu amálgama, construindo
uma nova cultura e um novo hábito social de importância parecida só encontrada
nas ações de outro conde, o Conde Maurício de Nassau Von Siegen, Príncipe de
Holanda, no século XVII, durante a Invasão Holandesa. A história da cidade se apresenta num contraponto entre o presente e o passado.
Bolsista Jeani Gomes junto aos alunos na aula campo.
Por fim, foi de suma importância a disposição dos alunos para a realização das aulas. A construção de noções modifica a maneira como o aluno compreende os
elementos do mundo e as relações que esses elementos estabelecem entre si, na
medida em que o ensino de História lhe possibilita construir noções, proporcionando
mudanças no seu modo de entender a si mesmo, entender os outros, as relações
sociais e a própria história. A
associação entre cotidiano e história de vida dos alunos possibilita contextualizar
essa vivência individual a uma história coletiva.
Valeu Felipe, e equipe Erempd, vocês são minhas férias, próxima etapa, sala de aula. Trabalho com texto, iuhuuuuu.
ResponderExcluirQuero saber qual o horário de funcionamento.
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