quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

O imaginário do homem do sertão: uma experiência de sala de aula invertida através do mobile learning

O IMAGINÁRIO DO HOMEM DO SERTÃO: UMA EXPERIÊNCIA DE SALA DE AULA INVERTIDA ATRAVÉS DO MOBILE LEARNING

Felipe Fernandes Souza
José Alexandre da Silva
Márjorie Maria Carneiro Pires


INTRODUÇÃO
           
Por muitas vezes, os espaços tradicionais de ensino (as escolas) têm direcionado a visão dos estudantes à compreensão e reprodução de um mundo estático, construído em função de determinados discursos. Perceber a multiculturalidade e o pluralismo na construção identitária do mundo que nos cerca tem sido um desafio as novas metodologias de ensino-aprendizagem.
            É diante dessa realidade que se desenvolveu os estudos acerca do imaginário do homem do sertão, sendo abordados na literatura, na música e nas produções cinematográficas, carregam características que se perpetuam: a seca, o solo árido que pouco ajuda na agricultura, os dialetos que fogem às normas gramaticais, entre outros. Escritores de enorme importância na literatura nacional ficaram conhecidos por retratarem de forma fidedigna este cenário, por vezes dantesco, a exemplo de Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz e João Cabral de Melo Neto. A abordagem da multiplicidade cultural e social do sertão se faz necessária para que haja uma formulação crítica sobre os indivíduos sertanejos.

OBJETIVOS
           
O presente trabalho teve por objetivo realizar em conjunto com os discentes uma análise plural e menos estereotipada em relação ao homem sertanejo, fazendo uso da sala de aula invertida, que aparece como uma ferramenta de extrema importância, na medida que possibilita ao aluno a visualização do conteúdo trabalhado, o homem do sertão, através de materiais previamente disponibilizados pelos pibidianos e o professor supervisor, no mobile learning (Facebook), plataforma digital.
METODOLOGIA

Nesta experiência, empregamos como ferramenta o mobile learning para a disponibilização de materiais como vídeos, textos, músicas e imagens em um grupo criado na rede social (Facebook), que pelo fato de ser uma plataforma bastante disseminada entre os estudantes, proporcionou uma maior interação e participação dos alunos envolvidos no projeto.
Mediante a utilização da metodologia ativa da sala de aula invertida, obteve-se uma aprendizagem não mais centrada e protagonizada pelo professor, os alunos neste método, possuem papel ativo, podendo os mesmos serem responsáveis pela criticidade no ensino da história (VALENTE, 2014). Nesta perspectiva, Libâneo (1994) afirma que a motivação dos alunos para a aprendizagem, através de conteúdos significativos e compreensíveis para eles, assim como de métodos adequados, é fator preponderante para o aumento de concentração e atenção dos alunos. Por isso, impulsionar a participação, a reflexão, e a criticidade do aluno é uma maneira eficaz para se desenvolver o aprendizado.
            Conforme Félix (2014), para muitos professores e alunos não há nada melhor do que o prazer de encontrar o conhecimento em sala de aula, sendo a música uma dessas ferramentas de contentamento, já que faz parte do cotidiano dos alunos, promovendo um desejo para o desenvolvimento da aprendizagem. Ao retornarem à sala de aula para a discussão deste imaginário do homem do sertão, os alunos puderam observar que vivenciam e percebem o conteúdo a todo o momento, embora a criticidade deste nem sempre ocorra de maneira primária. Percebe-se que as músicas, de uma maneira geral, são expressões de uma forma de pensar e sentir o mundo; o professor de história possuindo essa concepção poderá aprimorar o debate crítico sobre o conteúdo de forma promissora e positiva.
            Com a utilização de músicas que retratam os diferentes aspectos que norteiam a vida do sertanejo, a turma do 2º ano “A” que possui 30 (trinta) alunos foi dividida em 6 (seis) grupos, com 5 (cinco) integrantes cada, onde os mesmos ficaram de posse de uma determinada letra de música, e a partir delas teriam que desenvolver um cordel sobre o que foi estudado durante a aplicação do assunto (o imaginário do homem do sertão), articulando o que foi compreendido com o material disponibilizado no mobile learning e os debates realizados em sala. A ideia é que houvesse a possibilidade dos alunos demonstrarem o que foi aprendido e mobilizar um diálogo crítico entre eles.



RESULTADOS
           
Mediante os debates surgidos e a construção dos cordéis pelos alunos, observou-se no mínimo três concepções distintas acerca do imaginário sertanejo, sendo elas: de permanência, de mudança e de retrocesso. O de permanência configura o grupo de alunos que mantiveram um olhar estereotipado em relação ao homem e sua forma de viver o sertão, ou seja, foram aqueles que não conseguiram superar o rótulo apresentado pelas mídias. O de mudança compreende os grupos que perceberam a complexidade da cultura, das relações, da forma de viver do sertanejo, visão essa, almejada no presente trabalho. Já o de retrocesso designa aqueles que na elaboração do cordel retrataram o sertanejo de forma pejorativa.
Através da atividade motivou-se o estudo e a reflexão dos discentes, que de acordo com Cabrini (2000) são a essência do trabalho de ensino/aprendizagem. Buscou-se, dessa forma, contribuir para uma formação crítica e para uma consciência histórica dos estudantes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
           
Durante o projeto, pode-se observar a forma como os alunos percebem o homem sertanejo, sua cultura e modo de vida. Dispondo aos alunos uma variedade de material para estudo, delegou-se aos mesmos o papel central no processo de aprendizagem, proporcionando aos discentes a prática do exercício crítico, da reflexão e da consciência histórica.
                       
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CABRINI, Conceição et al. O que achamos importante lembrar sobre o ensino da História ou fundamentação teórica da proposta. IN Ensino de História: revisão urgente. S. Paulo: EDUC, 2000.
FÉLIX, Geisa Ferreira Ribeiro; SANTANA, Renato Goés; JÚNIOR, Wilson Oliveira. A música como recurso didático na construção do conhecimento, Cairu em Revista, Salvador, Ano 03, n° 04, p. 1 7-28, Jul/Ago 2014.
LIBÂNEO, José Carlos. A relação professor-aluno. In: Didática. São Paulo: Cortez, 1994.

VALENTE, José Armando. Blended learning e as mudanças no ensino superior: a proposta da sala de aula invertida. Educar em Revista, Curitiba, Edição Especial n. 4, p. 79-97, dez. 2014.



[1] Coordenadora do PIBID de História da UFPE: Adriana Maria Paulo da Silva.

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