Referência: SANTOS, J. J. M. dos.: História do lugar: um método de ensino e pesquisa para as escolas de nível médio e fundamental. História, Ciências, Saúde Manguinhos, Rio de Janeiro, vol. 9(1):105-24, jan.-abr. 2002.
O artigo do Doutor em História Social pela USP,
Joaquim Justino de Moura Santos se propõe a apresentar o método denominado “história
do lugar”, como instrumento de recuperação das identidades locais, estreitando
os laços entre escola e comunidade. Demonstra os métodos utilizados nos
subúrbios cariocas (objeto de estudo), os resultados preliminares e os entraves
ao desenvolvimento do projeto.
A primeira coisa que se nota, é que esse novo método
foi desenvolvido a partir das observações práticas do ensino da História no
nível básico, onde é crescente o desinteresse pelo modo em que as disciplinas
estão moldadas, portanto, trazer os alunos à sua própria realidade é uma forma
de lhes fazer sujeito do curso da História.
Há uma grande ruptura entre a população suburbana
das décadas 50 e 60 e as de hoje em dia. Essa ruptura se dá principalmente pela
cultura consumida pelas gerações atuais, e quando digo consumida, não coloco o
termo em vão. Padrões culturais únicos, vindos do exterior e impulsionados pela
globalização, e que esses jovens a qualquer análise política e socioeconômica,
os transportando para uma realidade de pura fantasia. No caso analisado pelo
autor (os subúrbios cariocas), é notável a redução dos espaços públicos de
sociabilidade, tomado agora pelas indústrias de médio porte, comércio e
favelas. Aquela imagem das festas nas calçadas, dos vizinhos que se reúnem para
conversar nas frentes das casas, está em franca decadência, já que agora, com televisão
e internet popularizadas, a vida se apresenta cada vez mais privada, consequência
do impulso neoliberal.
Toda essa pesquisa faz com que aquela ideia de
história imutável e inerte caia por terra. Os alunos e alunas veem agora os
mais idosos como memórias vivas.
Sobre a metodologia utilizada para a pesquisa,
sintetizo-a em alguns pontos:
- escolher o bairro a ser estudado, a partir da
configuração da sala de aula;
- entender as mudanças ocorridas no lugar (estudar a
configuração socioeconômica do bairro, como por exemplo, a quantidade e tipo de
indústrias, os conjuntos habitacionais, as favelas, etc);
- como fontes teríamos as próprias construções
observadas, além de fotos, jornais, revistas, depoimentos dos moradores;
- com a comparação feita entre o período mais
recuado e os tempos atuais, de capitalismo globalizado, cabe ao professor
observar o nível dos alunos que ele está tratando e levantar hipóteses, ficando
o docente responsável pelas tarefas de articulação mais complexa, e os
discentes com as tarefas mais palpáveis e práticas, como a realização de
entrevistas e levantamento de fotos e recortes antigos sobre seu bairro.
João Pedro Holanda - Bolsista na escola Oswaldo Lima Filho
Vale destacar o ponto em que discute a importância da história local para estreitar as relações da escola com a comunidade em que está inserida. Também achei muito apropriado os "conselhos" práticos sobre como desenvolver com os alunos as atividades práticas.
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