quarta-feira, 1 de abril de 2015

Questões e debates a partir das resenhas.

Foto de Eraldo Peres
http://acertodecontas.blog.br/artigos/a-pobreza-na-regio-metropolitana-do-recife/


As resenhas publicadas suscitaram algumas questões muito interessantes. Vou selecionar três, que considero as mais importantes para nosso projeto.

A primeira delas se refere à qualidade do conteúdo ou informações que encontramos em muitos artigos e livros que lemos sobre a história do Recife. É uma questão metodológica que deve ser encara a sério, sem preconceitos. Trata-se do trabalho de historiadores diletantes, ou seja, que não tiveram uma formação universitária, e que colocam como historiadores de uma localidade. São pessoas que não tem experiência com o trato documental e com as questões sobre a construção do conhecimento histórico. As informações advindas desse tipo de livro deve sempre ser conferida, e mesmo lida com desconfiança. Na verdade, devemos tratar esses livros como um documento de memória do bairro, nunca como história. A resenha do grupo do Pina é um exemplo nesse sentido. Utilizaram um livro escrito por um morador que naturalizou a história dos maracatus e dos terreiros, e reproduziram o que ele escreveu sem conferir com a historiografia da cultura negra, que por mero acaso eu faço parte, já que publiquei muitas coisas sobre a história dos maracatus. E o que ele escreve muito provavelmente não é verídico para o Pina.

A segunda questão refere-se ao pagamento de aluguel dos terrenos, que foi levantado pelo grupo da Torre. Mas acho que ocorreu no Pina e no Pilar também. A luta contra o pagamento de aluguel do terreno (não do barraco, mas do chão) tem uma história interessantíssima que vale a pena a gente percorrer na bibliografia. Eu sei que uma pessoa pegou uma tese (acho que de geografia) sobre essa questão na biblioteca da Fundaj, e poderia socializar com a gente, certo?

A terceira questão refere-se à inserção dos bairros e cidades que estudamos num processo histórico mais amplo da região metropolitana do Recife. Vamos pontuar as questões que apareceram nas resenhas e que podem ser pensadas de modo mais amplo.
1. O processo de conurbação da cidade e o surgimento da região metropolitana do Recife. Quando ocorreu? Como? Que razões podem ser apontadas para explicar essa conurbação?
2. A divisão da cidade em zeis. O que vem a ser? Quando a cidade foi dividida dessa forma? Por quais razões? Quais os impactos disso no desenvolvimento urbano?
3. O desenvolvimento urbano atual, o crescimento da cidade nas duas últimas décadas e a especulação imobiliária.

Uma questão que apareceu tangenciada, quase como um não dito, foi a questão do patrimônio cultural, que afeta quase todos os bairros. Sugiro que não deixem de entender o que é gentrificação e como esse fenômeno vem ocorrendo no Bairro do Recife. Como no Brasil a questão do patrimônio industrial e ferroviário tem sido tratada. E como as comunidades têm lidado com o patrimônio imaterial.


Foi ótimo o trabalho. Algumas questões fundamentais têm emergido, e é super importante continuarmos a compartilhar as informações. Trabalho em equipe!

Nenhum comentário:

Postar um comentário