NORONHA, I. L.
A. . Livro Didático e Ensino de História Local no Ensino
Fundamental. In: XXIV Simpósio Nacional de História, 2007. XXIV Simpósio
Nacional de História. São Leopoldo/RS: Oikos, 2007. p. 327-32.
Em seu artigo, Noronha (2007) debate o ensino de História local e sua
articulação com os dispositivos didáticos disponíveis no ensino fundamental.
Nesta perspectiva, a autora desenvolve seu argumento em torno de dois eixos: O
cenário político-educativo atual, no que tange a política nacional do livro
didático, o livro didático e o ensino de história local; e a atuação do
Instituto da Memória do Povo Cearense (IMOPEC), organização não governamental
comprometida com a preservação da memória e dos lugares de memória do estado do
Ceará, desenvolvendo materiais didáticos para o ensino de história local
(NORONHA, 2007, p. 01).
Quanto ao cenário político-educativo atual, a autora destaca como um dos
principais desafios aos educadores do século XXI a concretização das políticas
educacionais discutidas e aprovadas no final do século anterior. Situada no
contexto da redemocratização nacional, a educação desponta como direito
inalienável do cidadão, devendo ser pública, envolvida pela participação popular
e financiada pelo Estado. Merece destaque, entretanto, que o período em questão
é marcado ainda pela penetração de investimentos internacionais no campo
educativo, sob a égide do Estado neoliberal, cioso por desfazer-se de suas
funções sociais (NORONHA, 2007, p. 02).
É nesse contexto que, em 1996, foi aprovação da Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional, sendo seguida, em 1997, pelos Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCN’s) – marcando o retorno da História e da Geografia como
disciplinas autônomas no currículo escolar.
Merece destaque ainda, a criação, em 1985, do Programa Nacional do Livro
Didático (PNLD). Segundo a autora, em 1997 o PNLD foi responsável pela
distribuição de cerca de 85 milhões de livros didáticos, o que coloca este
programa entre um dos maiores do mundo (NORONHA, 2007, p. 02 – 03).
Embora estes livros didáticos sejam selecionados pelo Estado, devendo
estar de acordo com o edital lançado pelo MEC e com os PCN’s, é marcante a
presença, nestes materiais, de discursos normativos que servem para reforçar e
aprofundar diferenças econômicas e sociais. No que tange aos livros didáticos
de história, a metodologia tradicional e mnemônica constitui-se em um desafio aos
educadores comprometidos com o esta disciplina.
Nessa perspectiva, tendo em vista o ensino de história e a construção de
uma educação comprometida com a transformação social, a autora aponta a
importância da História local. Partindo da compreensão da dinâmica social dos
estudantes, a História local permite ao educando perceber-se integrante da
história, não um simples espectador do ensino, mas objeto e sujeito num fluxo de
continuidades e descontinuidades. Sua abordagem permite ainda a sensibilização
dos estudantes diante da diversidade cultural e das múltiplas realidades
históricas.
Vale destacar que esta estratégia pedagógica se apresenta em consonância
com as determinações dos PCN’s para o ensino de História, destacando a
necessidade de
[..] possibilitar
ao aluno a identificação do próprio grupo de convívio e as relações que
estabelecem com outros tempos e espaços; valorizar o patrimônio sociocultural e
respeitar a diversidade, reconhecendo-a como um direito dos povos e indivíduos
e como um elemento de fortalecimento da democracia (NORONHA, 2007, p. 06).
Diante desta estratégia, entretanto, os livros didáticos não oferecem aos
professores elementos suficientes. Neste sentido, a autora destaca a importante
atuação, no Estado do Ceará, do Instituto da Memória do Povo Cearense (IMOPEC).
Fundada em 1988, a ONG atua no sentido de “estimular a recuperação e a
atualização da memória do povo cearense em sua diversidade e contribuir para a
construção de suas identidades como sujeito histórico” (NORONHA, 2007, p. 07).
Disponibilizando cursos à distância, o IMOPEC iniciou ainda a confecção
de cartilhas e jogos pedagógicos atentos a História local do Estado. Tais
materiais representam a tentativa de um resgate histórico-cultural importante, tanto para os profissionais do ensino de História, quanto para uma formação mais dinâmica e
democrática dos estudantes.
O problema dos livros didáticos, ou ausência deles.
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