sexta-feira, 30 de junho de 2017

Equipe EREM Porto Digital e a utilização do jogo na aprendizagem sobre o Recife colonial

              Segundo Huizinga (1995) o jogo pode ser considerado como uma atividade livre, conscientemente tomada como “não-séria” e exterior à vida habitual, mas ao mesmo tempo capaz de absorver o jogador de maneira intensa e total. É uma atividade desligada de todo e qualquer interesse material, com a qual não se pode obter lucro, praticada dentro de limites espaciais e temporais próprios, segundo uma certa ordem e certas regras. Promove a formação de grupos sociais com tendências a rodearem-se de segredo e a sublinharem sua diferença em relação ao resto do mundo por meio de disfarces ou outros meios semelhantes.
Dando prosseguimento no calendário das atividades, foi elaborada a avaliação “Jogo Colonial”, que devido aos problemas com o cronograma de horários dos discentes só pôde ser aplicada com o 2º ano “A”, devido aos problemas físicos, enfrentados pela escola, no caso a falta de refrigeração, as aulas estão restritas ao turno da manhã, o que acarreta em uma carga horária livre ínfima. As tardes também foram utilizadas pelos docentes para serem realizados trabalhos, seminários, palestras. Desta forma, a avaliação-jogo só foi vivenciada pelo 2° ano “A”, pois o professor supervisor dispunha de duas aulas geminadas, sendo possível a sua aplicação.
Equipe Erem Porto Digital junto ao grupo vencedor da atividade proposta.

 O objetivo era observar as dificuldades apresentadas pelos alunos, instigar a cooperação entre os mesmos e realizar de forma lúdica o processo de aprendizagem dos discentes. Para que ocorresse a atividade, foi necessário elaborar os questionamentos que seriam levantados para os alunos, as regras e funcionamento do jogo. Para que o mesmo pudesse ter sido executado se fez necessário a explanação prévia dos conteúdos sobre Brasil Colônia. Os materiais utilizados foram: cones, cartazes de identificação, confecção das cartas coringas e das perguntas.
Os alunos ficaram bastante entusiasmados com o jogo, pois de certa forma, foi uma revisão para os mesmos e ainda assim, notou-se uma atmosfera de competitividade entre os grupos. Alguns aspectos foram observados durante a atividade, um deles foi o fato de os alunos conseguirem trabalhar em grupo, houve um espaço para o debate e para a troca de saberes entre eles. Outro fator palpitante foi a visualização das dificuldades dos discentes, percebeu-se que no “contexto político” apresentaram mais dificuldade em responder os questionamentos, enquanto que no “contexto social” e no “contexto geográfico” demonstram melhores rendimentos. No que tange ao jogo, percebemos que ele pode se finalizar de forma rápida, devido às poucas etapas que o percurso possui, sendo necessário repensar se é preciso outras etapas ou mais “cartas coringas”.
A aula jogo, utilizada como avaliação,  foi realizada no pátio da EREM Porto Digital, onde distribuiu-se cones de forma cíclica para identificar cada etapa, no qual estariam presentes os mediadores com um cartaz de identificação. Devido aos problemas físicos, enfrentados pela escola, no caso a falta de refrigeração, as aulas estão restritas ao turno da manhã, o que acarreta em uma carga horária livre ínfima. As tardes também foram utilizadas pelos docentes para serem realizados trabalhos, seminários, palestras. Desta forma, a aula jogo só foi vivenciada pelo 2° ano “A”, pois o professor supervisor dispunha de duas aulas geminadas, sendo possível a sua aplicação.

Alunos passando pelas etapas propostas.

Percebeu-se que os alunos ficaram bastante entusiasmados com o jogo, pois de certa forma, foi uma revisão para os mesmos e ainda assim, notou-se uma atmosfera de competitividade entre os grupos. Alguns aspectos foram observados durante a atividade, um deles foi o fato de os alunos conseguirem trabalhar em grupo, houve um espaço para o debate e para a troca de saberes entre eles. Outro fator palpitante foi a visualização das dificuldades dos alunos, percebeu-se que o “contexto político” foi uma das etapas que os alunos apresentaram mais dificuldade, enquanto que no contexto social e geográfico, eles demonstram um bom rendimento. No que tange ao jogo, percebemos que ele pode se finalizar de forma rápida, devido às poucas etapas que o percurso possui, sendo necessário repensar se é preciso outras etapas ou mais “cartas coringas”.

            Devido a falta de tempo hábil, buscar-se-á obter por parte dos alunos, o que os mesmos acharam da aula jogo, do que eles sentiram de positivo e de negativo, para que dessa forma, possamos realizar um aperfeiçoamento do material.
Para os alunos:
1-  Numa turma de 30 alunos, realizar uma divisão de 5 grupos, contendo 6 integrantes cada;
2-  Cada grupo terá um relator, este será responsável em responder, particularmente, a pergunta feita pelo mediador de determinada temática;
3- Para cada etapa, deve-se modificar o relator de forma que todos os integrantes possam participar;
4- As perguntas são representadas por números, assim, os alunos escolhem aleatoriamente o número que querem responder;
5- Os integrantes dos grupos devem responder de forma contextualizada, abarcando de forma satisfatória o questionamento;
6- Os alunos devem debater em grupo sobre a respostas que irão apresentar em um prazo de 2 min;
7- O jogo contém na terceira etapa uma “carta coringa”, ficando ao critério do grupo utilizá-la ou não, se caso não a quiserem, avançam para a quarta etapa. Caso optem por utilizá-la têm a chance de avançar para a quinta etapa, se sortearem a “carta alforria”, ou retroceder uma etapa, se pegarem a “carta pelourinho”;
8-Na última etapa, caso o  grupo erre o questionamento, retornam para a quarta etapa;
9- No último estágio existe a possibilidade do grupo que está mais próximo de vencer, resgatar um outro grupo para participar com eles da etapa final. Essa opção não é obrigatória;
10- O grupo que terminar primeiro o circuito vence.

Para os mediadores:
1- Cada integrante será responsável por um contexto;
2- Cada mediador avaliará se a resposta apresentada pelo relator abarca o questionamento satisfatoriamente.

Perguntas do Jogo colonial
Contexto Social

1) Quais legados a escravidão negra deixou para a sociedade brasileira?

2) De que forma a sociedade escravocrata vivia? Qual a influência do senhor de terras tinha sobre a política?

3) Como você imagina a divisão social da sociedade durante o Brasil Holandês?

4) O que desencadeou a dizimação indígena? Como o índio era visualizado pelo branco europeu?

5) De que forma os negros eram transportados, comercializados e capturados?



Contexto Cultural
1) Como eram setorizados os engenhos? Explique a finalidade de cada espaço?

2) De que forma a Igreja Católica atuou para cristianizar os índios?

3) Quais as heranças culturais que o Brasil Holandês deixou em Pernambuco?

4) Como era o cotidiano dos escravizados na sociedade açucareira?

5) Quais os aspectos culturais que o branco europeu trouxe para o Brasil?


Contexto das tensões sociais - Os conflitos

 1) O Brasil colonial foi marcado por inúmeras tensões sociais que tinham como palco de disputas o estabelecimento do dominador português sobre o nativo da terra. Desta forma, explique como foi o primeiro contato do português sobre os índios, as formas de subjugação imposta e as resistências existentes.

2) Com o intuito de se libertar do domínio holandês ocorreu em Pernambuco a chamada Batalha dos Guararapes. Explique quais os grupos envolvidos na Batalha e os motivos que a desencadearam.

3) Quais conflitos existiam em Pernambuco durante o período da ocupação holandesa?

4) Que fatores contribuíram para a derrota holandesa em 1624 em Salvador-BA?

5) Explique a relevância do Quilombo dos Palmares para os negros escravizados e libertos.

Contexto geográfico

 1) Quais aspectos naturais foram determinantes para o estabelecimento exitoso da cultura canavieira em Pernambuco e São Vicente?

2) Quais fatores geográficos possibilitaram o êxito da expansão marítima portuguesa?

3) Qual a importância do Rio Capibaribe e do Porto do Recife para desenvolvimento da economia em Pernambuco?

4) “Aqui tudo se plantando dá”, o Brasil a “vaca de leite” de Portugal, o que estas frases indicam sobre o novo mundo?

5) Como a expansão marítima contribuiu para enriquecimento de Portugal?

Contexto econômico

1) Por que o pau-brasil foi o primeiro produto extraído e comercializado em grande escala no Brasil?

2) Quais fatores econômicos desencadearam a produção econômica do açúcar no Brasil?

3) Qual principal produto de comercialização e quais principais polos de produção em Pernambuco durante o Brasil Holandês?

4) Por quê optou-se pela mão de obra negra em detrimento da indígena?

5) Como se caracterizava o mercado interno e externo no Brasil e como estava caracterizada a propriedade agrícola?

6) O que ocorreu economicamente com o Brasil após a expulsão dos holandeses?


Contexto Político

1) Como se estruturou a primeira organização administrativa portuguesa no Brasil?

2) Retrate a forma como era estruturado o governo de Maurício de Nassau, como era vista sua administração e quais os motivos para sua instalação no Brasil?

3) O que foi a união ibérica e quais desdobramentos políticos trouxe para Portugal e suas colônias?

4) De que modo a ocupação holandesa no Brasil prejudicava Portugal?

Pátio da EREM Porto Digital foi o local escolhido para a realização da atividade.


 Bibliografia

ACIOLI, Vera Lúcia Costa. Jurisdição e conflitos: aspectos da administração colonial: Pernambuco, século XVII. Recife: EDUFPE, 1997.

FREIRE, Gilberto. Nordeste – Aspectos da influência da cana sobre a vida e a paisagem do nordeste do Brasil. Rio de Janeiro: José Olímpio, 1985.

MELLO, José Antônio Gonsalves de. Tempo dos Flamengos. Coleção Pernambucana vol. XV. Recife: 1978.

JÚNIOR, Caio Prado. Evolução Política do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1999.

MELLO, Evaldo Cabral de.  O interregno Nassoviano. O Brasil Holandês (1630-1654) São Paulo. Penguin Classics, 2010.

NASCIMENTO, ROMULO XAVIER. Navegar, sim, comer ... pouco: Algumas observações acerca da navegação e abastecimento no Brasil HolandêsIn ___ Possamai, Paulo. Conquistar e defender: Portugal, países baixos e Brasil.  São Leopoldo: Oikos,2012.

NOVAIS, Fernando. Portugal e Brasil na Crise do Antigo Sistema Colonial (1707-1808). 5° Ed. São Paulo: Hucitec, 1989.

SCHWARTZ, Stuart. Segredos Internos: engenhos e escravos na sociedade colonial. São Paulo: Editora Schwarcz Ltda., 1995.

VICENTINO, Claúdio / Giampaolo Dorigo. História Geral e do Brasil. Vol. 2. São Paulo: Scipione, 2013.

Céu, inferno e purgatório: caminhos de Dante à contemporaneidade através do PIBID da Oswaldo Lima Filho

No período conhecido como Baixa Idade Média, entre os séculos XI- XIV, o Ocidente Europeu passava por significativas transformações. A vida urbana, que havia quase desaparecido séculos antes por conta do esfacelamento do Império do Romano, agora começava a florescer de forma significativa.  Com as cidades crescia também o comércio, que foi revitalizado pelas Cruzadas, movimento que estabeleceu contatos significativos com o Oriente. A criação desse eixo comercial, reforçada pelo crescimento populacional e pelo desenvolvimento da tecnologia agrícola que impulsionou o aumento da produção no campo, deu origem a vários fatores internos que corroeram o já cambaleante sistema feudal em vários pontos da Europa ocidental.
Aos poucos as grandes cidades, que se libertaram gradativamente do jugo desse sistema, transformavam-se em grandes centros de produção artesanal e entrepostos comerciais. A Europa Ocidental começava a ser cortada por caravanas de mercadores que seguiam para diversas regiões onde se realizavam as grandes feiras internacionais da época.  Surgia, assim, uma classe de mercadores enriquecidos, a burguesia, que começavam a deter o poder econômico e, por isso, questionavam o monopólio do poder político exercido pelos nobres e clérigos.
 As regiões de Flandres e da Itália foram algumas das beneficiadas por esse processo. Ambas polarizaram o comércio europeu, os flamengos controlaram o estratégico tráfego do Mar Báltico e do Norte, onde transportavam madeira, ferro, estanho, pescados, peles, mel, entre outros gêneros. Os italianos controlavam o comércio ao sul do Mediterrâneo, tendo monopólio das tão cobiçadas especiarias. 
Graças ao comércio, as cidades ao Norte da Itália sofreram um vertiginoso desenvolvimento, mesmo antes da baixa idade média. Privilegiadas por sistema político menos opressor e fechado, as Repúblicas de Veneza, Genova e Florença entraram para a história como pioneiras nas artes em um período histórico conhecido como Renascimento Cultural. Além da estreita conexão entre fatores econômicos, sociais e políticos que explica o Renascimento nessa região, é preciso destacar a presença da Antiguidade Greco-Romana em solo italiano. Os modelos de que os renascentistas necessitavam estavam ali, ao alcance do artista e do intelectual; e não eram apenas os monumentos, as construções e a produção escultórica, mas também as obras literárias da Antiguidade.  A carência desses fatores em outras localidades possibilitou a Itália se destacar como berço do Renascimento.  Fora do norte desta península, até o século XIII, o modo de produção predominante ainda era o feudalismo, o comércio era escasso, as trocas de produtos eram feitos em natura, existiam poucas cidades, o que desfavorecia a troca de ideias, além disso havia uma presença religiosa mais hegemônica no restante da Europa, o que inibia, de certa maneira, o desenvolvimento do esplendor das ideias tão vitais à renascença. 

Bolsistas Philipe Paulino e Hélder Freitas em execução de aula com os estudantes.

A nova classe que ascendia com o Renascimento pretendia se impor socialmente, necessitava, então, combater a cultura medieval. A inspiração para tal quebra de paradigmas e valores do medievo podem ser atribuídos há eruditos que muito antes do século XV, já vinham esforçando-se para modificar e renovar o padrão de estudos ministrados tradicionalmente nas Universidades medievais. Os chamados humanistas, termo que em pouco tempo passou a designar indivíduos que realizavam críticas a cultura tradicional, foram de fundamental importância para o desenvolvimento do pensamento renascentista.
Sempre que se pensa nesse movimento cultural, vem a nossa mente os grandes artistas plásticos e suas obras famosas, amplamente reproduzidas e difundidas nos nossos dias, como “A Monalisa” e a Última Ceia de Leonardo da Vinci, O “Davi” e a “Pietà” de Michelangelo. Contudo, é importante salientar que apesar das Artes Plásticas serem grandes representantes do Renascimento não foram elas as únicas, nem as mais importantes expressões artísticas do período.  A Literatura, por sua vez, tem um papel crucial dentro da cultura renascentista. Em um cenário de mudança de paradigmas e de quebra de valores tradicionais, os poetas humanistas e renascentistas serviram de base teórica para mentalidade do homem moderno, menos preocupado com os desígnios celestes e mais ocupado com as causas terrenas, centrado mais em si e menos em Deus, ou seja, seus valores mais individualistas caminham para o antropocentrismo que ficou tão evidente nas artes plásticas.
Um dos principais representantes da literatura renascentista foi Dante Alighieri (1265-1321). Este florentino aos nove anos se apaixona por Beatriz, que seria a musa de suas obras. Em 1277, por ordem da família, casa-se com Gemma Donati. Nem ela, nem seus quatro filhos foram citados por Dante em todos os seus escritos. A sua obra-prima, inicialmente denominada "Comédia" e mais tarde qualificada pelo poeta Boccaccio, de "Divina", pelo assunto e pela arte com que fora apresentada.
Segundo Nicolau Sevcenko, apesar de ambígua, a Divina Comédia, seria o marco mais significativo da criação da literatura moderna.  A obra é um longo épico composto de 100 cantos e organizado em tercetos (grupos de três versos cada) decassílabos. A história narrara à aventura do próprio escritor que estando perdido em uma floresta é resgatado pelo poeta romano Virgílio. Este o guia pelo reino dos mortos. Dante em sua trajetória passa pelo purgatório, inferno e céu, onde reencontra sua amada Beatriz.  Assim a obra é carregada de um forte conteúdo simbólico e místico.
Dizemos que é um marco ambíguo, porque assim como as imagens de Giotto, a literatura de Dante guarda intocadas inúmeras características da mentalidade e da expressão medieval. (SEVCENKO, p.35, 1984)
Escolhemos a Divina Comédia como referencial literário para as nossas próximas aulas na escola Oswaldo Lima filho. A escolha foi feita em virtude do inestimável valor histórico e literário que a obra abarca. Vale salientar, que a ideia de inferno que possuímos na atualidade tem em muito sua inspiração nesta obra. O inferno de Dante é largamente representado em obras literárias e cinematográficas nos dias atuais, basta lembrarmo-nos do livro Inferno do escritor Dan Brown (2013), que serviu como inspiração para o longa dirigido por Ron Howard , de mesmo título, estrelado por Tom Hanks (2016). Nas próximas páginas deixaremos mais evidente a relevância de trabalhar com literatura na escola e com as concepções de purgatório, céu e inferno com alunos do Ensino Fundamental.
Estudantes puderam ter um novo olhar sobre as questões ligadas ao Renascimento.

            O percorrer do século XX colocou em xeque a perspectiva histórica empreendida pelos positivistas que defendia a neutralidade científica, a marcha linear do progresso e a ciência como única resposta possível aos problemas humanos. Durante o período entre guerras e o Pós-Segunda Guerra Mundial, novos campos de conhecimento são explorados e começam a dialogar com o conhecimento histórico, ampliando os sujeitos e objetos de estudos, diversificando as abordagens teóricas e abrindo espaço para que outras vertentes históricas pudessem construir narrativas, a exemplo da História Cultural e da Social. A interdisciplinaridade, marca da 1º Geração da Escola dos Annales, também foi uma forma de garantir aos conteúdos históricos novas ferramentas para interação, a Filosofia, a Sociologia, a Literatura, a Arqueologia, e a Geografia, fazem parte das ciências que em conjunto com a História auxiliam a construção de novos conhecimentos.
         Enquanto que no século XIX e início do XX os escritos sobre a História eram expressos como verdade absoluta quase que dogmática, por conta a suposta neutralidade do historiador, e as fontes documentais pouco interpretadas, a partir da Segunda Metade do Século XX ocorre uma mudança de paradigmas, o teor cientificista e mecanicista da História é aos poucos substituído pela incorporação de novos estudos, como as particularidades da vida cotidiana e dos costumes, a História local, entre outros compõe a construção de novas perspectivas para a História.
Neste contexto, a construção da relação entre os conteúdos do Ensino de História e a Literatura se torna mais pertinente, se por um lado a Literatura oferecia novas formas de compor a narrativa histórica, a História construiria a contextualização da obra literária, sendo importante entender os aspectos políticos, econômicos, sociais e culturais do autor e da sociedade na qual ele é inserido.
O diálogo da História e da Literatura, portanto se expressa na construção de uma época partindo da visão do autor e também a partir das interpretações e perguntas feitas pelo historiador/professor sobre o tempo histórico em que o autor está situado, suas intenções e influências presentes na escrita, as visões de mundo e de sociedade, a própria construção do discurso, que são sempre relacionadas ao contexto sócio-histórico do escritor.
Dessa forma, ao trabalharmos em sala de aula a obra do poeta e escritor Dante Alighieri, A Divina Comédia, nós enquanto professores tentamos levantar essas questões sobre o autor e o período no qual ele viveu, a Itália em fins do medievo, demonstrando o período de rupturas e permanências entre a Idade Média e a  Moderna, a construção do Homem como um ser social, suas relações com o divino e o profano, haja vista que a obra de Dante foi de suma importância para edificar ao longo dos séculos a visão de Inferno, Céu e Purgatório presente na cosmo visão cristã, que é compartilhada pela quase totalidade de nossos alunos. Portanto, demarcaremos que historicamente conceitos que aparentemente só têm um cunho religioso, bíblico, mas que na verdade foram construídos em um período que ainda em muito influencia nossa realidade.
  Ao trabalharmos com uma figura basilar da história da literatura ocidental, Dante Alighieri, temos em mente o papel da sua obra-prima como formadora das concepções visuais e fantásticas do inferno, purgatório e céu, contudo, antes de lidarmos com a obra e sua importância de discutir com alunos do Ensino Fundamental sobre ela, se faz necessário pensar como A Comédia se tornou esse parâmetro de elementos tão importantes para a religião cristã ocidental. Nós, da escola Oswaldo Lima Filho, ao decidirmos aplicar uma sequência didática com nossos estudantes sobre a construção literária e visual do inferno, purgatório e céu a partir da obra renascentista de Dante, tivemos alguns debates e impasses, pois, levando em consideração a faixa etária dos educandos, e a percepção que todos eles, direta ou indiretamente, convivem numa sociedade cristianizada, com todo seu aparato de fé amplamente difundido e culturalmente praticado em festas populares e em expressões do dia a dia, mobilizar este debate incorre em grandes desafios. Por outro lado, entendemos que é justamente ao promovermos esta discussão, articulando História e Literatura, caminharemos para uma compreensão mais rica e crítica de temas que por eles são entendidos como naturais ou dogmáticos.
Dante foi uma figura que se prostrou a escrever uma literatura que não só ia de encontro dos valores morais da Igreja Católica do período medieval, mas também um homem que se encontrava num período de transição político-religiosa dos ideais renascentistas”. Se tratando, estruturalmente falando, de uma obra que passeia entre os modos de escrita literária do medievo, pois foi escrito em versos, e em suas primeiras edições por volta da primeira segunda década do século XIV, foi chamada de uma verdadeira obra “trovadora que subjuga a moral cristã”; desta forma ela foi apelidada por alguns por ser um conjunto de livros que escrevia sobre a Igreja, em versos, mas não a exaltando, como de costume medieval, mas a satirizando e colocando figuras imaculadas da sociedade a partir de tons jocosos e pondo até papas e santos no inferno e purgatório.
O modo como o autor trata dessas figuras é uma liberdade intelectual e literária que só um homem que refletia esses valores renascentistas se daria o direito de assim dispor uma obra em plena Itália do século XIV, e é justamente por isto que a presença destes valores dispostos na trama diz muito do seu tempo, um período de imensas contradições, incertezas. As razões pelas quais homens e mulheres iriam parar no inferno, purgatório e céu condiz muito com a forma de opressão e expressão de uma sociedade medieval e todos os seus preceitos, valores morais e a presença dos dogmas católicos. Por outro lado, a presença de figuras “clássicas” romanas e gregas, revela uma característica marcante do Renascimento em uma história sumariamente cristã.
Outro tema que abordaremos em nossas aulas é sobre a concepção ideológica e artística da morte; sendo um acontecimento que a maioria das grande civilizações prestou traços característicos de sua cultura para expressá-la, ou seja, é um “fenômeno” que é discutido no decorrer da história e um elo expressivo de cada sociedade, pois cada uma se manifesta de uma forma diferente. Sabendo que a construção da Divina Comédia se passa no inferno, purgatório e céu, decidimos propor uma reflexão sobre como era apresentada a morte no fim da Idade Média e no início da Moderna, pois sendo a Igreja Católica a estância de poder político, religiosa e econômica desse período, a concepção do que era compreendido como o “além” era fruto das demandas do clero e papado. Discutir sobre um evento tão banal e tão marcante na vida de nossos alunos no seio da História nos fornece não apenas vê-los como pessoas aptas a aprender algo, mas capazes de refletirem sobre processos que talvez eles nunca tenham se questionado sobre e como a ciência histórica é uma ferramenta rica na compreensão de tais processos culturais. Trataremos a morte por dois aspectos centrais: a arte e a ideologia cristã da morte em cristo para Igreja Católica no medievo. O uso da arte ocorrerá quando propormos a eles representações de artistas da época ou que expressaram sobre como se compreendia a morte naquela sociedade, através de quadros e vitrais; já quanto a parte ideológica e “imaginaria” da morte, de como eles compreendem a morte hoje com o avanço dos neopentecostais e entre os católicos e proporemos esse paralelo com período renascentista. Escolhemos elucidar com eles sobre esse tema porque ao trabalharmos sobre uma obra onde determinados tipos de pecados levam a específicas partes do inferno, conversar sobre a construção sócio histórica de tal acontecimento é de extrema importância.
Dado estes embates entre as concepções sociais de valores renascentistas e medievais, selecionamos esta obra como ponto de partida para outros debates que serão levantados em nossa sequência didática. Seguindo nosso tema central do PIBID História, a Arte e a História, além de trabalharmos sobre o teor literário e a importância desse livro na sociedade ocidental cristã, abordaremos também sobre a parte visual que gira em torno da obra. Já que a obra se passa, basicamente, por um passeio de Dante por todo o inferno, purgatório e céu, faz parte da nossa ideia mostrar como foram representados artisticamente no decorrer da história esses espaços descritos por Dante, assim, haverá momentos de debates das obras que expressam o que foi descrito por Dante em sua obra, seja em quadros, afrescos, painéis, vitrais e estátuas.
Debateremos, portanto, o que os alunos compreendem por inferno, purgatório e céu, e mobilizaremos as permanências e rupturas destas concepções, que, como afirmamos, são marcadas historicamente.

Bibliografia
SEVCENKO, Nicolau. O Renascimento. São Paulo: Atual; Campinas: Unicamp, 1984.
BRITO, Emanuel França de. – As faces da Gula no Inferno da Divina Comédia. Curitiba, 2005.
ANDRADE, Solange Ramos de.; COSTA, Daniel Lula – O Inferno de Dante e a simbologia do Sétimo Círculo. Revista Mirabilia, Maringá (PR). 2011.
ANDRADE, Solange Ramos de.; COSTA, Daniel Lula – O Inferno de Dante e a simbologia do Sétimo Círculo. Revista Mirabilia, Maringá (PR). 2011.
COULANGES, Fustel de. A cidade antiga: estudo sobre  culto, o direito e as instituições da Grécia e da Roma, São Paulo, Editora Revista dos tribunais, 2011.
SCHMITT, Jean-Claude. Os vivos e os mortos na sociedade medieval; tradução Maria Lucia Machado - São Paulo: Companhia das Letras, 1999.

SCHMITT, Jean-Claude. Os vivos e os mortos na sociedade medieval; tradução Maria Lucia Machado - São Paulo: Companhia das Letras, 1999.

Escola Oswaldo Lima Filho na Era de Ouro da pirataria nos séculos XVI ao XVIII

Com o intuito de agregar algo novo ao conteúdo corrente da escola em que participamos do PIBID, escolhemos o tema Pirataria para trabalhar com os sétimos anos, que vinham estudando a Idade Moderna. A Pirataria é um tema recorrente nos dias de hoje, com o qual os alunos têm contato seja em filmes, desenhos ou animes, que lhe atribuem uma roupagem glamourosa.
Assim, tomando como base o conhecimento dos alunos sobre a expansão marítima e o tráfego pelo Atlântico, abordamos uma faceta pouco estudada na escola mas que contribuiu significativamente para transformar a Holanda e a Inglaterra e grandes potências, pois foi a ação de piratas financiados por eles que praticaram os roubos dos navios de metais preciosos vindos da América e que ajudaram a financiar transformações nessas nações.

Bolsista Rayssa Nascimento junto aos estudantes no decorrer da atividade.

Como objetivo para as primeiras aulas, pretendíamos abordar a pirataria como um fruto desse fluxo de riquezas, que teve seu auge nessa época e que era um crime, apesar de ser  financiada por algumas nações, de acordo com seus interesses particulares, mas que, ao serem atendidos e esses serviços não serem mais necessários, foi combatida seriamente. Um outro tópico que intencionamos para essas aulas era mostrar as diferenças entre os tipos de piratas, suas motivações e como agiam, já pensando em relacionar com as segundas aulas que mencionaremos mais adiante.
Escolhemos para cumprir com esses objetivos, motivados pela oficina de teatro, montar uma aula que expusesse o assunto de forma mais dinâmica, assim, transformamos nosso conteúdo em um roteiro, onde cada professor assumiria um papel e por meio desse diálogo de professores/personagens, abordaríamos os conteúdos e interagiríamos com os alunos de forma a diminuir a pressão, diferente das aulas tradicionais as quais estão habituados, criando um ambiente diferenciado que induziria a curiosidade. Para isso, usamos também de recursos visuais além da caracterização dos professores, no caso um mapa do Atlântico, região em que se desenrolaram os acontecimentos trabalhados em aula. A disposição das cadeiras foi pensada de modo que os alunos sentassem em volta do mapa para que pudessem observá-lo mais de perto e a aula foi dada ao redor desse círculo a fim de quebrar ainda mais a distância dos estudantes com o que vinha sendo trabalhado, a sala de aula era um palco.
Estudantes se divertiram e aprenderam durante a execução do que fora proposto.

Continuando com a nossa sequência didática, procuramos trazer o conteúdo para os dias de hoje e relacioná-lo com o que universo dos alunos, assim trabalhamos a pirataria na Cultura Pop, usando de personagens que os alunos conhecem, de coisas que eles consomem e comparamos a forma com que o tema é tratado e como de fato era a vida em alto-mar. Procuramos também relacionar a pirataria moderna com a pirataria atual, trazendo exemplos como o da Somália e comparando as circunstâncias e motivações em que ambas ocorreram, com o intuito de mostrar que a prática, mesmo que similar, se transforma em diferentes contextos, assim como ressaltar que não é algo que terminou e ficou no passado, mas que ainda se apresenta com novas particularidades.
A elaboração dessas aulas foi pensada de forma a causar proximidade e identificação com o aluno por meio de imagens dos filmes, desenhos e animes que eles costumam consumir e atribuir mais um significado a elas, ou seja, não é só um personagem, há uma história por trás do que ele representa e de como ele é apresentado, desse modo temos como intenção criar uma oportunidade de aprendizado consistente, utilizando da aproximação do aluno com o objeto trabalhado.

Bibliografia:
BURNS, Edward McNall. História da civilização ocidental: do homem das cavernas às naves espaciais. 3. ed. São Paulo: Globo, v.2, 1993.
FALCON, Francisco. Mercantilismo e transição. São Paulo: Brasiliense, 1989.
HOBSBAWM, Eric J. Bandidos. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1976.
NOVAIS, Fernando A. Portugal e Brasil na crise do antigo sistema colonial (1777-1808). São Paulo: HUCITEC, 1986.

VASCONCELOS, Cláudia Pereira. O Teatro como Linguagem e Fonte no Ensino de História. Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH • São Paulo, julho 2011.

quinta-feira, 22 de junho de 2017

Aula sobre “O culto afro como forma de resistência religiosa” na EREM Martins Júnior

      Nos dias 22,24 e 25 de maio de 2017, nosso programa executou aulas nas turmas dos segundos anos da EREM Martins Júnior intitulado: "História do Candomblé- O culto afro como forma de resistência religiosa", o planejamento pedagógico trouxe aproximações com o tempo presente, resgate histórico distinguindo a origem e história dos ancestrais africanos que vieram na diáspora e  tinha como intuito sensibilizar para a questão da tolerância e do respeito à diversidade das religiões, levando aos estudantes conhecimentos para a sala de aula e contribuições para perpetuação dos valores civilizatórios de tradição africana. A aula contou com o uso do lúdico para a reconstrução dos conceitos, ou seja, o uso de jogos para o ensino de História. A aula contou com a exibição de um trecho do filme "O pagador de Promessas", conduzida pelos nossos bolsistas, esta motivação inicial introduziu os estudantes na proposta da aula, em seguida, houve a explicação dialogada do conteúdo com os estudantes, tal discussão deu-se de maneira bastante afetiva, visto que os estudantes colocaram as impressões que possuíam acerca do assunto.  Após, a discussão sobre o tema inicial, realizamos um jogo intitulado trilha- afro com imagens referente a temática, sendo empregados recursos diversos para maior compreensão dos estudantes, entre eles data-show, vídeos que traziam aspectos do cotidiano no que diz respeito a intolerância religiosa e reportagens a respeito do dia da África, tendo em vista que a aplicação do plano foi na semana que faz menção ao continente africano. 


             Exposição do trecho do filme “O Pagador de Promessas: Zé do Burro é impedido de                                                                    cumprir sua promessa”.

    



Em seguida foram apresentados aos estudantes, figuras de destaque no filme, como por exemplo o próprio pagador de promessas, o padre, a cruz, a mãe de santo e a multidão, para ser debatidos entre os grupos.


    


Contou também, com a explanação dialogada do conteúdo sobre a questão do Sincretismo Religioso



Executação do jogo "Trilha Afro", onde foram abordados conceitos como, a história do Candomblé, formação da religião, danças, cantos, ritos e divindades.


                           

                           

                            

                            

                             

                            

                           
                           







EREM Martins Júnior: Visita à Sinagoga Kahal Zur Israel


No dia 17 de maio o Pibid da EREM Martins Júnior na Torre realizou uma aula campo com os estudantes dos segundos anos da escola, a partir do eixo temático desenvolvido ao longo do bimestre com ênfase na  "Diversidade Religiosa", os estudantes puderam conhecer a primeira Sinagoga Oficial das Américas, localizada na antiga Rua dos Judeus, hoje Rua do Bom Jesus. Os estudantes tiveram a chance de circular por painéis com dados e imagens que cobrem de 1500 até o período Holandês em Pernambuco, evidenciado também a perseguição que foi feita aos judeus. Outro aspecto que chamou bastante atenção dos estudantes, foi a exposição indicada no primeiro andar da casa, que aborda a vida dos que fugiram da Europa no século XX e fundaram a Companhia de Teatro Idiche no Recife. Há também a reconstituição de como seria piso, teto e mobília de uma sinagoga na Amsterdã do século XVII. No espaço, havia um guia que orientava e recepcionava os estudantes por todo o espaço destinado. Sendo assim, os estudantes se sentiram bastante a vontade a interagirem a todo momento e a partir disso, conseguiram sanar as dúvidas que tinham acerca do assunto e assimilaram algumas curiosidades que só quem tem oportunidade de ir ao espaço consegue adquirir. 

Fachada da Sinagoga Kahal Zur Israel

Painéis sobre o período que os Holandeses ocuparam Pernambuco

Estudantes dos segundos anos da escola EREM Martins Júnior 

Objetos da exposição indicada no primeiro andar da casa 










segunda-feira, 19 de junho de 2017

Pibid da EREM Martins Júnior apresenta trabalho em Seminário na UFPE

No I Seminário Integrado do Mestrado Profissional em História da UFPE com os Pibid's da UFPE e da UFPE, o projeto desenvolvido pela equipe da EREM Martins Júnior no primeiro bimestre deste ano de 2017, intitulado "Urbanização no Recife Holandês" refletiu sobre os impactos do processo de urbanização no passado e no tempo presente, tendo como norte a administração nassoviana e trabalhando elementos da história do bairro da Torre, sendo executado um planejamento de aulas nas turmas dos segundos anos da escola e contou com utilização de música e literatura na sala de aula. A exposição oral foi baseada na justificativa, no planejamento, na execução das atividades e na exposição dos resultados obtidos.  A apresentação deste trabalho redeu muitas aprendizagens para a equipe, sobretudo a troca de experiências com os professores da rede estadual do mestrado profissional em História da UFPE. 

Equipe do Pibid da EREM Martins Júnior com a coordenadora do Pibid de História da UFPE
(Mariana Nascimento, Luis Felipe Durval, Adriana Maria Paulo (coordenadora), Rosely Bezerra e Lucas Melo)
 Trabalho apresentado pelos bolsistas Rosely Bezerra e Luis Felipe Durval

Slides com fotos da aula e dos resultados obtidos

domingo, 18 de junho de 2017

EREM Martins Júnior: Visita ao Museu do Homem do Nordeste

No dia 08 de junho o Pibid da EREM Martins Júnior na Torre realizou uma aula campo com os estudantes dos segundos anos da escola, a partir da temática desenvolvida pela equipe - "Religiosidade Afro-Brasileira", os estudantes puderam conhecer a parte da cultura material dos povos de matriz africana, além de discutirem outros temas relacionados como a escravização negra no Brasil, a resistência escrava e a monocultura canavieira. O trabalho se deu primeiramente numa visita prévia realizada pelos bolsistas para verificar as áreas de atuação que a visita dos estudantes deveria contemplar, além contar com orientação dos monitores do museu sobre como se dá a recepção de escolas públicas. O contato dos estudantes com o museu foi bastante proveitosos, a maioria não o conhecia, como a vista foi mediada por monitores eles interagiram a todo instante, a cada sala os alunos primeiramente olhavam as peças e depois contavam com as explicações dos profissionais do museu. 

Visita prévia dos bolsistas ao Museu do Homem do Nordeste

 Algumas orientações do monitor do museu sobre os acervos

Estudantes do segundo ano são orientados por monitores do museu e pelos bolsistas do Pibid nas acomodações do Museu do Homem do Nordeste