terça-feira, 31 de março de 2015

Em direção ao resgate da memória: o bairro de Jardim São Paulo
                     A história se faz com documentos escritos, quando existem. Mas ela pode e deve ser feita com toda a engenhosidade do historiador... Com palavras e sinais. Paisagens e telhas. Formas de campos e ervas daninhas. Eclipses lunares e cordas de atrelagem. Análises de pedras pelos geólogos e de espadas de metal pelos químicos. Combates pela História (1953), Lucien Febvre.

É certo que há muito a ciência Histórica deixou de ser simples colecionadora de fatos e passou ao entendimento de que seus trabalhos estão direcionados a um esforço de compreensão das ações humanas do passado. Elege uma questão e busca respostas dentre uma imensidão de fragmentos soltos, esparsos, associando obras que já trataram da problemática em tela e um leque documental. O historiador seleciona, analisa e reconstrói histórias, recheando de sentido os fatos que elegeu para esclarecer sua proposta.
Por isso, tomados por uma vontade de investigar historicamente e contribuir para uma melhor compreensão do bairro de Jardim São Paulo, e a fim de tornarmos nossas pesquisas uma fonte futura para outras investigações, caminhamos por partes do passado deste lugar. Com a concepção “mater” de que aqueles que se lançam na “aventura monótona” do trabalho de produção histórica, por entre os jogos de quebra-cabeças incompletos que são os documentos e entre vários meandros – muitas vezes confusos – e intermináveis da história, o fazem com a fome de respostas para problemáticas atuais, instigados por questões levantadas por seu próprio tempo.
Assim, até o momento no Bairro de Jardim São Paulo, em Recife/ PE – onde trabalhamos no projeto PIBID – observamos a ausência de material bibliográfico abundante.  Pesquisando na internet; buscando em acervos públicos, como por exemplo, a Fundação Joaquim Nabuco, doravante Fundaj; indo na biblioteca do Metrorec, situada ao lado da estação Werneck, vimos alguns materiais bibliográficos e fizemos uma leitura rápida de um, que foi colocado pelo funcionário da instituição, como sendo o mais importante. Na Primeira leitura feita deste material, foi notado ser um relatório de impacto urbanístico do projeto de construção do metrô – e pode ser relevante para nossa abordagem. Um texto, onde foi abordada a história do bairro de Jardim São Paulo, consta de autoria de Carlos Bezerra Cavalcanti e denomina-se “Recife e seus Bairros”, mas trata da localidade com apenas um paragrafo, onde diz proceder de um engenho do mesmo nome.
Essa pesquisa bibliográfica, pouco proveitosa até o momento, fez nosso grupo pensar numa outra possibilidade de pesquisa. Desta maneira surgiu a ideia de trabalharmos, prioritariamente, a história do bairro de Jardim São Paulo, a partir das memórias dos moradores mais antigos, através do uso de relatos orais, por ser o meio mais viável para o recolhimento de dados sobre esse bairro. Haja vista a inexistência de fontes escritas que nos ajudem na compreensão da formação desse bairro, consequentemente da sua história. Para isso, o professor Paulo Alexandre (supervisor) teve fundamental importância, pois indicou nomes de fundadores do bairro, como o vereador Maguari, entre outros personagens, que serão de suma importância para a nossa pesquisa.

Não há como negar que para nós Pibidianos, que estamos estudando o bairro de Jardim São Paulo, tem sido um desafio e tanto compreendê-lo.  Sendo um dos motivos, a escassez de fontes escritas que nos apontem respostas, mas, simultaneamente tem sido um prazer e uma oportunidade imensa analisarmos e produzirmos com base em relatos orais tão importantes e essenciais para a nossa pesquisa sobre a história desse bairro, bem como a identidade dos seus moradores. Para isso, como diz Lucien Febvre (1953), a engenhosidade do historiador tem sido o elemento primordial.
Resenha de artigo sobre a cidade de Paulista.
LOPES, José Sérgio Leite; ALVIM, Rosilene. Uma memória social operária forte diante de possibilidades difíceis de patrimonialização industrial. 2003.
Disponível em:

No presente artigo, José Sérgio Leite Lopes e Rosilene Alvim trazem aos seus leitores muitas discussões e abordagens de extrema relevância não somente para a história de Paulista em si, mas principalmente no que tocam as relações entre patrão e operários nas fábricas da antiga CTP (Companhia de Tecidos Paulista). A partir daí, os autores utilizam um novo marco temporal e temático antes não visto nos estudos sobre a cidade, levando-se em consideração que estas pesquisas históricas anteriores estavam bem mais associadas ao processo de formação histórica e colonial das áreas pesquisadas.
Ainda assim, é interessante notar que o artigo em questão é produto de certa comparação entre a pesquisa feita por eles mesmos, em Paulista, anteriormente – nas décadas de 1970 e 1980, voltada para a fábrica e seu cotidiano – e a que foi realizada/retomada em 2003, relacionando a História local às tradições e memórias operárias. Neste sentido, são três os objetivos, os alicerces do texto: resgatar a memória dos indivíduos que saíram do campo para trabalhar na CTP em busca de melhores condições de vida, documenta-la para que não haja o esquecimento e perpassa-la aos habitantes que não tiveram contato com a história local. Logo, as histórias vividas por esses indivíduos perpassam e também contribuem para a história da fábrica desde o seu início, passando pelo seu desenvolvimento e culminado na sua derrocada (nos anos 90 do século XX).
Nessa perspectiva e a partir da abordagem empreendida, a pesquisa pode ser direcionada para inúmeros temas que, por conseguinte, se relacionam com diversos ramos do conhecimento – como política, relações de poder e gênero, mudança na composição social de Paulista, êxodo rural, transbordamento geográfico, desmobilização das vilas operárias, participação da Juventude Operária Católica (JOC) dentro da fábrica, dinamização sindical etc. – perfazendo vários campos que convergem na História e na Antropologia do trabalho e dos próprios trabalhadores. Ou seja, é uma forma de acessar e documentar o cotidiano emblemático e, por vezes, conflituoso dos grupos que se desenvolveram na região fabril, o crescimento dessas antigas vilas operárias e sua desarticulação com a fábrica.
Nesta perspectiva, os autores tiveram acesso a fontes anteriormente não utilizadas ou pouco analisadas em seus trabalhos. Exemplos disto é o uso da História Oral, do Jornal do Commercio do Recife; de entrevistas com antigos operários e sindicalistas que detinham fotos ou outras documentações da época; dos arquivos da FUNDARPE; dos documentos presentes no sindicato dos tecelões e na Prefeitura, além dos escritos privados. A metodologia usada, então, engloba toda uma comparação de dados e fotos presentes na pesquisa, sendo de relevância para o atual trabalho no PIBID porque nos possibilita adentrar nas questões sociais e trabalhistas do período e também lança luz a questionamentos presentes em nossas discussões.
O artigo foca, principalmente, nas transformações que sofreram a população e a cidade de Paulista, entre as décadas de 1970 e 2000. Isto se deveu, sobretudo, porque inicialmente a cidade estava muito voltada para o entorno da fábrica e das práticas coronelistas estabelecidas no auge da CTP (1930 – 1950). Posteriormente, com as crises econômicas desencadeadas pela competição com as empresas do sudeste do país, a companhia sobrevive até os anos de 1990. Com o seu fechamento, a cidade então passou a ter um caráter mais mobiliário, sendo designada pelos autores como uma cidade-dormitório porque as pessoas dali tinham de trabalhar em cidades vizinhas, e não mais na fábrica. E foram justamente essas transformações que começaram a despertar o interesse pelo resgate da memória local, já que a cidade foi crescendo com a chegada de novos habitantes e o nascimento de uma geração, que não possuem qualquer ideia referente à história de sua cidade. Outro interessante método usado no texto é a importância dada aos questionamentos da ordem política local, iniciando o leitor em uma espécie de “viagem interpretativa” que engloba desde as dinâmicas estadual e nacional até o universo contextual, histórico mais global.
Sendo assim, o presente trabalho auxilia em uma nova forma de pensar a cidade de Paulista, além de trazer questionamentos que podem ser feitos às documentações anteriormente não analisadas, abordando debates em torno dos ex-operários, seus descendentes, a fábrica e o patrimônio ali presente. Um dos pontos mais importantes na análise desse texto é perceber que as experiências do historiador, dos antigos trabalhadores e dos alunos devem estar interligadas nos estudos que envolvem a cidade, sendo fundamental para os mesmos a compreensão de que podem atuar como testemunhas e agentes da história, sistematizando e colaborando na divulgação da História local. Em linhas gerais, para que se entenda a História do bairro, a pesquisa histórica baseada em fontes orais e documentais, como, por exemplo, a memória, se apresenta como mecanismo de importância imensurável, contemplando a inclusão dos personagens antes esquecidos.                                                                



Resenha de artigos - Bairro da Torre


Para entender os motivos e os agentes que ocuparam os atuais bairros do Recife, é necessário perceber a complexidade dos acontecimentos passados séculos atrás. O artigo de Thatiana Lima Vasconcelos e Lucilene Antunes Correia Marques de Sá, “A Cartografia, Histórica da Região Metropolitana do Recife”, nos mostra, por meio da cartografia, como os eventos históricos se refletiram em transformações no espaço físico.

Tomando como ponto de partida o Período Holandês (1630-1654), o Recife passa diversas transformações em seu espaço físico (aterramento de mangues, construção de pontes, drenagem de camboas) e, com todas essas melhorias em sua infraestrutura, Recife torna-se, de fato, a capital de Pernambuco. Mesmo após a expulsão dos holandeses, o progresso do Recife não parou, e o mesmo foi elevado à condição de vila. A cidade começa a crescer do centro para o interior; os engenhos destas áreas foram aos poucos sendo divididos em sítios e lotes, dando origem a alguns bairros, como Madalena, Torre, Derby, Beberibe, Apipucos e Várzea.

Finalmente, em 1827, Recife tornou-se capital. Dentre os fatores que contribuíram para o crescimento da cidade, podemos destacar: 1) a abertura dos portos às nações amigas; 2) a abolição da escravatura no final do século XIX, que gerou um grande movimento migratório dos ex-escravos para a cidade do Recife em busca de melhores condições (dando origem aos mocambos); 3) o processo de industrialização; 4) desarticulação dos antigos sistemas de produção rural.

Thatiana e Lucilene elucidam que, até mesmo pequenos de terra, foram prejudicados por essa desarticulação, forçando-os a esticar e inchar a crescente malha urbana do Recife; baseando-se na obra de Ângela Maranhão Barreto, O Recife Através dos Tempos: Formação da sua Paisagem (1994), as autoras dirigem-nos para o local de migração dessa população: a concentração urbana, então, direciona-se para as margens do rio Capibaribe, localizando-se no Derby, Torre e bairros do entorno.

A partir de 1951, a cidade do Recife inicia um processo de conurbação com algumas cidades vizinhas. Utilizando os mapas do Atlas Histórico Cartográfico do Recife, de José Luís da Mota Menezes (1988), as autores expõem o crescimento do centro da cidade de forma tentacular através da consolidação de importantes elementos de penetração no continente, como a Avenida Caxangá, o rio Capibaribe, o projeto da estrada férrea de Jaboatão e a estrada do Sul.



Já do ponto de vista da História Ambiental, o artigo “A Calamidade do Século: diálogos ambientais e orais sobre a Cheia de 1975” escrito por Frederico Neto, morador do Cardoso, comunidade localizada no bairro da Torre, trata dum período anterior e posterior à Cheia de 1975, utilizando o clima como acompanhante dos fatos históricos acontecidos na época. O autor utiliza como fontes para a pesquisa jornais impressos (Diario de Pernambuco e Jornal do Commércio) e fontes orais, neste caso, entrevistas com Laderié Silva Oliveira, a Dona Naná, e Adalcina Feliciana da Costa, conhecida como Dona Dadá, moradoras do Cardoso desde 1944 e 1957, respectivamente, a quem ele apresenta como sobreviventes da Cheia na Comunidade.
O Cardoso é uma comunidade de 183 hectares localizada entre a Avenida Caxangá e a Igreja da Torre. A ocupação do lugar deu-se por conta da Fábrica de Estopa, na Avenida Caxangá. O proprietário cedia aos funcionários um lote no terreno da fábrica. Por meio do relato da memória de Dona Naná, o autor detalha como era a vida das pessoas que moravam naquele lugar. As casas eram de taipa, as ruas alagavam com a chuva e muitas pessoas criavam animais e vendiam no Mercado da Madalena, para tirarem o próprio sustento.
De acordo com os relatos de Dona Dadá, o Cardoso tem esse nome porque um homem chamado assim era quem cobrava o aluguel do terreno da fábrica. Como o local não tinha nome, foi sendo conhecido assim pelos moradores e moradoras. Intercalando os relatos dos veículos de comunicação de massa locais e trechos das entrevistas com as duas fontes, o autor faz uma análise factual e de memória, produzindo um efeito de mistura entre relatos oficiais e não oficiais levantando questões e preenchendo lacunas. Além disso, também são feitas comparações com períodos históricos longícuos utilizado um documento do século XVIII que relata uma enchente em Tamandaré e Itamaracá, no litoral do estado, que também causou impacto na economia e sociedade colonial. O autor concluí o artigo escrevendo sobre as fontes utilizadas: “Os relatos orais foram de grande importância para perceber o quanto foi o sofrimento e a fidedignidade do depoimento é importante para dar peso ao que se fala. Nada melhor do que falar de eventos que já se sucederam por quem viveram eles.”


Referências: VASCONCELOS, Thatiana Lima. A Cartografia Histórica da Região Metropolitana do Recife. Paraty: Anais do I Simpósio Brasileiro de Cartografia Histórica, 2011.



NETO, Frederico. A Calamidade do Século: diálogos ambientais e orais sobre a Cheia de 1975. Recife, 2014.

segunda-feira, 30 de março de 2015

Análise do artigo: "Comunidade do Pilar e a revitalização do bairro do Recife - Possibilidades de inclusão socioespacial dos moradores ou gentrificação"

A Requalificação Urbanística do Pilar

Neste artigo, os autores trazem para discussão os projetos anteriores de revitalização do Bairro do Recife, sob o argumento de que não se pode discutir a revitalização do Pilar deixando de lado os diversos projetos que tinham por finalidade a melhor organização do bairro. Para isso, é apresentado, inicialmente, o Plano de Revitalização do Bairro do Recife, documento concluído em 1993, desenvolvido tendo por objetivo a revitalização das áreas consideradas com grande potencial de turismo, animação e lazer.
            Nesta perspectiva, o bairro foi dividido em três setores: Setor de Intervenção Controlada: (Pólos Alfândega/Madre de Deus, Bom Jesus e Arrecifes), esse definido pelo valor cultural e patrimonial em seu conjunto, onde deveria haver recuperação na estrutura e dinamização das atividades; o Setor de Setor de Consolidação (Polo Capibaribe), local de instituições públicas que se organizariam em torno da melhora dos espaços de convívios; e finalmente o Setor de Renovação Urbana (Polo Pilar), reconhecido como: “aquele que oferece disponibilidade de transformação do seu ambiente urbano, através da criação de uma nova situação tanto no que se refere a usos quanto ao padrão de ocupação e construção” (Zanchet et all, 1998, apud NERY, 2008, 21).
A partir disso, foram definidas as diretrizes das intervenções de cada polo. No que toca ao setor de renovação a caracterização foi definida da seguinte forma:

[...] a área está praticamente destruída e ocupada por uma favela, deverá ser reconstruída segundo um plano de ocupação que será elaborado pela prefeitura, imediatamente após a aprovação da lei de uso e ocupação do solo específica para o bairro, este mesmo plano deverá fornecer solução para a relocação das construções da favela (Zanchet et all, 1998, apud NERY, 2008, 22).

O projeto de intervenção do Pilar era composto por um Centro Múltiplo, sendo esse uma estrutura de serviços, comércio e lazer, visando à melhoria das atividades comerciais a partir da recuperação física da “Favela do Rato”, hoje denominada de Comunidade do Pilar.
Porém, apesar de todos esses projetos o que se observou foi que os dois primeiros polos receberam a grande maioria das ações propostas e conseguiram sair do status de “degradação”, no dizer dos autores. Já no que toca a comunidade do Pilar isso não aconteceu, segundo os autores. Com efeito, o Polo foi o único que não recebeu qualquer tipo de intervenção, não tendo, portanto, até agora se tornado um Polo como os casos acima citados. Pode-se observar, ainda, que seu estado de “degradação” agravou-se, diferentemente do que ocorreu, como lembramos acima, com áreas dos outros polos: Bom Jesus e Alfândega, por exemplo. Até mesmo a Igreja Nossa Senhora do Pilar, tombada pelo patrimônio histórico e artístico em âmbito federal, permanece abandonada, em estado muito precário de manutenção.
Nesse ponto, a área do Pilar sofre com o novo modelo de organização socioespacial que notadamente se liga as concentrações de rendas e legitima as desigualdades sociais. Acaba que esse tipo de desigualdade também concentra as populações carentes em torno de locais como a comunidade do Pilar. Essa comunidade por seu turno teve um aumento substancial no quantitativo de pessoas. Um acréscimo de 500% segundo a Prefeitura do Recife (NERY, 2008, p. 24).
Outros projetos foram suscitados ao longo desses anos tendo como objetivo a revitalização urbanística do Pilar. Em 2002 a Prefeitura do Recife anunciou uma série de investimentos na área, resultado de um acordo entre a instância municipal e federal. O acordo consistia na troca de terrenos entre a PCR, o governo do Estado e o Porto do Recife. Baseava-se na troca do terreno em que se situava a comunidade por outras áreas específicas. Este plano é denominado de Programa de Requalificação Urbanística e Inclusão Social da Comunidade do Pilar, além das ações mencionadas propunha a construção de um centro comercial para suprir a necessidades dos habitantes daquela localidade. O projeto não foi implantado e nenhuma das ações foi efetivada na prática. Em 2007 foi anunciada uma série de medidas no bairro do Pilar através do Plano de implementação do Complexo Turístico Cultural Recife Olinda.
Desse modo, podemos ver como em 20 anos desde a tentativa de implementação dos primeiros projetos de melhoria da comunidade do Pilar nenhum deles saiu das instâncias burocráticas. O que se considera uma perda substancial do potencial turístico do bairro e uma falta de políticas públicas destinadas à comunidade.

O Lugar Pilar

 A comunidade do Pilar foi criada a partir de uma área inicialmente demolida para ampliação o porto. Após as obras empreendidas pela PORTOBRÁS, no decorre da década de 70, várias pessoas de baixa renda se instalaram no local, hoje com mais de 450 famílias. Em sua grande maioria, trabalhando nos bairros do Recife, Santo Antônio e São José, estes moradores vivem em situações precárias, apresentando um dos piores IDH do município, segundo o IBGE (NERY, 2008, p. 27).
No decorrer do artigo, os autores informam a estrutura da comunidade do Pilar, com uma escola pública municipal, posto de saúde, bares e lanchonetes. Alguns moradores que trabalham no comércio tem a possibilidade de montar seus pontos comerciais de forma padronizada, devido a um programa de desenvolvimento econômico feito pela prefeitura. Entretanto, os autores questionam quanto à efetiva inserção dessa comunidade na vida cultural, social e econômica do Bairro do Recife. Até o momento, as medidas voltadas à comunidade não são, de modo algum, suficientes para a concretização efetiva do desenvolvimento sócio espacial, funcionam apenas como atenuadoras das questões sociais.
Os autores destacam ainda o risco dos moradores serem expulsos dessa região, bem como uma desconfiança nos projetos apresentados pela prefeitura que dificilmente saem do papel. Assim, a inserção da comunidade com a dinâmica do bairro do Recife se torna um dos maiores problemas levantados pelos moradores, trazendo outros pontos, como o esquecimento por melhorias dessa comunidade, uma comunidade “apagada” do mapa do Recife.

Nesta perspectiva de inclusão sócioespacial ou gentrificação, os autores destacam a importância da participação da comunidade nos programas de revitalização do bairro. É importante salientar a necessidade do desenvolvimento de propostas que visem a inclusão social e econômica dos moradores. Nesta perspectiva, o projeto de revalorização do bairro proporcionaria, para a comunidade, melhores condições de vida e o verdadeiro direito à cidade.

Referências

NERY, N. S. ; CASTILHO, C. J. M. Comunidade do Pilar e a revitalização do bairro do recife: possibilidades de inclusão socioespacial dos moradores ou gentrificação. 2008.

domingo, 29 de março de 2015

Análise da obra "Pina: povo, cultura, memória" de Oswaldo Pereira de Silva


ANÁLISE DA OBRA
                O livro aborda a história do bairro do Pina, desde o início da ocupação da área até as transformações atuais do bairro.
                O autor atribui o nome do bairro a André Gomes Pina, que realizava comércio de açúcar com a Europa e morava no local que veio a ser conhecido como "Ilha do Pina". Ainda segundo o autor, ele "se beneficiava do serviço de negros foragidos, que atravessavam a Bacia do Pina para se embrenhar nos manguezais e viver da pesca. A formação de uma comunidade de negros pescadores, vivendo em relativa liberdade naquelas ilhas, justificava-se pelo isolamento do local e a necessidade de mão-de-obra para os serviços de exportação (SILVA, 2008, p. 17).  O autor explícita, ainda, que os próprios moradores desta localidade faziam o aterro da área, se utilizando de lama.
Na vida cultural do bairro, destacam-se os terreiros. Eles serviam como forma de resistência frente às perseguições do Estado, com reuniões entre a comunidade do Pina com outros terreiros originais de bairros, no qual a repressão era mais forte. Para não levantar suspeitas, os moradores utilizavam esses aterros como espaços para o ensaio do Maracatu, o que não deixava de ser, mas não era a única atividade exercida e nem a principal.
               A principal questão apresentada pelo autor como um problema vivido pelo bairro é a posse da terra. Em 1979, os moradores se juntaram e organizaram a União de Moradores do Pina, para debater a questão da terra e se fortalecer para reivindicar seus direitos, constantemente atacados pela especulação imobiliária e as medidas higienistas do poder público.
               Na década de 80 foi desenvolvido o “Projeto Pina”, que, com o apoio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), promoveu o início da urbanização do bairro, com a execução de obras de pavimentação de ruas e a construção de escola, creches e algumas casas.
Tal movimento de organização dos moradores se deu na esteira do processo de redemocratização do país, com a "reorganização política da militância de esquerda, egressa da Igreja católica progressista, em torno da posse da terra, do direito à moradia" (SILVA, 2008, p. 55).
Em 1987, foi promulgada no Recife a lei municipal n° 14.947, que instituiu as ZEIS (Zonas Especiais de Interesse Social), um mecanismo jurídico urbanístico que viabilizaria a urbanização e regularização fundiária das áreas ZEIS, com mecanismos aparentemente inibidores da especulação imobiliária, restringindo o remembramento de lotes e proibindo a construção de edifícios acima de três pavimentos, com o claro objetivo de deter o avanço selvagem da especulação (SILVA, 2008, p. 55).
               Nas décadas de 1990 e 2000 as associações comunitárias da cidade perderam força, com a implantação de mecanismos participativos (como a Prefeitura nos Bairros, com Jarbas Vasconcelos e a Secretaria de Orçamento Participativo, com João Paulo) que acabou acarretando a desarticulação das associações de moradores e a auto-iniciativa das pessoas, deixando-as presas à institucionalidade; o crescimento de Boa Viagem e seu avanço em direção ao Pina, trazendo consigo a especulação imobiliária; a construção da Via Mangue e a ligação entre o Pina e Boa Viagem.
              O autor destaca no final do seu livro, uma questão preocupante e que nos chamou bastante atenção, até como um ponto chave para a nossa pesquisa, que seria a probabilidade da Lei de Uso e Ocupação do Solo ser modificada com a redução das áreas de ZEIS.
CITAÇÕES E COMENTÁRIOS REFERENTES AO AUTOR
             Comentário crítico de Heloísa Arcoverde de Morais, uma das idealizadoras do movimento em Defesa do Livro e da Literatura como política de Estado; mestre em Literatura Brasileira pela Universidade Federal da Paraíba, ela escolheu pesquisar as obras dos poetas pernambucanos. Atualmente, presidencia a Gerência de Literatura e Editoração da Fundação de Cultura da Cidade do Recife.
“O pesquisador e arte educador Oswaldo Pereira é um profundo conhecedor das Histórias do Pina, apresentadas neste livro publicado pela Prefeitura do Recife.

Oswaldo tem suas raízes fincadas no belo estuário do Pina e entrelaça o amor pelo bairro onde mora à ativa participação nos movimentos sociais e culturais daquela
comunidade... Segundo Antônio Paulo Rezende in Recife - Histórias
de uma cidade (FCCR):
A cidade e a cidadania podem ser vividas no sentido de que as escolhas busquem assegurar condições para que as definições da história não se limitem às
imposições de uma minoria. O olhar do historiador está comprometido com essa abertura para o infinito, com a certeza de que a história não é um desfilar de nomes e
datas, mas território de invenção e aventura que tem, na cidade, um espaço privilegiado para a fabricação de um cenário onde os personagens não se sintam como
fantoches, mas como produtores do seu próprio texto. Agente de sua própria história, Oswaldo Pereira, em Histórias do Pina, narra, com a precisão de pesquisador,
os percursos desse recanto litorâneo, aberto ao infinito”.

(Heloísa Arcoverde de Morais, Recife, setembro de 2008. Disponível em: http://praiadopina.blogspot.com.br/2010/07/historias-do-pina.html?m=1).

                A referida obra: Pina: povo, cultura, memória, de Oswaldo Pereira da Silva, foi utilizada e citada, diversas vezes, por um dos artigos da revista de Geografia (UFPE): IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS GERADAS PELA VIA MANGUE (RECIFE-PE) E ANÁLISE DAS DESIGUALDADES SOCIOESPACIAIS
(Revista de Geografia (UFPE) V. 31, No. 2, 2014, disponível em: http://www.revista.ufpe.br/revistageografia/index.php/revista/article/viewFile/854/551).


PIBID OSWALDO LIMA FILHO (PINA)
Recife, março de 2015.

quarta-feira, 25 de março de 2015

Cinema, cidade e periferia.


Uma proposta para interessante para provocar o debate sobre a história das cidades, ou mais precisamente de suas favelas e periferias, é usar o cinema como motivador para as discussões a serem feitas com os alunos.

Nesse sentido, indicamos alguns filmes que podem ser vistos pelos alunos e debatidos com os pibidianos. Essas indicações surgiram no debate que hoje fizemos com a equipe da Escola Porto Digital.

Na Quebrada. 2014. Direção de Fernando Grostein Andrade.
"Baseado em fatos reais, o filme segue a trajetória de um grupo de jovens de classe baixa, como Júnior, talentoso no conserto de televisões, Zeca, que testemunhou uma chacina, Joana, garota que sonha com a mãe desconhecida e Gerson, cujo pai está na prisão desde que nasceu. Entre histórias de perdas e violência, eles descobrem uma nova maneira de expressar as suas ideias e as suas emoções: o cinema."



Cinco Vezes Favela. 1962. Direção de Marcos Farias, Miguel Borges, Cacá Diegues, Joaquim Pedro de Andrade e Leon Hirszman.
“Cinco Vezes Favela” é um filme composto de cinco segmentos dirigidos por cinco diretores mostrando problemas sociais nas favelas do Rio de Janeiro em 1962. Este filme é considerado um dos mais importantes do Cinema Novo.
(1) O Favelado
O favelado João está desempregado e não tem dinheiro para pagar o aluguel de seu barraco. Ele tenta pegar dinheiro emprestado com seus amigos, de outro modo ele e sua família serão despejados, mas eles também estão duros. Ele procura o marginal Pernambuco que o convida para roubar um ônibus. Contudo, João é traído por Pernambuco, perseguido pelos pedestres pelas ruas e preso pela polícia.
“O Favelado”é um dos melhores segmentos com uma história de partir o coração. Este segmento pessimista e sem esperança é dirigido por Marcos Farias. O pobre João fica entre a cruz e a espada e sua escolha não resolve a situação de sua família, pelo contrário, deixa ela em uma situação pior que a inicial.
(2) Zé da Cachorra
O grileiro de uma favela expulsa a família de Raimundo, que é recém-chegada na favela. O líder da favela, Zé da Cachorra, protesta e se rebela, mas a família conformista prefere deixar o barraco e a favela.
“Zé da Cachorra” é dirigido por Miguel Borges e mostra a luta de classes onde a classe mais baixa se conforma facilmente, aceitando a situação sem luta.
(3) Couro de Gato
Em uma época quando gatos eram usados para fazer churrasquinho e seu couro para fabricar tamborins e outros instrumentos musicais de escola de samba, três garotos da favela roubam três gatos de seus donos. Dois gatos são recuperados, mas o terceiro é levado pelo garoto para a favela e vendido para um homem.
“Couro de Gato” é dirigido por Joaquim Pedro de Andrade e é o melhor segmento. O dilema do garoto, entre a amizade pelo gato e o dinheiro que ele precisa para sobreviver é espetacular.
(4) Escola de Samba – Alegria de Viver
Um grupo de diretores de uma escola de samba decide eleger um novo presidente. Entretanto, o desfile de carnaval tem uma série de problemas não esperados.
Este confuso segmento é dirigido por Carlos Diegues e é o mais fraco. O problema com o dinheiro arrecadado pela escola de samba e a situação da mulher operária do novo presidente da escola de samba não são claros.
(5) Pedreira de São Diogo
Quando o capataz de um pedreira ordena que sejam usados 500 kg de dinamite para explodir as pedra, um operário alerta secretamente os moradores da favela que moram no topo da pedreira.
“Pedreira de São Diogo” é um segmento dirigido por Leon Hirszman e a unica história que claramente mostra a capacidade das classes baixas de resistirem e mudarem seus destinos juntos.

http://cinemacultura.com/?p=11243

Para uma crítica do filme ver: Artigo da revista Contracampo



Cinco Vezes Favela, agora por nós mesmos. 2010. Dirigido por grupo de jovens cineastas moradores de favelas do Rio de Janeiro e produzido por Carlos Diegues e Renata de Almeida Magalhães. O filme é dividido em cinco episódios, dai vem o titulo do longa-metragem e também fazendo referência ao filme Cinco Vezes Favela (1962). 5x Favela - Agora por Nós Mesmos é o primeiro longa-metragem brasileiro totalmente concebido, escrito e realizado por jovens moradores de favelas (Wikipedia)





Para mais detalhes veja sinopse no Cinepop, ou abaixo.


Em 1962, cinco diretores de classe média alta fizeram, cada qual, um curta mostrando sua visão sobre as favelas cariocas. Eram eles Miguel BorgesCacá DieguesMarcos FariasLeon Hirszman Joaquim Pedro de Andrade. Nomes que entraram para a história do cinema brasileiro, posteriormente.
Exibido na seleção oficial do Festival de Cannes deste ano (só que fora de competição), Cinco Vezes Favela – Agora Por Nós Mesmos não é uma refilmagem do Cinco Vezes Favela do início da década de 60. Inspirado no curtaEscola de Samba Alegria de Viver, segmento que Cacá Diegues dirigiu no longa original, o filme trás agora a visão dos diretores que moraram ou moram em favelas no Rio de Janeiro, todos capacitados através de cursos ministrados por nomes consagrados no cinema nacional, como Walter SallesFernando MeirellesNelson Pereira dos Santos, Ruy GuerraJoão Moreira Salles, dentre outros.
Cacá funcionou como um coordenador do projeto, além de assinar a produção, ao lado de Renata Almeida Magalhães.
Abre parênteses: os dois estiveram presentes (vejam só que ironia) na pré-inauguração das salas Platinum (salas VIP, cujo público-alvo é a elite da capital federal) de um shopping em Brasília. Era um coquetel para a imprensa e convidados “da alta sociedade”, cuja atração principal era... um filme sobre favela! Nada mais exótico.
Pois bem. Naquela ocasião, o produtor disse que a intenção foi fazer um filme leve, sem a visão pessimista de que em favela só existe violência e tráfico; era fazer um filme sobre o cotidiano daquelas comunidades. O comentário só serviu para que o filme caísse no meu conceito, já que em quase todos os segmentos havia criminalidade, violência e outros fatores depreciativos. Uma apresentação contraditória, que eu, pelo menos, fiquei sem entender. Fecha parênteses.
Quanto aos curtas, alguns eram muito bons, outros nem tanto, o que é característico destas compilações de curtas. O primeiro curta, Fonte de Renda, tinha como protagonista um jovem da favela que ganhava uma bolsa na faculdade de direito, onde sofria preconceito indireto, sendo abordado pelos colegas de classe alta, que achavam que, por ele ser da favela, conseguiria drogas facilmente. Um bom curta, com boas atuações e roteiro bem desenvolvido.
No segundo segmento, Arroz com Feijão, duas crianças tentam conseguir dinheiro para comprar um frango, para comemorar o aniversário do pai de uma delas. Assim como o título, trata-se de um curta básico desde a trilha sonora (à Menino Maluquinho), roteiro, direção e atuações. Mais didático e sem graça do que deveria ou poderia.
Concerto para Violino, o terceiro segmento, foi para mim o mais impactante. É o que curta que mais vai de encontro ao discurso de favela-paz-e-amor do Cacá Diegues e mesmo sendo o mais distante do que parecia ser a proposta inicial, foi o que mais me tocou. Tão arrepiante quanto o som do violino. Uma história forte e emocionante, de três amigos que, separados na infância, reencontram-se já adultos, numa situação que explicita os diferentes caminhos que cada um seguiu. Excelente.
Em Deixa Voar, um jovem resolve atravessar a ponte que dá para uma área proibida para quem mora do seu lado, em busca de uma pipa que caiu por lá, na região onde por coincidência mora a garota pela qual ele nutre uma paixão. Atores simpáticos - com destaque para a excelente Vitor Carvalho, no papel do protagonista Flávio - sustentam uma história que poderia ser piegas, mas que dirigida com criatividade e sensibilidade torna-se bem interessante.
O último segmento, Acende a Luz, é o que mais se aproxima do que disse Cacá no início da sessão: é um curta que trás o cotidiano da favela, o que passam seus moradores, aquilo que não é notícia jornalística. Nele, uma comunidade está em polvorosa para que a companhia elétrica coloque para funcionar um dos pontos de luz de lá. É véspera de natal e caberá a um simpático e desavisado funcionário a missão de consertar o tal ponto de luz, antes que anoiteça. É uma espécie de Ó Paí, Ó carioca, cheio de tipos caricatos, mas muito divertido. Encerra de maneira descontraída o longa.
Cacá Diegues demonstra que continua antenado e mantém a lucidez no cinema nacional, frescor que nem todos os cineastas do cinema novo conseguiram conservar. Apesar de não funcionar em alguns momentos, Cinco Vezes Favela – Agora Por Nós Mesmos é uma iniciativa louvável e muito bem-vinda.
Nota:
Crítica por: Fred Burle (Fred Burle no Cinema)





domingo, 22 de março de 2015

Revisão bibliográfica.

Uma das etapas iniciais da pesquisa, a revisão bibliográfica (ou historiográfica) não é uma atividade de menor importância no desenvolvimento de um projeto científico. Ao contrário, é considerada de fundamental importância, por diversos motivos.


Em primeiro lugar, porque ela permite que tomemos conhecimento do "estado da questão", ou seja, o que já foi pesquisado, com que abordagem teórico-metodológica, que documentação foi utilizada. Em outras palavras, o que falta estudar, o que não foi considerado nesses estudos, seja por questões teóricas, seja por falta de documentos. Esse levantamento no permite pensar quais questões abordaremos e qual a relevância (científica, social, política) da pesquisa que pretendemos fazer.


Sem que esta etapa seja bem feita, pode-se prever que haverá mais dificuldades para o pesquisador, que não saberá se situar num campo de conhecimento. Produzir conhecimento é uma relação, um diálogo que se produz num determinado campo. Se não se conhece o que se escreveu sobre determinado tema, com quem vai se estabelecer o diálogo, o debate e a crítica?

Para facilitar a compreensão dos pontos acima vai uma dica: 


Barros, José D´Assunção. A revisão bibliográfica - uma dimensão fundamental para o planejamento da pesquisa. Instrumento - Revista de Estudo e Pesquisa em Educação. Ano 13 n. 1, jan-jun 2011, p.103-111.

http://instrumento.ufjf.emnuvens.com.br/revistainstrumento/article/view/1179/956

Referências Bibliográficas sobre cidade Paulista e bairro Torres Galvão

ALVIM, Rosilene.  A Sedução da Cidade; os operários camponeses e a fábrica dos Lundgren. Rio de Janeiro: Graphia, 1997.

ALVIM, Rosilene; LOPES, José Sérgio Leite. Famílias operárias, famílias de operárias. Revista Brasileira de Ciências Sociais, n. 14, ano 5, p. 7-17, out. 1990.

GALVÃO, Tácito Cordeiro; GOMES, Rosangela Oliveira. O processo da formação do Município de Paulista. Monografia apresentada ao curso de Pós-Graduação em História do Brasil da Funeso. Recife, 2001.

GÓES, Raul de. Um sueco emigra para o Nordeste. Rio de Janeiro: José Olympio, 2ª edição, 1964.

GÓES, Raul de. Herman Lundgren: Pioneiro do Processo Industrial do Nordeste. Rio de Janeiro: A Noite, 1949.

MARCOVITCH, Jacques. Pioneiros e empreendedores: a saga do desenvolvimento no Brasil. V. 3. 1°. Ed. São Paulo: Edusp, 2007.

NASCIMENTO, Luís Manuel Domingues do. Formação e Desenvolvimento do capital Industrial em Pernambuco (1890-1920) Mercado Interno e Industrialização. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal de Pernambuco. CFCH. História, 1988.

PANET, Amélia; MELLO, José Octávio de A. et al. Rio Tinto: Estrutura Urbana, Trabalho e Cotidiano. João Pessoa: Unipê Editora, 2002. 

ROSA, Carolina Lucena. Nada de Preguiça. Em 1924, uma fábrica de tecidos se instalou no interior da Paraíba. Era “uma ativa colméia operária”. Revista de História. Ed. N° 59, agosto de 2010.

SILVA, Ricardo Andrade da Costa. Desenvolvimento Local Sustentável: Uma Abordagem Histórica do Centro de Paulista. Dissertação (Mestrado). Mestrado Profissional em Gestão de Políticas Públicas, Fundação Joaquim Nabuco. 2006.


VIEIRA, Glena Salgado. Decadência e Expansão no litoral norte de Olinda (1654 – 1710): A Freguesia de Maranguape. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal de Pernambuco. CFCH. Arqueologia, 2010.

Comentário sobre o artigo: Fontes orais, História e saber escolar.

Referência: RANZI, S. M. F. Fontes orais, História e saber escolar. Editora da UFPR Educar, Curitiba, n.18, p. 29-42. 2001.

O estudo a ser comentado é oriundo da finalidade de analisar a função das fontes orais e o uso da memória na construção do saber histórico a partir de uma perspectiva local, através de um projeto de pesquisa e prática, na Escola Estadual Júlio Mesquita, onde almejou-se a união entre pesquisa e ensino acarretando na constituição de um dispositivo de construção de saberes, desde a construção dos primeiros questionamentos norteadores do projeto até o levantamento, trato e trabalho com as fontes orais adquiridas.
O autor ressalta de modo categórico que para o desenvolvimento efetivo de um projeto de uso da memória é fundamental, obviamente, a participação assídua do professor, apoio da escola e dos alunos e comunidade, ficando constatado pela experiência realizada pelo estudo em questão a sensibilização dos alunos e da comunidade pode ser a peça fundamental e tem um peso significativo no sucesso do trabalho. Com isso se faz necessário um incentivo um eixo desenvolvedor para a movimentação do trabalho e desenvolvimento das atividades.
É importante também atentar para o fato de que as atividades desenvolvidas, como entrevistas, documentários, gravações e transcrição não irão ser a finalidade e objetivo da atividade, já que a mesma não se norteia pela simples função de arrecadação das fontes, mas sim pela construção de saberes através delas, compreendendo como e em que cenário esse relato foi produzido, sabendo que na complexidade dos sentimentos cada um mobiliza o passado ao seu gosto e segundo os seus interesses, ressaltando a ideia de que a memória está sempre em disputa e por isso é necessário analisar os conflitos e a competição pelas memórias e transportar esse debate para o âmbito da sala de aula, gerando um dispositivo de compreensão da prática de escrita da história e com isso a constituição de saber através da prática de pesquisa.
Com isso, se faz necessário, de acordo com a experiência realizada na Escola Estadual Júlio Mesquita, localizada no Bairro Jardim das Américas, um levantamento geral de dados sobre os alunos que irão estar envolvidos no projeto, contento aspectos como: informação dos pais (origem, profissão), dados sobre os alunos (local onde mora,  a quanto tempo vive em determinado local, tipo de residência e quando a família veio se estabelecer no devido local ). Tentando colher informações dos alunos e levantando possíveis documentos do arquivo pessoal e familiar do local, gerando com isso a discussão dos possíveis lugares de memória definidos pela comunidade em questão, que podem variar desde a espaços públicos até estabelecimentos comerciais ou industriais, sendo necessário, paralelo a este levantamento uma pesquisa em jornais, mídias e anais a evidencias de tais lugares nesse contexto, identificando assim um ponto para o desenvolvimento do trabalho.
Finalizando o artigo o autor levanta considerações importantes sobre a complexidade dos trabalhos com documentos e fontes orais por professores e a incapacidade de realização dos mesmos devido a falta de capacitação aliado à dificuldade de gerar saberes através do uso de fontes orais através da perspectiva local, mas apesar das dificuldades encontradas, este tipo de projeto e proposta significa para o professor um possibilidade de romper com os limites impostos profissionalmente que degradam de forma gradual o ensino de história e ao mesmo tempo mostra a potencialidade da utilização de fontes orais como um dispositivo de geração de saberes.


sábado, 21 de março de 2015

Bibliografia: Bairro do Recife e Pilar

CASTILHO, C. J. M.; NERY, Nancy Siqueira. PROGRAMA DE REQUALIFICAÇÃO URBANÍSTICA E INCLUSÃO SOCIAL DA COMUNIDADE DO PILAR: Uma reflexão sobre as possibilidades de inclusão social dos moradores. In: 7 Colóquio de Transformações Territoriais, 2008, Cutitiba. Desenvolvimento, Integração Regional e Território: marcos conceituais e de integração. Curitiba: Editora Esplendor, 2008. v. 1. p. 1-20.

GIUSTINA, L. B. D. O Pilar que Ficou - Um Estudo de Conservação em Bens Patrimoniais a Partir do Conceito de Valor: O caso da Igreja do Pilar do Recife. 2010.

LACERDA, N. Intervenções no bairro do Recife e seu entorno: indagações sobre a sua legitimidade. Sociedade e Estado (UnB. Impresso), v. 22, p. 621-646, 2007.

LACERDA, N., ZANCHETI, S. M. DINIZ. Planejamento metropolitano: uma proposta de conservação urbana e territorial. Revista latino-americana de Estudios Urbanos Regionales. Santiago do Chile. V. 26, Nº 79. 2000.

LEITE, Rogerio Proença. Patrimônio e enobrecimento no Bairro do Recife. Revista CPC (USP), São Paulo, v. 2, p. 14-26, 2006.

NERY, N. S. ; CASTILHO, C. J. M. Comunidade do Pilar e a revitalização do bairro do recife: possibilidades de inclusão socioespacial dos moradores ou gentrificação. 2008.

NERY, Nancy Siqueira ; SÁ, Alcindo José de . A "Modernidade" anunciada para o espaço de moradia dos pobres do Bairro do Recife-PE. Revista de Geografia (Recife), v. 26, p. 230-246, 2009


MONTENEGRO, Antonio Torres; SALES, Ivandro da Costa; COIMBRA,Silvia Rodrigues. Organizadores. Bairro do recife; Porto de Muitas Histórias. Recife Gráfica Editora S.A. Recife. PE. 1989.

Bibliografia sobre o bairro do Pina

MILET, Vera (coord.) et al. Pina: imagens e representações simbólicas do morar. Recife: UFPE, 1990.

MORAIS, Danuza Pereira de; SILVA, Luann Ribeiro Santos. Transformações urbanas e identidade territoral no contexto do projeto Via Mangue na comunidade de palafitas do Pina - Recife/PE. Disponível em: http://www.agb.org.br/evento/download.php?idTrabalho=3263. Acesso em 21/03/2015.

SILVA, Oswaldo Pereira daHistórias do Pina. Recife: Fundação de Cultura Cidade do Recife, 2008.

_______________________Pina: povo, cultura, memória. 2 ed. Recife: Funcultura, 2008.


SOUZA JÚNIOR, Xisto Serafim de Santana de. Os atores sociais na organização sócio-espacial do bairro do Pina -  Recife/PE (Convergência e Dissilência). Dissertação de Mestrado: Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Pernambuco. Recife, 2001.

Biografia sobre o bairro da Torre

A história da região metropolitana do Recife, Bairro  da Torre. 

BORBA, Fernando de Barros, Pernambuco- Patrimônio cultural de todos. Recife: Fundarpe, 1998.

CAVALCANTI, Carlos Bezerra. O Recife e seus bairros. Recife: Câmara Municipal do Recife, 1998.

FERRERA, Lupércio Gonçalveis. O Recife de ontem. Recife 1996.

FREIRE, Gilberto . Assombrações de Recife velho. Rio de Janeiro, José Olympio, 1970.

LEMOS, Carlos A. C. O que é patrimônio histórico? São Paulo: Brasiliense , 1981.

Todas essas obras retratam um pouco sobre o Recife em alguns sob os resumos que li, tratam do bairro da torre, sendo um bairro de extrema importância por sua posição estratégica, situada entre outros bairros comerciais. A torre é lembrada nessas obras não só como um bairro operário, ou um local aonde se situava um importante engenho de propriedade de Marcos André Uchôa, mas o bairro da Torre tem uma rica história futebolística dentro da cidade do Recife. É o bairro com maior história de quantidade de agremiações de futebol dentro da capital pernambucana. Também encontrei importantes informações sobre bairros que os amigos vão trabalhar.



terça-feira, 17 de março de 2015

A Cidade (Clipe) - Chico Science & Nação Zumbi





A cidade

Chico Science & Nação Zumbi.



O Sol nasce e ilumina as pedras evoluídas,
Que cresceram com a força de pedreiros suicidas.
Cavaleiros circulam vigiando as pessoas,
Não importa se são ruins, nem importa se são boas.

E a cidade se apresenta centro das ambições,
Para mendigos ou ricos, e outras armações.
Coletivos, automóveis, motos e metrôs,
Trabalhadores, patrões, policiais, camelôs.

A cidade não pára, a cidade só cresce
O de cima sobe e o debaixo desce.
A cidade não pára, a cidade só cresce
O de cima sobe e o debaixo desce.

A cidade se encontra prostituída,
Por aqueles que a usaram em busca de saída.
Ilusora de pessoas e outros lugares,
A cidade e sua fama vai além dos mares.

No meio da esperteza internacional,
A cidade até que não está tão mal.
E a situação sempre mais ou menos,
Sempre uns com mais e outros com menos.

A cidade não pára, a cidade só cresce
O de cima sobe e o debaixo desce.
A cidade não pára, a cidade só cresce
O de cima sobe e o debaixo desce.

Eu vou fazer uma embolada, um samba, um maracatu
Tudo bem envenenado, bom pra mim e bom pra tú.
Pra gente sair da lama e enfrentar os urubus. (haha)
Eu vou fazer uma embolada, um samba, um maracatu
Tudo bem envenenado, bom pra mim e bom pra tú.
Pra gente sair da lama e enfrentar os urubus. (ê)

Num dia de Sol, Recife acordou
Com a mesma fedentina do dia anterior.

A cidade não pára, a cidade só cresce
O de cima sobe e o debaixo desce.
A cidade não pára, a cidade só cresce
O de cima sobe e o debaixo desce.


Link: http://www.vagalume.com.br/chico-science-nacao-zumbi/a-cidade.html#ixzz3Uh3QkiHo