domingo, 22 de março de 2015

Comentário sobre o artigo: Fontes orais, História e saber escolar.

Referência: RANZI, S. M. F. Fontes orais, História e saber escolar. Editora da UFPR Educar, Curitiba, n.18, p. 29-42. 2001.

O estudo a ser comentado é oriundo da finalidade de analisar a função das fontes orais e o uso da memória na construção do saber histórico a partir de uma perspectiva local, através de um projeto de pesquisa e prática, na Escola Estadual Júlio Mesquita, onde almejou-se a união entre pesquisa e ensino acarretando na constituição de um dispositivo de construção de saberes, desde a construção dos primeiros questionamentos norteadores do projeto até o levantamento, trato e trabalho com as fontes orais adquiridas.
O autor ressalta de modo categórico que para o desenvolvimento efetivo de um projeto de uso da memória é fundamental, obviamente, a participação assídua do professor, apoio da escola e dos alunos e comunidade, ficando constatado pela experiência realizada pelo estudo em questão a sensibilização dos alunos e da comunidade pode ser a peça fundamental e tem um peso significativo no sucesso do trabalho. Com isso se faz necessário um incentivo um eixo desenvolvedor para a movimentação do trabalho e desenvolvimento das atividades.
É importante também atentar para o fato de que as atividades desenvolvidas, como entrevistas, documentários, gravações e transcrição não irão ser a finalidade e objetivo da atividade, já que a mesma não se norteia pela simples função de arrecadação das fontes, mas sim pela construção de saberes através delas, compreendendo como e em que cenário esse relato foi produzido, sabendo que na complexidade dos sentimentos cada um mobiliza o passado ao seu gosto e segundo os seus interesses, ressaltando a ideia de que a memória está sempre em disputa e por isso é necessário analisar os conflitos e a competição pelas memórias e transportar esse debate para o âmbito da sala de aula, gerando um dispositivo de compreensão da prática de escrita da história e com isso a constituição de saber através da prática de pesquisa.
Com isso, se faz necessário, de acordo com a experiência realizada na Escola Estadual Júlio Mesquita, localizada no Bairro Jardim das Américas, um levantamento geral de dados sobre os alunos que irão estar envolvidos no projeto, contento aspectos como: informação dos pais (origem, profissão), dados sobre os alunos (local onde mora,  a quanto tempo vive em determinado local, tipo de residência e quando a família veio se estabelecer no devido local ). Tentando colher informações dos alunos e levantando possíveis documentos do arquivo pessoal e familiar do local, gerando com isso a discussão dos possíveis lugares de memória definidos pela comunidade em questão, que podem variar desde a espaços públicos até estabelecimentos comerciais ou industriais, sendo necessário, paralelo a este levantamento uma pesquisa em jornais, mídias e anais a evidencias de tais lugares nesse contexto, identificando assim um ponto para o desenvolvimento do trabalho.
Finalizando o artigo o autor levanta considerações importantes sobre a complexidade dos trabalhos com documentos e fontes orais por professores e a incapacidade de realização dos mesmos devido a falta de capacitação aliado à dificuldade de gerar saberes através do uso de fontes orais através da perspectiva local, mas apesar das dificuldades encontradas, este tipo de projeto e proposta significa para o professor um possibilidade de romper com os limites impostos profissionalmente que degradam de forma gradual o ensino de história e ao mesmo tempo mostra a potencialidade da utilização de fontes orais como um dispositivo de geração de saberes.


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