quarta-feira, 3 de junho de 2015

Jardim São Paulo: Memória ferroviária em risco

Jardim São Paulo também tem uma história lamentável de abandono do patrimônio público e histórico. É o caso da situação que se impõe sobre o pátio ferroviário Edgard Werneck, deteriorado e relegado ao abandono. Tentamos sem sucesso a partir de diversos contatos ter acesso ao parque, porém, educadamente, tivemos nossos pedidos negados pela exaustiva repetição da condição de que “amanhã entraremos em contato para confirmação da visita”. Várias ligações e vários “amanhãs” depois, nada foi confirmado. O que encontraríamos por lá era previsível, pois sabe-se que o que restou de equipamentos e composições férreas está em processo de sucateamento pela falta de manutenção já denunciada anteriormente por entidades como a APEFE - Associação Pernambucana de Ferreomodelismo e Preservação a Ferrovia.

O parque entre os bairros de Areias e Jardim São Paulo remonta à construção a uma antiga estação local (Estação Areias) do final do século XIX. Em 1925 foi rebatizada em homenagem ao engenheiro Edgard Werneck, assassinado após investigar e denunciar um esquema de corrupção na companhia ferroviária Great Western.


A Estação Werneck foi na década de 1920 incrementada pela implantação de um parque de manutenção que dispunha inclusive de uma rotunda (estrutura giratória que direcionava locomotivas para galpões-oficinas e que, ao que parece, era basicamente a única em Pernambuco a dispor de tal sistema – não encontramos até aqui informações de outras nos dois outros parques de manutenção pernambucanos). A estação de embarque e desembarque de passageiros foi mantida mesmo com a construção do parque e seu uso indicava ser intenso, permanecendo ativa até a substituição da antiga linha de trens pelo metrô. O parque foi mantido parcialmente, hoje estando aos fundos da sede do Metrorec e lá se encontram ainda equipamentos empregados no trabalho de manutenção e reparo dos trens e o que sobrou de algumas composições movidas à diesel, mas todo esse acervo está sendo vítima da corrosão e da falta de respeito ao patrimônio. 

Ir em busca dessa história especificamente é uma missão para ser cumprida, afinal, (FREIRE, et al)
A partir desse processo de valoração do patrimônio ferroviário em Pernambuco, pode-se perceber o quanto a Memória Ferroviária é determinante para a preservação dos aspectos culturais e históricos desse contexto, que perpassa o patrimônio industrial brasileiro. Essa memória permite expressar os processos históricos de implantação dos elementos, da organização funcional, da organização espacial, da configuração da paisagem e da logística de operação ferroviária. (em: http://goo.gl/TxlHiW
Década de 1930: A estação, o parque e ao fundo a fábrica SAMBRA / Atual: A Estação do metrô, a sede do METROREC e o que restou do parque de manutenção

Rotunda da estação Edgard Werneck, década de 1950
Plataforma de embarque/desembarque (década de 1920)
As imagens abaixo (recolhidas da página de Facebook da APEFE) são indícios do abandono:













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