domingo, 15 de março de 2015

Comentário Crítico; Pibid de História; O ensino da história local: um grande desafio para os educadores.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
PIBID DE HISTÓRIA

Aluna: Mayara Cristina Gomes de Brito
Professoras: Isabel Guillen e Adriana Paulo

COMENTÁRIO CRÍTICO

O ensino da história local: um grande desafio para os educadores
Natania Aparecida da Silva Nogueira

NOGUEIRA, Natania Aparecida da Silva. O ensino da história local: um grande desafio para os educadores. IV Seminário Perspectivas do Ensino de História: Ouro Preto, 2001.

O referido artigo aborda um tema bastante relevante para a compreensão da formação histórica de cada região na qual estamos inseridos, porém, é pouco desenvolvido nas escolas: o ensino da história local e os seus desafios.
De grande importância para o ensino de história, o tema defende, justamente, o desafio que o professor sofre ao querer descentralizar os conteúdos direcionados nos currículos da disciplina de história e consequentemente, de se deparar com a falta de materiais necessários para esse tipo de abordagem. A autora procura, ainda, justificar o despreparo do professor de história em abordar esse assunto, como fator de distinção feita, até pela própria universidade, nos cursos de licenciatura e bacharelado, no que diz respeito à questão da pesquisa. Onde o professor e o historiador encontram-se em mundos diferentes, aquele acaba adquirindo uma postura tradicionalista e positivista, ou seja, focalizando as aulas apenas para a sala de aula e se desatualizando do universo da pesquisa, e, este, direcionado para a pesquisa científica, que está aliada justamente às dificuldades dos jovens estudantes em assimilar o conhecimento histórico por eles produzidos. No qual, eu concordo em partes. Claro que ainda há um afastamento, e uma vista de diferença, que não era para existir entre esses dois tipos de acadêmicos, sei que cada um tem a sua função específica, mas o professor tem que ser encarado como pesquisador sim, também. Muito embora, as universidades já tenham iniciado projetos que envolvem a pesquisa e a prática nas escolas, mas entendo que essa afirmação da autora está correta para a época em que foi construída, já que, este artigo foi publicado no ano de 2001 e os projetos de pesquisa e iniciação a docência, só vieram ocorrer nove anos mais tarde.
A proposta central da autora é dar uma nova roupagem ao estudo do patrimônio histórico local, onde os jovens poderão se localizar dentro do seu Estado e do seu país, entendendo e valorizando primeiramente a sua história local para depois dar continuidade, e de forma até mais rica ao estudo da história nacional, retirando o viés alienador e fragmentário da história passado pelos livros didáticos e pelas propostas curriculares. Dessa forma, segundo a autora, os estudantes Irão aprender a identificar a economia local, distinguir atividades como agricultura e comércio de forma mais complexa (Por está estudando o caso específico de Leopoldina/MG); entender como funciona, a grosso modo, as instituições políticas locais; e finalmente, terá contato com a História de seu município. Onde, na minha visão, a autora poderia acrescentar a esses objetivos o fato de os estudantes compreenderem como se deu a formação de determinado município, já que a finalidade é estudar a história local do município, de forma que os estudantes venham a se identificar como parte integrante dessa história.
Em seu artigo a autora dar propostas para a realização desse projeto de pesquisa e análise do patrimônio histórico local, que, em minha opinião, são bastante coerentes com o trajeto a ser percorrido teoricamente e praticamente no descobrimento da história local, utilizando de embasamentos teóricos bem favoráveis. Sem deixar de falar,  que essas sugestões servirão de grande ajuda na elaboração dos nossos planos de aula, já que a autora destaca que boa parte do que será feito dentro dessas propostas será da criatividade do professor de história.
A autora destaca o uso da pesquisa, pois diz que precisamos nos desfazer dos hábitos de querer ver o aprendizado a partir da “clonagem” de um conhecimento já existente, ou até de ser o detentor do conhecimento, devendo nós professores deixar os estudantes correrem atrás de novos conhecimentos, agindo como orientadores, estimulando, assim, a capacidade dos mesmos para a ação de criar e ordenar esses conhecimentos,  e eu diria mais, para selecionar esses conhecimentos, aprendendo a analisar o que é relevante e necessário ao estudo.
A análise dos documentos, segundo a autora é o primeiro passo para o desenvolvimento desse trabalho, onde o professor tem de entender a importância desse documento, como um instrumento de trabalho. A autora destaca o uso de jornais, por exemplo, dos mais antigos – que datam do século XIX – aos mais recentes, devendo o professor entender que o documento deve ser trabalho de forma cooperativa, ou seja, junto com o estudante, não como um dado, mas como um instrumento de pesquisa. A autora enfatiza ainda que o trabalho a ser feito com jornais pode variar desde a análise critica das notícias veiculadas e sua apresentação textual até a confecção de um jornal, pelos próprios estudantes.
 Entendo a análise crítica como ponto forte para os estudantes entenderem como se deu o contexto histórico da localização no qual estão inseridos, fazendo relação até com outros acontecimentos da época, dentro e fora da sua região, e trazendo também para a atualidade.  Já em relação aos estudantes elaborarem um jornal, entendo como algo bastante proveitoso na questão da interdisciplinaridade, mas não como algo que irá transformar o seu posicionamento crítico/histórico.
As construções antigas da cidade são outros documentos importantes que a autora ressalta. Destacando que elas podem ser mapeadas junto com os estudantes, que, neste caso, eu acredito que o verbo “pode” deixa o termo um pouco hipotético, no qual, eu trocaria por “deve”, deve ser construído junto com os estudantes.
Os estudantes passariam a investigar em seus bairros, os edifícios mais velhos, seus antigos donos e suas famílias. De forma a criar a cidade a partir de fotos antigas, através de um mapa ou de uma maquete. Trabalhar com material concreto antecede à criação do conhecimento abstrato. Ele deve criar o hábito de relatar suas experiências e a valorizá-las como forma de registro histórico
Visitas guiadas são outra opção dada pela autora, extrapolando o ambiente formal da sala de aula, registrando tudo o que for visto nesses espaços culturais. Onde, com certeza, essas visitas não terão as mesmas vistas de antes, de os estudantes conhecerem a história das mesmas.
Enfim, tudo o que foi proposto pela autora neste artigo foi de fundamental relevância, como estudo inicial para o entendimento ao ensino sobre história local. A autora deixou tudo muito claro, utilizando palavras simples de fácil entendimento, relacionando muito para a realidade que o professor enfrenta diariamente. Até porque a autora já é um pouco experiente nessa área, pois aos 44 anos, produziu alguns outros artigos sobre história local e temas correlatos. Formou-se em história pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Cataguases em 1992 e se especializou em história do Brasil pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) em 1997.
Um fator muito importante na biografia da autora é ela, apesar do tempo em que se formou e da idade, atuar ainda hoje, como professora de história em classes de ensino fundamental, no município de Leopoldina/ MG, ou seja, nada do que ela fala aqui é apenas teoria, que por sinal, foram bem fundamentadas, mas mostra as suas experiências vividas em sala de aula. Garantindo-nos coerência no que a mesma fala e faz.

Recife, 2015


Um comentário:

  1. Gostei. Vou destacar a discussão que faz sobre a necessidade da pesquisa na formação do professor, bem como a educação patrimonial. Outro artigo já destacou essa questão, que parece se associar com certa frequência ao ensino de história loca. Nesse sentido, Uma discussão sobre patrimônio cultural parece ser importante.

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