terça-feira, 28 de novembro de 2017

Intervenção Lúdica no Ensino de História

Resumo Expandido enviado pelas bolsistas Bruna Correia e Rayssa Nascimento, da Equipe Oswaldo Lima Filho, para o 1º Seminário estadual do PIBID e PIBID diversidade do estado de Pernambuco – Recife, 16 e 17 de Novembro.

A PIRATARIA DO SÉCULO XVII: INTERVENÇÃO LÚDICA NO ENSINO DE HISTÓRIA PARA O FUNDAMENTAL II

Bruna Santana Alencar Correia
bruna.sacorreia@hotmail.com
Rayssa Karynne Silva do Nascimento
rayssakarynnesilva@gmail.com
Roberto Moura 
PIBID História UFPE – Escola Oswaldo Lima Filho

RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo analisar a proposta de ensino elaborada e realizada pelos bolsistas do PIBID de História da UFPE para os alunos de 7º ano do Ensino Fundamental II na escola Oswaldo Lima Filho, cujo tema central foi a Pirataria. Tendo como ponto de partida o recorte da temática no século XVII, complementando a abordagem da Idade Moderna, procurou-se apresentar o assunto de forma interativa com o intuito de propiciar um ambiente em que os alunos seriam os protagonistas de sua aprendizagem. Desse modo, o presente artigo possui o propósito de, a partir da vivência, apontar para a importância de aulas lúdicas como meio de conceber novas formas de planejamento do ensino de história. 

Palavras-chaves: Pirataria, Intervenção Lúdica, Ensino de História.

INTRODUÇÃO: O PIBID possui como intuito não apenas criar um vínculo entre graduandos e a experiência docente, como também procura agregar experiências valorosas para as escolas e seus estudantes. A partir desse propósito os bolsistas integrados na escola Oswaldo Lima Filho, em comum acordo com a coordenadora geral do projeto, Adriana Maria Paulo da Silva , decidiram trabalhar o tema Pirataria, uma vez que este se insere na temática de Idade Moderna que vinha sendo estudada com os alunos como parte do planejamento anual para os anos finais do Fundamental.
Por ser um assunto pouco mencionado em livros didáticos e, consequentemente, nas aulas de História, o aspecto de “surpresa” se sobressai visto que os alunos poderiam fazer associações diversas a partir de suas concepções sobre o tema através da cultura midiática. O acesso desses estudantes ao material se dá nas mais diversas formas: filme, cartoons, livros de ficção. Logo, compreende-se que “o professor deve organizar suas atividades para que sejam significativas para o aluno” , interpretando o lúdico como um recurso pedagógico que seja agregador na experiência planejada tal como aconteceu durante a aplicação deste projeto.
A partir do propósito de tornar o momento aula uma “aventura”, os bolsistas utilizaram de diversos recursos, dentre os quais: a narrativa; a encenação; a utilização de materiais que compusessem um cenário; a interação feita com os estudantes tanto por meio da interação aluno-professor, como pela participação ativa dos mesmos através da resolução de enigmas propostos no decorrer de sua execução; a escolha de uma avaliação que estimulasse a comunicação dos estudantes com seu grupo-classe e a utilização de suas singularidades, como a imaginação e a escrita.

OBJETIVOS: Apontar para a estratégia didática utilizada pela equipe e ressaltar a importância de trazer diferentes recursos e referências da atualidade para as aulas de História, de modo a proporcionar um aprendizado envolvente para os alunos.

REFERENCIAL TEÓRICO: Foram usadas como alicerce teórico e metodológico sugestões cedidas por nossa coordenadora do PIBID; nossas experiências obtidas em sala de aula e essencialmente pela análise de especialista no Ensino de História, Pedagogia e Artes Cênicas. Escritores como Bittencourt (2008), Burke (1992), Desgranges (2011), Fonseca (2011), Pinto (2010) Tavares (2010) tais autores foram empregados para a construção da comunicação entre os três campos citados.

PERÍODO DE REALIZAÇÃO: O planejamento se iniciou em maio de 2017, como projeto do segundo bimestre do PIBID de História da UFPE, e foi executado em junho do mesmo ano nas turmas do 7º ano da escola Oswaldo Lima Filho.

METODOLOGIA: Nossa temática de trabalho com os educandos da Escola Municipal Oswaldo Lima Filho foi sugerida pela coordenadora do PIBID Adriana Maria Paulo da Silva. A partir da sugestão dada, começamos o levantamento bibliográfico e estratégico para aulas a cerca do tema sugerido. Logo chegamos à conclusão que queríamos fugir de aulas com o viés apenas expositivo, visando encontrar modos de construir conteúdos que não fossem maçantes e pouco atraentes aos educandos. Escolhemos usar elementos teatrais, a exemplo de cenografia e roteirização do conteúdo histórico de piratas.
Tendo como publico alvo o 7º ano do Fundamental II, articulamos a ambientação da sala de aula com alguns elementos que estão diretamente ligados a pirataria no imaginário dos educandos de forma que fosse possível fazer referências claras ao tema: caveiras e mapas antigos, por exemplo. Cabe ressaltar, ainda, que os bolsistas também estavam caracterizados com elementos inspirados por agentes históricos da época e que compusessem os personagens que havíamos criado para aula, como o corsário, a pirata e a bucaneira. Por fim, pedimos que os estudantes construíssem uma história a partir desses personagens e do conteúdo abordado.

RESULTADOS: Os alunos se mostraram receptivos com as estratégias utilizadas e o entusiasmo pôde ser observado tanto pelas suas reações como pelo visível interesse, demonstrando o benefício que pequenas modificações no ambiente comum podem trazer consequências positivas enormes. O cuidado com o roteiro de dramatização, especialmente a importância de se transmitir o conteúdo sobre pirataria através do diálogo teatral, também trouxe ótimas consequências que foram percebidas através da análise da avaliação proposta, visto que a grande maioria dos alunos conseguiu criar sua própria história a partir das figuras do pirata, da bucaneira e do corsário.

CONSIDERAÇÕES FINAIS: O trabalho em questão se torna pertinente por expor resultados positivos na construção de projetos com a utilização de recursos lúdicos para o ensino de História, tendo como o foco os anos finais do Ensino Fundamental da Rede Pública de escolas. Para além das experiências adquiridas pelos bolsistas do PIBID, Sua importância pode ser observada no fato de permitir que os estudantes estabeleçam uma ponte entre o que absorvem diariamente e os temas históricos.

BIBLIOGRAFIA
BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. O Saber Histórico na Sala de Aula. 11. Ed. São Paulo: Contexto, 2008.
BURKE, Peter. A escrita da história: Novas perspectivas. São Paulo: UNESP, 1992.
DESGRANGES, Flávio. A pedagogia do teatro: provocação e dialogismo. 3. Ed. São Paulo: Hucitec; Mandacaru, 2011.
FONSECA, Selva Guimarães. Didática e Prática de Ensino de História: experiências, reflexões e aprendizados. 12. Ed. Campinas, SP: Papirus, 2011.
PINTO, Cibele Lemes e TAVARES, Helenice Maria. O lúdico na aprendizagem: Aprender e aprender Rev. Da Católica, Uberlândia, v.2, n.3, p.226-235, 2010.

Erros e Possibilidades Didáticas no Ensino de História

Resumo Expandido enviado pelos bolsistas Philipe Paulino e Rayssa Nascimento, da Equipe Oswaldo Lima Filho, para o 1º Seminário estadual do PIBID e PIBID diversidade do estado de Pernambuco – Recife, 16 e 17 de Novembro.

ERROS E POSSIBILIDADES DIDÁTICAS NO ENSINO DE HISTÓRIA PARA TURMAS DO FUNDAMENTAL II.

Philipe Silva de Lima Paulino
Rayssa Karynne Silva do Nascimento
Roberto José Soares de Moura 
paulinophilipe@live.com
rayssakarynnesilva@gmail.com
betobessone@gmail.com
PIBID História UFPE – Escola Oswaldo Lima Filho

REUSMO: A proposta desse trabalho é analisar erros de planejamento e execução de uma sequência didática executada pelo PIBID História da UFPE na Escola Oswaldo Lima Filho sobre período renascentista e a obra de Dante de Alighieri. O referencial literário apresentado aos estudantes foi a obra A Divina Comédia. Dentre os problemas encontrados na execução das aulas elencamos: escolha do tema; longa duração do projeto e as avaliações. Partindo das reações positivas e negativas, por parte dos estudantes e da percepção que houve más escolhas metodológicas por parte do grupo, esta reflexão visa utilizar análise dos docentes em sala de aula como uma ferramenta para a promoção de melhores práticas docentes no ensino de História para os anos finas do nível Fundamental.

Palavras-chave: Erro docente, Ensino Fundamental, Ensino de História.

INTRODUÇÃO: Muito comum na bibliografia educacional são as discussões sobre os erros dos discentes, via de regra, relacionados aos assuntos da grande área da avaliação da aprendizagem. Neste trabalho, ao invés de nos centrarmos na avaliação dos erros e dos acertos de estudantes, priorizaremos analisar os nossos erros, cometidos ao longo do planejamento e da execução de uma sequência didática. Durante o primeiro semestre de 2017 o PIBID/História objetivou aprofundar a relação entre ensino de história e diferentes linguagens metodológicas, priorizando a utilização didático-pedagógica de linguagens artísticas. Tendo em vista que, o conteúdo programático de história para o 6º ano da Escola Oswaldo Lima Filho a época, era o Renascimento Cultural (Séculos XIV-XVI), propusemos trabalhar com a literatura de Dante, especificamente, com a Divina Comédia. Durante e após a conclusão da execução do planejamento fomos percebendo nossos erros.

OBJETIVOS: Analisar os erros cometidos durante a atuação docente lecionando o “Renascimento cultural” para as turmas dos 6º anos do ensino fundamental  da Escola Oswaldo Lima Filho, no Recife.

REFERENCIAL TEÓRICO: Para o embasamento teórico-metodológico foi (e está) sendo construído tendo por base autores como Alves (2015), Caimi (2007), Davis (1990), Meirieu (1998), Santos (2013) e Saucedo (2013). 

PERÍODO DE REALIZAÇÃO: Os questionamentos e autocríticas sobre essa sequência didática começaram logo após o fim do plano, assim, a duração das reflexões sobre esse trabalho ocorreu entre o fim de abril e outubro de 2017.

METODOLOGIA: Para o embasamento metodológico foi (e está) sendo construído graças às sugestões dadas pela nossa coordenadora do PIBID; pelo decorrer das nossas experiências em sala de aula e principalmente pela leitura de teóricos sobre Ensino de História; reflexão sobre o erro em sala de aula; e sobre planejamento. Nossas fontes foram sumariamente secundárias. A princípio, a equipe conversou para tentar descobrir onde erramos, mas por inexperiência não chegamos a muitas conclusões, pedimos indicação e uma correção à nossa coordenadora geral do PIBID História UFPE, Adriana Maria Paulo da Silva. Logo em seguida, houve a sugestão de fazer essa comunicação sobre erro de planejamento e com isso nos debruçamos nas leituras sobre os temas que serão analisados na comunicação. 

CONSIDERAÇÕES FINAIS: Consideramos ter sido fundamental nosso exercício de autocrítica como docentes ainda em formação, enfrentando nossas expectativas como professores e observando as respostas produzidas por nossos “alunos”. Identificamos que uma das problemáticas ocorreu quando não fora trabalhar a obra de Dante com os estudantes em sala de aula, apenas apresentada a partir das nossas visões e narrativas; outro ponto a ser considera está na extensão observada nos planos, ao todo foram executados 300 minutos sobre a temática e isso ao final foi considerado um grande erro de percurso por não saber melhor trabalhar o tempo com um tema e uma obra tão vastos. Por fim, os usos dos métodos avaliativos que não alcançaram o desejado visto à dificuldade e complexidade da temática abordada em sala de aula. 

BIBLIOGRAFIA
ALVES, Alan Nickerson. A influência pedagógica para o ensino religioso na formação cidadã. Diversidade Religiosa, v. 1, n. 2, 2015.
CAINELLI, Marlene. O que se ensina e o que se aprende em História. História: ensino fundamental/Coordenação Margarida Maria Dias de Oliveira. - Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2010. p. 17-34. 
CAIMI, Flávia Eloisa. Meu lugar na história: de onde eu vejo o mundo? História: ensino fundamental/Coordenação Margarida Maria Dias de Oliveira. - Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2010. p. 59-82.
DAVIS, Cláudia. O papel e a função do erro na avaliação escolar. R. bras. Est. pedag. Brasília, 72 (1711:196-206, maio/ago. 1990
JUNIOR, Décio Gatti. Demandas sociais, formação de cidadão e ensino de História. História: ensino fundamental/Coordenação Margarida Maria Dias de Oliveira. - Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2010. p. 105-130.
MEIRIEU, Philippe. Aprender...sim, mas como/ Philippe Meirieu; trad. Vanise Dresch – 7. ed. – Porto Alegre: Artes Médicas, 2007. p. 105-123. 
SAUCEDO, Kellys Regina Regis. Docência do ensino religioso: ciência e religião na formação dos professores. Rev. Eletrônica Pesquiseduca, Santos, v. 05, n. 10, p.244-261 jul.-dez. 2013.


O Samba de Enredo e o Ensino de História

Resumo Expandido enviado pelos bolsistas Talysson Verçosa e Hélder Freitas, da Equipe Oswaldo Lima Filho, para o 1º Seminário estadual do PIBID e PIBID diversidade do estado de Pernambuco – Recife, 16 e 17 de Novembro.

O SAMBA DE ENREDO E O ENSINO DE HISTÓRIA - REPRESENTAÇÕES FEMININAS NAS CORTES AFRICANAS DA ANTIGUIDADE

Hélder Douglas Ferreira Freitas
Roberto José Moura
Talysson Caíque Santos Verçosa
helder.1689.doug@gmail.com
betobessone@gmail.com
vercosat@gmail.com
PIBID História UFPE – Escola Oswaldo Lima Filho 

RESUMO: Este trabalho discute a execução de uma sequência didática de história antiga para uma turma de 6º ano do ensino II, no segundo bimestre de 2017, cujos objetos de ensino foram os reinos africanos (Cuxe, Meroé, Axum e Egito). Tendo em vista a necessidade de incluir positivamente as temáticas de gênero nos conteúdos escolares, bem como a nossa convicção de que é possível promover, alegre e significativamente, as aprendizagens em história, mobilizamos como recurso didático o samba enredo do Grêmio Recreativo Escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro de 2007: "Candaces". Promovemos, além disso, uma aproximação dos estudantes com a estética e a musicalidade africana, afro-brasileira e negra.

Palavras-Chave: África; Candaces; Samba de enredo.

INTRODUÇÃO: A sala de aula está em constante transformação para tornar os processos de ensino-aprendizagem mais dinâmicos e significativos para a realidade dos estudantes. A incorporação da linguagem musical ao ensino de História, por exemplo, em um país rico em cultura como o Brasil, reclama uma percepção mais consciente da canção popular como recurso didático que sugere uma prática ativa, criativa e integradora. Ora, se a concepção de História como processo reclama uma concepção dinâmica, a prática em sala também. Nesse sentido, o samba se mostra como ótimo recurso no trabalho de conteúdos programáticos como História da África. 
Para as turmas de 6º ano do ensino fundamental, a temática africana surge em dois momentos: a sociedade egípcia e os impérios de Cuxe e Meroé. Visando levar os alunos a uma visita positiva à África, escolhemos estudar alguns de seus reinos e impérios através da história de algumas figuras femininas. Ousamos nos aproximar de uma parte da história do continente africano através de um diálogo entre a historiografia e a proposta do samba-enredo escolhido (importante produto cultural da sociedade brasileira) sobre as possibilidades do "ser mulher" na antiguidade. O samba de enredo da Escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro, Candaces, à vista do exposto, permitiu esse exercício através de uma contextualização histórica de rainhas-mães, mulheres guerreiras e governantes de impérios no berço da humanidade.

OBJETIVOS: Analisar a execução das aulas sobre a representatividade da figura feminina na realeza africana, identificando a questão das “funções” das mulheres na antiguidade, a partir da leitura e interpretação do samba de enredo “Candaces”. 

REFERENCIAL TEÓRICO: Dialogamos com textos referentes à relação entre música e ensino de história (DAVID, 2006) representado pelo samba do Salgueiro (2007), a coleção da UNESCO sobre História Geral da África, procuramos uma abordagem de um método didático necessário para fazer o aluno ler criticamente a prática social na qual vive (WACHOWICZ, 1995), e, por fim, o livro “África na sala de aula” da autora Leila Hernandez (2005). Nesse sentido, reafirmamos aqui o nosso dever, como professores, com a Lei 10.639/03, que torna obrigatório o ensino de História da África e Afro-brasileira, medida significativa para se pensar um ensino de história que leve à reflexão crítica desse continente repleto de história, cultura e ressignificações.

PERÍODO DE REALIZAÇÃO: O planejamento das aulas ocorreu entre os dias 24 de julho e 4 de agosto de 2017, para posterior execução entre, 7 e 10 de agosto de 2017. 

METODOLOGIA: O plano de aula sobre Candaces foi planejado para 100 minutos. Procuramos embasamento em autores que trabalhavam a história da África e o ensino, e, posteriormente, discutimos sobre a inserção do samba como recurso didático alternativo. Em seguida, mobilizamos ferramentas para reprodução de vídeo e slides.
Durante a execução da aula, primeiramente concedemos espaço aos estudantes para que pudessem apresentar suas concepções de realeza e, logo após, discutimos sobre as diferentes concepções do tema em diferentes tempos e sociedades, contextualizando, dessa forma, os impérios africanos geográfica e historicamente. Depois, dedicamos o segundo momento da aula à reprodução do samba enredo do Salgueiro com a apresentação da letra para que eles pudessem acompanhar e questionar palavras desconhecidas. A partir daí, com base na música, discutimos interativamente não somente sobre as Candaces, as rainhas-mães, como também outras rainhas ressignificadas na cultura pop da mídia. Usamos, por exemplo, a figura da Cleópatra tanto na visão cinematográfica quanto no videoclipe da cantora Katy Perry, mostrando, posteriormente, como seria sua real fisionomia em imagens.

RESULTADOS: Recursos audiovisuais costumam atrair a atenção dos alunos mais do que aulas puramente expositivas e dessa vez não foi diferente: houve interesse, questionamentos e interação. Todavia, percebemos a rejeição de alguns alunos à musicalidade presente no samba através de comentários (“Isso é macumba”) e gestos zombeteiros. De forma semelhante, ao compararmos a figura cinematográfica da Cleópatra branca, com a figura histórica negra, a concepção de beleza dos alunos se mostrou eurocêntrica, exigindo uma posterior intervenção didática, sobre as concepções de beleza, autoestima/autorreflexão; além de noções relacionadas à negritude e à positivação do fenótipo africano.

CONSIDERAÇÕES FINAIS: Como fonte de pesquisa, a música permite a integração da forma e conteúdo como força de expressão e comunicação. O presente trabalho demonstrou como esse recurso didático permitiu o levantamento de questões de gênero, representações de poder, concepções de beleza, negritude e influência da indústria audiovisual nos discursos, imagens contemporânease na autoimagem dos estudantes. Ressaltamos, dessa forma, a importância do uso de novas metodologias que permitam que professor e aluno vejam de forma crítica tanto a história vivenciada em outros tempos e espaços, quanto suas práticas sociais atuais.

REFERÊNCIAS
DAVID, Célia M.. Música e ensino de História. In: Malatian, Teresa; David, Célia M.. Pedagogia Cidadã: Cadernos de Formação. Franca: UNESP, 2006.
HERNANDEZ, Leila Leite. A África na Sala de Aula: Visita à história contemporânea. Selo Negro, 2005.
LECLANT, J. O Império de Kush: Napata e Meroé; HAKEM, A.M.ALI, A civilização de Napata e Meroé In.: História Geral da África II, África antiga. Editado por GarnalMokhtar. Brasília: UNESCO, 2010.
WACHOWICZ, Lilian Anna. O método dialético na didática. Campinas: Papirus, 1995.

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

"Ancestralidade e Resistência" na Semana da Consciência Negra da EREM Trajano de Mendonça

                               

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Nesta última terça-feira (21 de novembro), a Equipe da EREM Trajano de Mendonça do PIBID-HISTÓRIA-UFPE fez uma intervenção na Semana da Consciência Negra, organizada pela própria Escola. Durante os cinco dias de atividades, houve espaços de declamação de poesia, apresentação de peças teatrais - construídas e encenadas pelos próprios alunos(as) - e apresentações musicais. 

A intervenção proposta pelo PIBID teve como eixo temático "Ancestralidade e Resistência". O objetivo do trabalho era o debate em torno da memória, o protagonismo de negros e negras em suas mais diversas ocupações e espaços de luta, proporcionando, assim, um espaço para se pensar em referenciais negros(as) no passado e no presente.

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Intervenção "Ancestralidade e Resistência" - 2º Ano A

Duas semanas antes da data citada anteriormente, elaboramos um questionário com 6 perguntas (por exemplo: Quem é você? Qual sua identidade racial? Você consegue apontar alguns traços culturais, comportamentais ou físico que herdou de, ao menos, duas pessoas de sua família? Você já sofreu racismo ou presenciou um ato racista? Como você se sentiu?).

A ficha de perguntas, além de fazer uma avaliação inicial dos nossos alunos(as) dos 2º anos A e B, serviu também como uma motivação inicial: no papel, um tópico solicitava que eles(as) levassem, no dia da atividade, um objeto simbólico (algo que tivesse uma história significativa para eles, ou que lembrasse de alguém, etc). A intenção do grupo era promover, através do eixo pessoal e familiar, no primeiro momento, discussões sobre a memória e a relação com a família, ou com pessoas que representassem ou fossem inspiração para eles.


Segundo Maria Deíse Cardoso (UESPI) e Lucélia  Almeida (UESPI), no artigo "Verso e Conversa: Elos de Memória na Poesia de Solano Trindade", "Os primeiros laços da memória coletiva são criados dentro da família, que é o primeiro grupo, independentemente de sua configuração, (...) que revelam o lado social a qual o ser humano sempre fará parte.". 

Perguntamos quais as dificuldades deles em torno do questionário e, em ambas as salas, uma quantidade significativa afirmou que ainda não conseguem definir sua identidade racial ou se diz "pardo" porque terceiros legitimam ou deslegitimam quando eles se autodeclaram negros(as). 

Através da "Caixa das Memórias", o debate em torno dos objetos e das histórias contadas por eles sobre suas vidas, viabilizando também a reflexão sobre a importância da memória e como ela pode estar relacionada à construção da identidade. Dessa forma, trazendo do plano individual para o coletivo, introduzimos sobre a temática negra.

Questionamos os alunos e alunas se eles achavam que os negros e negras criaram uma memória e qual memória eles tinham desses agentes sociais. Entre respostas de "escravidão", "resistência", "luta", muitos deles(as) apontaram como o passado histórico desse grupo era importante para também lutar nos dias de hoje, pontuando diversas situações de racismo que presenciaram ou passaram. 

Com isso, introduzimos a questão da "Ancestralidade", usando como referência a Profª Drª Isabel Guillen, no artigo "Ancestralidade e oralidade nos movimentos negros de Pernambuco", onde a pesquisadora aponta sobre como personagens históricos do passado (ancestrais) tem grande força na atualidade, de forma que estes dão "ânimo à luta" e tornam-se referências para as dificuldades do cotidiano. Ou seja, as pessoas ancestrais estão relacionadas a pessoas a se espelhar, pessoas que são referência para combater o racismo.

Sendo assim, levamos uma série de personagens da História que resistiram e são pessoas, ainda que muitas não conhecidas por eles, tiveram uma contribuição muito importante na luta pelas direitos civis dos negros e negras, na luta contra a opressão e contra a diferença racial. Nomes como Ângela Davis (Panteras Negras), Zumbi dos Palmares (Líder Quilombola), Solano Trindade (Poeta Pernambucano), Martin Luther King (Líder Político), Dona Santa (Grande nome do Maracatu Pernambucano), entre outros grandes nomes da História.  

Um vídeo (disponibilizado pela página do Facebook "Quebrando o Tabu") de um discurso de Martin Luther King, com imagens da atualidade, foi utilizado em sala de aula, para inspirá-los.






Em seguida, propomos a reflexão: "Porque falamos dos negros de maneira tão distante? Qual a nossa dificuldade em nos reconhecermos parte desse grupo, de nos autodeclararmos negros?". A partir desse momento, debatemos o "Mito da Democracia Racial no Brasil" e dentro das próprias falas dos alunos(as) isso era colocado como ponto de uma crise de identidade racial e o questionamento: somos uma miscigenação, mas, porque ainda existe racismo no Brasil?

Levamos, então, inúmeras pessoas que estão resistindo atualmente no Brasil, com seus discursos, posicionamentos ou, simplesmente, por ocupar cargos onde, até então, eram invisibilizados(as), como Lázaro Ramos (Ator), Taís Araújo (Atriz), Liniker (Cantora trans), Djamila Ribeiro (Filosofa), Elza Soares (Cantora), Rafaela Silva (Judoca - Medalha Olímpica no Rio 2016), entre outros(as).

Nossa avaliação foi uma atividade chamada "Árvore da Negritude", fazendo referência à árvore genealógica com a temática negra. Nesta árvore, os alunos(as) deveriam desenhá-la e escrever o nome de pessoas negras que são referência para elas e apontar uma característica dessa pessoa que fosse inspiradora ou que a motivasse de alguma forma, podendo ser desde pessoas da família, até mesmo professores(as), colegas de sala ou grandes nomes famosos da História. 

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                                      Realização da atividade "Árvore da Negritude" - 2º A


"Árvore da Negritude" - 2º ano B


"Árvore da Negritude" - 2º Ano B


Se, a consciência está relacionada com a expansão da mente, que a Consciência Negra seja para recontarmos a História, repensarmos em nossos privilégios, "enegrecermos" e lutarmos por uma realidade diferente, mais justa. Como disse Martin Luther King: "que de cada encosta, a liberdade ressoe."

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARDOSO, Maria Daíse de Oliveira. ALMEIDA, Lucélia de Souza. Verso e Conversa: elos de memória na poesia de Solano Trindade. Encontro de História Oral. 2014 (Disponível em: http://www.encontro2014.historiaoral.org.br/resources/anais/8/1398876228_ARQUIVO_Versoeconversapublicar.pdf)
GUILLEN, Isabel Cristina Martins. "Ancestralidade e oralidade nos movimentos negros de Pernambuco". 2013. XXVII Simpósio Nacional de História.
(Disponível em: http://www.snh2013.anpuh.org/resources/anais/27/1364666404_ARQUIVO_Ancestralidadeeoralidadeanpuh.pdf)



segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Plano de Aula: Índia de contrastes – Uma aula sobre religião e sociedade indianas.


Equipe: Oswaldo Lima Filho
Integrantes: Bruna Alencar, Helder Freitas, Philipe Paulino, Rayssa Nascimento e Talysson Verçosa.
Turmas: 1º Ano do Ensino Médio
Título: Índia de contrastes – Uma aula sobre religião e sociedade indianas.
Tema da aula: A sociedade de castas Indianas, a Religião Hindu e as relações de desigualdade existentes na Índia e no Brasil.
Tempo: 100 minutos.


Objetivos:

Relacionar a situação dos dalits com a religião indiana;
Solidarizar-se com a exclusão/desigualdade social e de gênero indiana;
Identificar práticas de exclusão/desigualdade na sociedade brasileira atual.

Conteúdo: 

Hinduísmo;
A questão social e de gênero na Índia.

Metodologia:

1) Questionar os alunos sobre seus conhecimentos ou compreensões sobre a Índia, através de perguntas relacionadas aos meios de comunicação, os recursos audiovisuais (TV, internet, Youtube, Novelas, Filmes e Séries), e livros; – 10 minutos
2) Breve presentação geográfica da Índia, demonstrando como essa região vive desde épocas antigas no centro de grandes sociedades como a chinesa, a persa, a mongol, e grandes impérios, romano e inglês; - 5 minutos
3) Abordar a religião Hindú de forma a relacionar os escritos sagrados, Vedas, à pirâmide casteísta presente na Índia; - 10 minutos
4) Aliar títulos de reportagens sobre a Índia, encontrados em sites de notícias famosos (Veja, BBC, G1), com as referências bibliográficas para ilustrar a realidade social dos dalits e das mulheres indianas; - 20 minutos
5) Contrastar as práticas de exclusão social na Índia e no Brasil, de forma que os alunos percebam que tais práticas, exclusivas e patriarcais, são um fenômeno global e não parte de uma cultura indiana. – 20 minutos

Avaliação:

Identifique e disserte sobre os grupos excluídos da sociedade brasileira. É possível fazer um paralelo entre a divisão de castas, na Índia, e a divisão de classes, no Brasil? Quem seriam os “dalits” brasileiros? Justifique. – 25 minutos

Eventualidades: 

10 minutos.

Referências Bibliográficas:

COSTA, Florência. Os indianos.  Coleção Povos & Civilizações. São Paulo: Editora Contexto, 2012.
HOFBAUER, Andreas. Racismo na Índia? Cor, raça e casta em contexto. Rev. Bras. Ciênc. Polít. 2015, n.16, pp.153-191. Disponível em: < http://dx.doi.org/10.1590/0103-335220151607>.
KRISHNAN, Kavita. Cultura do estupro e machismo na Índia em globalização. SUR: Revista Internacional de Direitos Humanos, São Paulo, v. 12, n. 22, p. 263-267, dez. 2015. Disponível em: < http://sur.conectas.org/>.
SAFFIOTI, Heleieth I.B. A Mulher brasileira na sociedade de Classes: mito e realidade. Petrópolis, RJ: Vozes, 1976.

terça-feira, 14 de novembro de 2017

Equipe EREM Porto Digital desenvolve jogo de tabuleiro sobre os mongóis

Quando você pensa em uma sala de aula, o que vem à sua mente? Um quadro de giz, cadeiras e mesas, lápis de cor, papel, tesoura, notas e livros?  E os jogos e brincadeiras? Muitas pessoas costumam relegá-los ao horário do intervalo, já que brincar é uma atividade considerada apenas como uma forma de diversão. Também por este motivo, jogos são frequentemente ignorados pelas instituições escolares e educadores.  Contudo, com as novas questões propostas à educação do século XXI, este cenário tende a mudar. Isto porque, cada vez mais, professores e escolas percebem a importância do aspecto lúdico para o desenvolvimento emocional e cognitivo da criança. Partindo da oficina sobre jogos que reuniu todos os professores supervisores e bolsistas do PIBID de História da UFPE, ministrada pelo professor Lucas Silva da UFRPE, e compreendo a importância do lúdico na aprendizagem, a equipe do Porto Digital desenvolveu o Dinamimica, um jogo de tabuleiro com a finalidade de potencializar os conhecimentos sobre a Mongólia. 


Alunos do 1° ano B se divertem ao mesmo tempo que aprendem.

O Dinamimica consiste num jogo de tabuleiro similar ao já popular "Imagem e Ação". A finalidade do jogo é que os alunos se dividam em grupos, no máximo de 5 (cinco), e que a partir do tipo de carta retirada. "Ação", "Objeto" ou "Mix" possa fazer uma mimica relacionada à Mongólia para que os amigos possam adivinhar. Aplicado nas turmas do 1° ano A e B, a atividade foi um sucesso. Conforme depoimento de alguns alunos, a importância da atividade residiu na aproximação de um conteúdo distante da realidade vista hoje no Ensino Médio (a Mongólia) e uma atividade que eles já vivenciam em outros momentos (o ato da mimica). Sendo o professor responsável da instituição de ensino, o professor José Alexandre da Silva, junto aos bolsistas, elaboraram a confecção do material: tabuleiro em banner, ampulheta em madeira e as cartas. A equipe de bolsistas (Felipe Fernandes, Márjorie Maria, Jeani Gomes, Larissa Carvalho e Mariana Nogueira) observou que a sociedade possui uma grande diversidade de formas e meios de comunicação, e para se destacar, é importante que o indivíduo tenha a competência da leitura e da compreensão de diferentes linguagens. Expressões corporais e verbais são bem consideradas em nosso convívio social. Contudo, nas atividades escolares, é comum que as crianças se concentrem somente no aprendizado sobre a leitura e a escrita. 
Um dos maiores desafios do dia a dia do professor é transformar a aprendizagem numa tarefa lúdica, especialmente entre os jovens. Para isso, não é preciso apenas muita criatividade e jogo de cintura para lidar com a carga energética dos alunos, mas também instrumentos que atendam as necessidades pedagógicas dos alunos e atraiam o interesse deles. Jogos e brincadeiras são perfeitos para isso. 
Dinamimica atraiu a atenção dos alunos recém-ingressos no Porto Digital.

Além de serem muito divertidos, estes jogos auxiliam no aprendizado, fornecendo diretrizes sobre o respeito às regras, estratégia e controle o tempo, proporcionando ao jovem o desafio de superar a si mesma e de trabalhar em equipe. Como instrumento de aprendizagem, os jogos ajudam no desenvolvimento do aluno sob as perspectivas criativa, afetiva, histórica, social e cultural. Jogando, o jovem inventa, descobre, desenvolve habilidades e experimenta novos pontos de vista. Tanto as potencialidades quanto as afetividades do aluno são harmonizadas no desenvolvimento das habilidades sociais e cognitivas.