O IMAGINÁRIO DO HOMEM DO SERTÃO: UMA
EXPERIÊNCIA DE SALA DE AULA INVERTIDA ATRAVÉS DO MOBILE LEARNING
Felipe
Fernandes Souza
José
Alexandre da Silva
Márjorie
Maria Carneiro Pires
INTRODUÇÃO
Por muitas vezes, os espaços tradicionais de ensino
(as escolas) têm direcionado a visão dos estudantes à compreensão e reprodução
de um mundo estático, construído em função de determinados discursos. Perceber
a multiculturalidade e o pluralismo na construção identitária do mundo que nos
cerca tem sido um desafio as novas metodologias de ensino-aprendizagem.
É
diante dessa realidade que se desenvolveu os estudos acerca do imaginário do
homem do sertão, sendo abordados na literatura, na música e nas produções
cinematográficas, carregam características que se perpetuam: a seca, o solo
árido que pouco ajuda na agricultura, os dialetos que fogem às normas
gramaticais, entre outros. Escritores de enorme importância na literatura
nacional ficaram conhecidos por retratarem de forma fidedigna este cenário, por
vezes dantesco, a exemplo de Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz e João Cabral
de Melo Neto. A abordagem da multiplicidade cultural e social do sertão se faz
necessária para que haja uma formulação crítica sobre os indivíduos sertanejos.
OBJETIVOS
O presente trabalho teve por
objetivo realizar em conjunto com os discentes uma análise plural e menos
estereotipada em relação ao homem sertanejo, fazendo uso da sala de aula
invertida, que aparece como uma ferramenta de extrema importância, na medida
que possibilita ao aluno a visualização do conteúdo trabalhado, o homem do
sertão, através de materiais previamente disponibilizados pelos pibidianos e o
professor supervisor, no mobile learning (Facebook), plataforma digital.
METODOLOGIA
Nesta experiência, empregamos
como ferramenta o mobile learning para a disponibilização de materiais como
vídeos, textos, músicas e imagens em um grupo criado na rede social (Facebook), que pelo fato de ser uma
plataforma bastante disseminada entre os estudantes, proporcionou uma maior interação
e participação dos alunos envolvidos no projeto.
Mediante a utilização da
metodologia ativa da sala de aula invertida, obteve-se uma aprendizagem não
mais centrada e protagonizada pelo professor, os alunos neste método, possuem
papel ativo, podendo os mesmos serem responsáveis pela criticidade no ensino da
história (VALENTE, 2014). Nesta perspectiva, Libâneo (1994) afirma que a
motivação dos alunos para a aprendizagem, através de conteúdos significativos e
compreensíveis para eles, assim como de métodos adequados, é fator
preponderante para o aumento de concentração e atenção dos alunos. Por isso,
impulsionar a participação, a reflexão, e a criticidade do aluno é uma maneira
eficaz para se desenvolver o aprendizado.
Conforme
Félix (2014), para muitos professores e alunos não há nada melhor do que o
prazer de encontrar o conhecimento em sala de aula, sendo a música uma dessas
ferramentas de contentamento, já que faz parte do cotidiano dos alunos,
promovendo um desejo para o desenvolvimento da aprendizagem. Ao retornarem à
sala de aula para a discussão deste imaginário do homem do sertão, os alunos
puderam observar que vivenciam e percebem o conteúdo a todo o momento, embora a
criticidade deste nem sempre ocorra de maneira primária. Percebe-se que as
músicas, de uma maneira geral, são expressões de uma forma de pensar e sentir o
mundo; o professor de história possuindo essa concepção poderá aprimorar o
debate crítico sobre o conteúdo de forma promissora e positiva.
Com
a utilização de músicas que retratam os diferentes aspectos que norteiam a vida
do sertanejo, a turma do 2º ano “A” que possui 30 (trinta) alunos foi dividida
em 6 (seis) grupos, com 5 (cinco) integrantes cada, onde os mesmos ficaram de
posse de uma determinada letra de música, e a partir delas teriam que
desenvolver um cordel sobre o que foi estudado durante a aplicação do assunto
(o imaginário do homem do sertão), articulando o que foi compreendido com o
material disponibilizado no mobile learning e os debates realizados em sala. A
ideia é que houvesse a possibilidade dos alunos demonstrarem o que foi aprendido
e mobilizar um diálogo crítico entre eles.
RESULTADOS
Mediante os debates surgidos
e a construção dos cordéis pelos alunos, observou-se no mínimo três concepções
distintas acerca do imaginário sertanejo, sendo elas: de permanência, de
mudança e de retrocesso. O de permanência configura o grupo de alunos que
mantiveram um olhar estereotipado em relação ao homem e sua forma de viver o
sertão, ou seja, foram aqueles que não conseguiram superar o rótulo apresentado
pelas mídias. O de mudança compreende os grupos que perceberam a complexidade
da cultura, das relações, da forma de viver do sertanejo, visão essa, almejada
no presente trabalho. Já o de retrocesso designa aqueles que na elaboração do
cordel retrataram o sertanejo de forma pejorativa.
Através da atividade
motivou-se o estudo e a reflexão dos discentes, que de acordo com Cabrini
(2000) são a essência do trabalho de ensino/aprendizagem. Buscou-se, dessa
forma, contribuir para uma formação crítica e para uma consciência histórica
dos estudantes.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Durante o projeto, pode-se
observar a forma como os alunos percebem o homem sertanejo, sua cultura e modo
de vida. Dispondo aos alunos uma variedade de material para estudo, delegou-se
aos mesmos o papel central no processo de aprendizagem, proporcionando aos
discentes a prática do exercício crítico, da reflexão e da consciência
histórica.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
CABRINI, Conceição et al. O que
achamos importante lembrar sobre o ensino da História ou fundamentação teórica
da proposta. IN Ensino de História:
revisão urgente. S. Paulo: EDUC, 2000.
FÉLIX, Geisa
Ferreira Ribeiro; SANTANA, Renato Goés; JÚNIOR, Wilson Oliveira. A música como
recurso didático na construção do conhecimento, Cairu em Revista, Salvador, Ano 03, n° 04, p. 1 7-28, Jul/Ago
2014.
LIBÂNEO, José Carlos. A relação
professor-aluno. In: Didática. São
Paulo: Cortez, 1994.
VALENTE, José
Armando. Blended learning e
as mudanças no ensino superior: a proposta da sala de aula invertida. Educar
em Revista, Curitiba,
Edição Especial n. 4, p. 79-97, dez. 2014.
Nenhum comentário:
Postar um comentário