quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

EXPOPIBID: A estética do Teatro do Oprimido desconstruindo o Brasil no "Ciclo do Ouro"

A ESTÉTICA DO TEATRO DO OPRIMIDO DESCONSTRUINDO O BRASIL NO “CICLO DO OURO”

Introdução


No dia 29 de agosto, o Pibid-História-UFPE desenvolveu atividades no EREM Professor Trajano de Mendonça utilizando a linguagem teatral como instrumento do ensino de História. A aula intitulada "A estética do Teatro do Oprimido desconstruindo o "Ciclo do Ouro" no Brasil" vivenciou a técnica "Teatro-Imagem", idealizada por Augusto Boal, com os 2º anos A e B. Este trabalho pretende consiste em apontar: os referenciais teórico-metodológicos utilizados no planejamento da aula, a abordagem da proposta e os resultados em termos de ensino-aprendizagem.
Fundamentação Teórica
Augusto Boal (1931-2009) foi um grande teatrólogo brasileiro que é conhecido, principalmente, pela criação do Teatro do Oprimido (TO), sendo hoje conhecido mundialmente e sua estética uma das mais utilizadas na prática teatral, assim como para fins formativos, terapêuticos, entre outros. Na Poética do Oprimido, o povo é transformado em ator (ação). O espectador deixa de ser passivo e se transforma em “espect-ator”, transformador da ação dramática, assumindo um papel protagônico. Nessa construção de “espect-ator” o corpo humano vai sendo conhecido, para torná-lo expressivo. Com jogos de expressão, o objetivo é desmecanizar o corpo - fora do usual, do cotidiano - e se dispor a linguagem do teatro, utilizando como instrumento de transformação do meio ao qual estamos inseridos. Sendo assim, Boal atendia a nossas questões, uma vez que pretendíamos a experenciação, o protagonismo dos nossos alunos e a introdução do conteúdo do “ciclo do ouro” de maneira que ele fosse revisado, reinterpretado e também desconstruído. Uma vez que, previamente, entendemos como possibilidade uma visão simplista, pelos alunos, dos grupos sociais envolvidos no momento da História do Brasil em questão. Dessa forma, a linguagem teatro seria o instrumento de transformação, não só visual, mas passando pelos corpos dos alunos que iam representar suas próprias considerações em torno do tema.
O Teatro do Oprimido tem uma série de variações. A escolhida neste trabalho foi o Teatro-Imagem. É uma prática através da linguagem não-verbal e estimula as expressões fisionômicas. O jogo Imagem de Transição é uma das técnicas primárias do Teatro-Imagem. É uma brincadeira entre escultores e esculpidos (o barro). Um grupo de espect-atores esculpem um grupo de estátuas, isto é, imagens que são formadas pelos escultores nos corpos dos esculpidos. O objetivo é mostrar um pensamento coletivo, sobre um tema.
Utilizamos também Alfredo Boulos Júnior: “História: sociedade e cidadania”, sendo este último livro didático do Ensino Médio. Os livros didáticos são o principal meio pelo qual o conhecimento chega até os estudantes, sendo assim, ele merece nossa análise no momento de planejamento de uma proposta didática, seja no intuito de criticá-lo ou de complementá-lo.
Objetivos
Nosso primeiro objetivo era que os estudantes expressassem seu conhecimento prévio através das esculturas que moldassem e a partir daí que estabelecessem uma justificativa para a sua escultura, isto é, em que pensaram para montá-la. Para que a partir daí pudessem prestar atenção em que narrativa suas representações contavam, lembrando sempre que existem outras. Outras maneiras de colocar aqueles personagens, outros lugares, etc. Buscamos também que eles estabelecessem um olhar crítico sobre o maniqueísmo entre os agentes históricos.
Metodologia
O plano de aula foi executado no auditório da escola. Formamos um círculo com os alunos e iniciamos o aquecimento. Esse momento não só introduziram-os na aula, como também foi um processo para eles tomarem consciência do seus corpos e propondo uma motivação inicial. O aquecimento contou com dois momentos. Em seguida, iniciamos o exercício em dupla intitulado "o espelho". Utilizando apenas o corpo, um deveria ser o reflexo do outro, buscando fazer exatamente os movimentos que seu parceiro ou parceira fazia.
Na terceira etapa, associando o jogo cênico ao ensino de História, através do Teatro-Imagem. Solicitamos que os estudantes se dividissem em dois grandes grupos e a estes que se subdividissem em mais dois (A e B). Para que assim, pudéssemos fazer com que A “esculpissem” os corpos dos integrantes do grupo B como se estes fossem estátuas e vice-versa. Sorteamos temas que estavam inseridos dentro do conteúdo “Ciclo do ouro”, como escravização, inconfidência mineira, além de grupos sociais como “indígenas”, “bandeirantes”, “senhores de engenho” e “a coroa portuguesa” para a representação. Todos as imagens formadas foram fotografadas. A conclusão do trabalho foi feita através da projeção no Datashow das imagens que eles haviam esculpido para que toda a turma pudesse visualizar. Em seguida, iniciou-se um debate com as imagens que exprimiram versões muito específicas da História.
Resultados
Os debates que surgiram a partir das imagens que os estudantes esculpiram foram abundantes. Reflexões a respeito do papel exclusivamente passivo dado por eles aos escravizados, ou num dos casos, a respeito do papel de heróis atribuído aos bandeirantes. As conversas se desenrolaram no sentido de desfazer o maniqueísmo das imagens.
Conclusão
A experiência com o teatro na sala de aula nos trouxe novas perspectivas sobre o Ensino de História. Os alunos saíram da aula gratificados com a experiência em torno da linguagem do teatro, se divertiram com a proposta. Além disso, conseguiram perceber como muitos temas da História podem ter um deslocamento de olhar, debates diferentes do que estavam acostumados e também que, apesar de estarem inseridos num mesmo grupo, conseguem ter visões diferentes sobre o mesmo tema. Enquanto docentes, nos fez pensar sobre como os conteúdos têm chegado na sala de aula e como os debates construídos no meio acadêmico tem sido introduzido nas escolas, principalmente escolas públicas.
Referências Bibliográficas
  • BOAL, Augusto. Jogos para atores e não-atores.

  • BOAL, Augusto. Teatro do Oprimido e Outras Poéticas Políticas.
  • JÚNIOR, Alfredo Boulos. História da Sociedade e Cidadania
Este trabalho foi realizado pelas bolsistas Isabella Lótus e Lorenna Rocha, acompanhadas pela Supervisora Overlane Pinto.

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