domingo, 15 de março de 2015

Comentário do Artigo: A história local como eixo temático das séries iniciais

MORAIS, Delsa Maria Santos de; RAMALHO, Elinalva dos Montes; SILVA, Maria do Socorro Borges da. A história local como eixo temático das séries iniciais. PPGED, Eventos/2006. GT8

Disponível em:www.ufpi.br/subsiteFiles/ppged/arquivos/files/.../GT8_2006_01.PDF

O presente artigo foi escrito visando estabelecer um debate sobre a fragilidade do ensino de história local nas séries iniciais. Começa atestando que o principal veículo de sistematização do conteúdo das aulas de história é o livro didático. O trabalho das autoras consistiu em uma análise do caso das escolas de uma cidade em especial: Caxias do Maranhão. Deixam claro que o fio norteador da pesquisa foi a influência da escola dos Annales, o materialismo histórico-dialético e as reflexões de Vigotsky. As autoras citam que participaram da pesquisa que deu origem ao artigo analisado dezesseis professores e oito alunos das Escolas: Unidade Integrada Municipal Marly Sarney Costa; Unidade Integrada Municipal Edson Lobão; Unidade Integrada Municipal José Castro e Unidade Escolar Municipal Emília Costa. 
Segundo as autoras, a história que é ensinada em classe ainda é a história factual, seguindo um modelo linear de cronologia. Apesar da tentativa de alguns professores de fugir dessa prática, ela ainda é maioria e tradicional. Dessa forma, o ensino que se estabelece nas primeiras séries é o do modelo eurocêntrico e linear. Prosseguem citando dados da pesquisa realizada, argumentam que 31% dos professores ouvidos possuem alguma dificuldade com a história local por conta da falta de livros e referências para o melhor estudo do tema. Alegam também, que a busca de novas formas de metodologias e fontes não são trabalhadas pelos professores, que ao indica na pesquisa, estão de certa forma ligados aos livros como material unívoco do processo de ensino de História. Prosseguem comentando que os professores justificam o ensino da história como importante nas séries iniciais como elemento importante para o estímulo da criticidade, porém, quando se trata de História Local, o ensino ainda sofre com a falta de prática nessa área.
Continuam a exposição falando que 50% dos alunos se interessam por História, mas o fato curioso é que eles tendem a se interessar pelo ensino da história local, uma demanda que a escola e a disciplina de história não dá conta. Tendo em vista, que ao se apegar ao modelo dos livros, institui uma forma de construir o conhecimento histórico que em certo ponto não os seduz. Os outros 50% argumentaram que as aulas de história traziam muitas datas e fatos para a memorização, fazendo desse modo ser os períodos das aulas de história um momento entediante e repetitivo. As autoras salientam que esse tipo de visão da história se institucionalizou durante o período republicano e deu legitimidade a união Igreja e Estado. Na década de 30, dizem elas, o patriotismo e o estudo de história de forma cívica foi alargado e incentivado, fazendo com que esse modelo ganhasse muita simpatia e tradição nas nossas escolas. Atentam também para a dificuldade dos professores em se apropriar das questões teórico-metodológicas.
Um outro problema enfrentado por quem se interessa pelo estudo e ensino de história local é o uso que se faz das fontes e documentos disponibilizados pela instituições. Segundo as autoras, acaba por se fazer uma apologia das histórias das elites, fazendo da memória local um apanhado da história dos grupos dominantes. Nesse sentido, a utilização de novas formas de abordagens como a história oral se faz importante para dá voz aos que não tiveram a possibilidade de escrever sua história. Dá voz aos sujeitos dos sindicatos, fábricas, engenhos, ruas também cabe nas preocupações do ensino de história local. 
Finalizam o artigo falando, que apesar de se constituir um campo com ampla possibilidade de desenvolvimento, ainda esbarra na tradição historiográfica conservadora que é muito forte:
                                    "Apesar dessa nova concepção metodológica da História, o ensino dessa
disciplina nas primeiras séries do Ensino Fundamental tem revelado os resquícios da
cultura historiográfica ainda centrada num paradigma conservador, tendo sido
observado através dessa pesquisa que os professores que atuam nessa modalidade de
ensino trabalham os conteúdos de História de forma fragmentada, baseada numa
concepção de História cronológica."

Um comentário:

  1. OK. Alerta para alguns problemas bem interessantes não? O risco de se fazer unicamente uma histórica cronológica. Será que a gente dá voz aos outros?

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