Referência: RANZI,
S. M. F. Fontes orais, História e saber escolar. Editora da UFPR Educar,
Curitiba, n.18, p. 29-42. 2001.
O
estudo a ser comentado é oriundo da finalidade de analisar a função das fontes
orais e o uso da memória na construção do saber histórico a partir de uma
perspectiva local, através de um projeto de pesquisa e prática, na Escola
Estadual Júlio Mesquita, onde almejou-se a união entre pesquisa e ensino
acarretando na constituição de um dispositivo de construção de saberes, desde a
construção dos primeiros questionamentos norteadores do projeto até o
levantamento, trato e trabalho com as fontes orais adquiridas.
O
autor ressalta de modo categórico que para o desenvolvimento efetivo de um
projeto de uso da memória é fundamental, obviamente, a participação assídua do
professor, apoio da escola e dos alunos e comunidade, ficando constatado pela
experiência realizada pelo estudo em questão a sensibilização dos alunos e da
comunidade pode ser a peça fundamental e tem um peso significativo no sucesso
do trabalho. Com isso se faz necessário um incentivo um eixo desenvolvedor para
a movimentação do trabalho e desenvolvimento das atividades.
É
importante também atentar para o fato de que as atividades desenvolvidas, como
entrevistas, documentários, gravações e transcrição não irão ser a finalidade e
objetivo da atividade, já que a mesma não se norteia pela simples função de
arrecadação das fontes, mas sim pela construção de saberes através delas,
compreendendo como e em que cenário esse relato foi produzido, sabendo que na
complexidade dos sentimentos cada um mobiliza o passado ao seu gosto e segundo
os seus interesses, ressaltando a ideia de que a memória está sempre em disputa
e por isso é necessário analisar os conflitos e a competição pelas memórias e
transportar esse debate para o âmbito da sala de aula, gerando um dispositivo
de compreensão da prática de escrita da história e com isso a constituição de
saber através da prática de pesquisa.
Com
isso, se faz necessário, de acordo com a experiência realizada na Escola
Estadual Júlio Mesquita, localizada no Bairro Jardim das Américas, um
levantamento geral de dados sobre os alunos que irão estar envolvidos no
projeto, contento aspectos como: informação dos pais (origem, profissão), dados
sobre os alunos (local onde mora, a
quanto tempo vive em determinado local, tipo de residência e quando a família
veio se estabelecer no devido local ). Tentando colher informações dos alunos e
levantando possíveis documentos do arquivo pessoal e familiar do local, gerando
com isso a discussão dos possíveis lugares de memória definidos pela comunidade
em questão, que podem variar desde a espaços públicos até estabelecimentos
comerciais ou industriais, sendo necessário, paralelo a este levantamento uma
pesquisa em jornais, mídias e anais a evidencias de tais lugares nesse
contexto, identificando assim um ponto para o desenvolvimento do trabalho.
Finalizando
o artigo o autor levanta considerações importantes sobre a complexidade dos
trabalhos com documentos e fontes orais por professores e a incapacidade de
realização dos mesmos devido a falta de capacitação aliado à dificuldade de
gerar saberes através do uso de fontes orais através da perspectiva local, mas
apesar das dificuldades encontradas, este tipo de projeto e proposta significa
para o professor um possibilidade de romper com os limites impostos
profissionalmente que degradam de forma gradual o ensino de história e ao mesmo
tempo mostra a potencialidade da utilização de fontes orais como um dispositivo
de geração de saberes.
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