Em
direção ao resgate da memória: o bairro de Jardim São Paulo
A história se faz com
documentos escritos, quando existem. Mas ela pode e deve ser feita com toda a
engenhosidade do historiador... Com palavras e sinais. Paisagens e telhas.
Formas de campos e ervas daninhas. Eclipses lunares e cordas de atrelagem.
Análises de pedras pelos geólogos e de espadas de metal pelos químicos. Combates pela
História (1953), Lucien Febvre.
É certo que há muito a
ciência Histórica deixou de ser simples colecionadora de fatos e passou ao entendimento
de que seus trabalhos estão direcionados a um esforço de compreensão das ações
humanas do passado. Elege uma questão e busca respostas dentre uma imensidão de
fragmentos soltos, esparsos, associando obras que já trataram da problemática
em tela e um leque documental. O historiador seleciona, analisa e reconstrói
histórias, recheando de sentido os fatos que elegeu para esclarecer sua proposta.
Por isso, tomados por
uma vontade de investigar historicamente e contribuir para uma melhor compreensão
do bairro de Jardim São Paulo, e a fim de tornarmos nossas pesquisas uma fonte
futura para outras investigações, caminhamos por partes do passado deste lugar.
Com a concepção “mater” de que aqueles que se lançam na “aventura monótona” do
trabalho de produção histórica, por entre os jogos de quebra-cabeças
incompletos que são os documentos e entre vários meandros – muitas vezes
confusos – e intermináveis da história, o fazem com a fome de respostas para
problemáticas atuais, instigados por questões levantadas por seu próprio tempo.
Assim, até o momento no
Bairro de Jardim São Paulo, em Recife/ PE – onde trabalhamos no projeto PIBID –
observamos a ausência de material bibliográfico abundante. Pesquisando na internet; buscando em acervos
públicos, como por exemplo, a Fundação Joaquim Nabuco, doravante Fundaj; indo
na biblioteca do Metrorec, situada ao lado da estação Werneck, vimos alguns
materiais bibliográficos e fizemos uma leitura rápida de um, que foi colocado
pelo funcionário da instituição, como sendo o mais importante. Na Primeira
leitura feita deste material, foi notado ser um relatório de impacto
urbanístico do projeto de construção do metrô – e pode ser relevante para nossa
abordagem. Um texto, onde foi abordada a história do bairro de Jardim São
Paulo, consta de autoria de Carlos Bezerra Cavalcanti e denomina-se “Recife e
seus Bairros”, mas trata da localidade com apenas um paragrafo, onde diz proceder
de um engenho do mesmo nome.
Essa pesquisa
bibliográfica, pouco proveitosa até o momento, fez nosso grupo pensar numa
outra possibilidade de pesquisa. Desta maneira surgiu a ideia de trabalharmos,
prioritariamente, a história do bairro de Jardim São Paulo, a partir das memórias
dos moradores mais antigos, através do uso de relatos orais, por ser o meio
mais viável para o recolhimento de dados sobre esse bairro. Haja vista a
inexistência de fontes escritas que nos ajudem na compreensão da formação desse
bairro, consequentemente da sua história. Para isso, o professor Paulo
Alexandre (supervisor) teve fundamental importância, pois indicou nomes de
fundadores do bairro, como o vereador Maguari, entre outros personagens, que
serão de suma importância para a nossa pesquisa.
Não há como negar que
para nós Pibidianos, que estamos estudando o bairro de Jardim São Paulo, tem
sido um desafio e tanto compreendê-lo.
Sendo um dos motivos, a escassez de fontes escritas que nos apontem
respostas, mas, simultaneamente tem sido um prazer e uma oportunidade imensa
analisarmos e produzirmos com base em relatos orais tão importantes e essenciais
para a nossa pesquisa sobre a história desse bairro, bem como a identidade dos
seus moradores. Para isso, como diz Lucien Febvre (1953), a engenhosidade do historiador
tem sido o elemento primordial.