Foto de Eraldo Peres http://acertodecontas.blog.br/artigos/a-pobreza-na-regio-metropolitana-do-recife/ |
As resenhas publicadas
suscitaram algumas questões muito interessantes. Vou selecionar três, que
considero as mais importantes para nosso projeto.
A primeira delas se
refere à qualidade do conteúdo ou informações que encontramos em muitos artigos
e livros que lemos sobre a história do Recife. É uma questão metodológica que
deve ser encara a sério, sem preconceitos. Trata-se do trabalho de
historiadores diletantes, ou seja, que não tiveram uma formação universitária,
e que colocam como historiadores de uma localidade. São pessoas que não tem
experiência com o trato documental e com as questões sobre a construção do
conhecimento histórico. As informações advindas desse tipo de livro deve sempre
ser conferida, e mesmo lida com desconfiança. Na verdade, devemos tratar esses
livros como um documento de memória do bairro, nunca como história. A resenha
do grupo do Pina é um exemplo nesse sentido. Utilizaram um livro escrito por um
morador que naturalizou a história dos maracatus e dos terreiros, e
reproduziram o que ele escreveu sem conferir com a historiografia da cultura
negra, que por mero acaso eu faço parte, já que publiquei muitas coisas sobre a
história dos maracatus. E o que ele escreve muito provavelmente não é verídico
para o Pina.
A segunda questão
refere-se ao pagamento de aluguel dos terrenos, que foi levantado pelo grupo da
Torre. Mas acho que ocorreu no Pina e no Pilar também. A luta contra o pagamento
de aluguel do terreno (não do barraco, mas do chão) tem uma história
interessantíssima que vale a pena a gente percorrer na bibliografia. Eu sei que
uma pessoa pegou uma tese (acho que de geografia) sobre essa questão na
biblioteca da Fundaj, e poderia socializar com a gente, certo?
A terceira questão
refere-se à inserção dos bairros e cidades que estudamos num processo histórico
mais amplo da região metropolitana do Recife. Vamos pontuar as questões que
apareceram nas resenhas e que podem ser pensadas de modo mais amplo.
1. O processo de
conurbação da cidade e o surgimento da região metropolitana do Recife. Quando
ocorreu? Como? Que razões podem ser apontadas para explicar essa conurbação?
2. A divisão da cidade em
zeis. O que vem a ser? Quando a cidade foi dividida dessa forma? Por quais
razões? Quais os impactos disso no desenvolvimento urbano?
3. O desenvolvimento
urbano atual, o crescimento da cidade nas duas últimas décadas e a especulação
imobiliária.
Uma questão que apareceu tangenciada, quase como um
não dito, foi a questão do patrimônio cultural, que afeta quase todos os
bairros. Sugiro que não deixem de entender o que é gentrificação e como esse
fenômeno vem ocorrendo no Bairro do Recife. Como no Brasil a questão do
patrimônio industrial e ferroviário tem sido tratada. E como as comunidades têm
lidado com o patrimônio imaterial.
Foi ótimo o trabalho. Algumas questões fundamentais
têm emergido, e é super importante continuarmos a compartilhar as informações.
Trabalho em equipe!
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