quarta-feira, 12 de abril de 2017

Escola Trajano de Mendonça realiza a 7° Semana da Mulher

A EREM Professor Trajano de Mendonça tradicionalmente reserva uma semana do mês de março todos os anos para debater assuntos relacionados aos direitos humanos e valorização na mulher. Essa semana diferenciada teve início no ano de 2011 com a Professora Rosário Leite, que atualmente não faz parte do corpo discente da escola, mas que deixou sua marca registrada quando há sete anos decidiu organizar a semana “Rosa e Lilás”, ao longo desses anos o evento foi criando forma e abrangendo toda a escola, alunos e professores das diversas áreas que de alguma forma tratavam em suas aulas sobre alguma problemática relacionada ás mulheres. Durante todos esses anos diversos palestrantes foram convidados, funcionárias da Secretária da Mulher, mulheres ligadas com movimentos sociais e de luta, grupos musicais formados apenas por mulheres e muitos debates aconteceram, ampliando a visão dos alunos sobre diversos temas alarmantes da nossa sociedade como a violência, aborto, gravidez na adolescência e doenças que atingem principalmente as mulheres.


Semana da Mulher tem por objetivo conscientizar alunos e funcionários sobre uma problemática tão custosa à sociedade atualmente.

Esse ano o EREM Trajano de Mendonça denominou esse evento apenas com o tema “Semana da Mulher” e aconteceu entre os dias 06 e 10 de março, e tradicionalmente trouxe palestrantes e ex-alunas para discutir assuntos diversos com as 14 turmas de ensino médio, os professores também trouxeram temas varias para serem tratados em suas aulas de acordo com sua área de formação.

Os alunos e alunas tiveram contato com pelo menos duas palestras diferentes, uma apresentada por Daniela Martins, ex-aluna do colégio que recentemente adquiriu certa fama por compartilhar fotos de si, mulher gorda, sem roupa nas redes sociais. Sua fala desenvolveu-se no sentido de tratar do corpo feminino, criticando os estereótipos divulgados pela mídia, tidos como sinônimo de perfeição estética e clichês como “o rosto é bonito, mas o corpo é feio”. Neste sentido é interessante a frase formulada pela própria palestrante é “se amanhã todas as mulheres acordassem aceitando seus corpos, quantas empresas faliriam?” Problematizou ainda a respeito de para quem é o corpo da mulher, deixando claro que este não deve ser pensado para agradar um homem ou alguém exterior, mas sim, única e exclusivamente a mulher a qual pertence. Tendo em vista, seu caso ter ocorrido na internet, onde após os posts também sofreu ameaças, houve a oportunidade de esclarecer os alunos e alunas a respeito dos crimes cibernéticos, onde está localizada a delegacia responsável por isso e ainda, os preconceitos que sofreu por ser “feia” ao tentar registrar o Boletim de ocorrência. Ela conclui com uma afirmação muito significativa, levando em consideração o público a qual estava sendo direcionado (grupo de adolescentes, que querendo ou não está constantemente sendo cobrado por atender aos padrões de beleza colocados pela mídia e pela sociedade de uma maneira geral) afirmando que a mulher não é feita de corpo, cabelo, estria, celulite, etc. é feita de essência!


Palestra com Daniela Martins.

Já a segunda palestra foi ministrada por suas agentes da polícia militar, que esclareceram aos estudantes alguns aspectos da história das mulheres na polícia e apresentam um vasto campo de outras atividades profissionais como professor (a), médico (a), fisioterapeuta (o), veterinária (o), etc. que estão ligados ao serviço militar. Ainda nas questões diretamente profissionais, foi mencionada a progressão da carreira de um militar saindo de cabo para sargento, etc. Algumas questões fundamentais foram tratadas durante a palestra como assédio sexual e teste de aptidão física (TAF). Coloco este ultimo como importante, pois trata a respeito da maior facilidade ou não dos testes de aptidão física propostos para as mulheres se comparados aos masculinos. Foi deixado claro a partir desta conversa que não há um teste “mais fácil”, mas sim, testes adaptados às diferenças fisiológicas entre homens e mulheres, ou seja, adaptados a realidades corporais distintas. No tocante ao assédio sexual, foi importante perceber o relato de mulheres que trabalham em um ambiente tido como essencialmente masculino, falarem sobre os assédios morais e sexuais que sofreram e ainda sofrem trabalhando nesta área, enfatizando através destes relatos que não se deve ficar em silêncio e sim denunciar o seu agressor para que seja punido de alguma forma.



Apresentação musical do grupo formado apenas por mulheres.

Com isso, em 2017 a EREM Professor Trajano de Mendonça realizou por mais um ano uma semana de conscientização, debates e reflexões sobre a sociedade que as mulheres estão inseridas e suas problemáticas, alcançando assuntos como ambiente de trabalho, saúde pública, violência, feminismo, educação, valorização do corpo e direitos constitucionais. Englobando todo o corpo docente, funcionários e alunos, que trabalharam juntos pela construção de uma semana com atividades diferenciadas e enriquecedoras, onde a própria escola recolhe os frutos ao longo do ano letivo, quando os alunos se interessam pelos temas e trabalham eles ao longo do ano em outros eventos anuais da escola.


Alunos mostraram-se empolgados ao tratarem de um problema que ainda necessita ser tão amplamente discutido.


Apesar do assunto bastante sério, sorrisos e descontração marcou a Semana da Mulher.


Aluna do terceiro ano falando aos colegas.

Um comentário:

  1. Fantástico evento, momento lindo. Parabéns à escola, estudantes e professoras(es) pela coragem de lidarem com um tema tão central e delicado.

    ResponderExcluir