Desafio para os Educadores: Ensino de História Local e Multicultural
Desde os anos 90 no Brasil, os novos
Parâmetros Curriculares Nacionais redefiniram como deve ser realizado o ensino
de história nas escolas.
"Considerando o
eixo temático “História local e do cotidiano”, a proposta é a de que, no
primeiro ciclo, os alunos iniciem seus estudos históricos no presente, mediante
a identificação das diferenças e das semelhanças existentes entre eles, suas
famílias e as pessoas que trabalham na escola. Com os dados do presente, a
proposta é que desenvolvam estudos do passado, identificando mudanças e
permanências nas organizações familiares e educacionais. Conhecendo as
características dos grupos sociais de seu convívio diário, a proposta é de que
ampliem estudos sobre o viver de outros grupos da sua localidade no presente,
identificando as semelhanças e as diferenças existentes entre os grupos sociais
e seus costumes; e desenvolvam estudos sobre o passado da localidade,
identificando as mudanças e as permanências nos hábitos, nas relações de
trabalho, na organização urbana ou rural em que convivem, etc." (BRASIL,
1997, p. 41)
Vemos que muitos professores usam os livros
didáticos como “bengalas” e os utilizam de forma exacerbada, fazendo com que o
ensino de história nas escolas se transforme em um conceito muito positivista,
dando ênfase mais em grandes datas e acontecimentos do que estimulando um maior
pensamento crítico entre os alunos. A memorização mecânica se torna a norma
entre os estudantes quando tentam assimilar o conteúdo passado na sala de aula. Com isso, o
estudante passa cada vez mais a ter não se identificar com a matéria de
história, pois a conteúdo assimilado é algo muito distante de sua realidade
social.
O ensino de história local se torna
então fundamental para essa aproximação com o aluno e seu engajamento no ensino
de história, de um modo geral. Com a inserção de materiais e projetos que
colocam como objetivos principais a investigação das peculiaridades deu bairro,
por exemplo, o aluno já passa a se interessar mais, pois ele está lidando com
algo que faz parte do seu contexto cotidiano. A investigação e a pesquisa no
campo são dois conceitos interessantes que podem ser inseridos no currículo
acadêmico de uma aula de história. A respeito deste o conceito o autor cita:
"A história humana não se desenrola apenas nos campos
de batalha e nos gabinetes presidenciais. Ela se desenrola também nos quintais,
entre plantas e galinhas; nas ruas de subúrbio, nas casas de jogo, nos prostíbulos,
nos colégios, nas ruínas, nos namoros de esquina." (GULLAR, 1999, p. 16).
Para atingir estes objetivos, é
preciso que o professor expanda seu embasamento teórico para além do livro
didático. É preciso analisar fontes primárias, como documentos, músicas,
artigos de revista, etc. Também é muito importante cada vez que for feito uma
pesquisa nestes ramos, fazer uma comparação com o cotidiano do aluno e com o
presente. O professor deve trazer figuras que já foram esquecidas para a sala
de aula. Isso faz com que o aluno se sinta não apenas como uma tábua rasa, um
deposito de conhecimentos, como já descreveu Paulo Freire, mas também como um
sujeito que faz história. Trazer e revelar a história dos vencidos, das pessoas
comuns, como já falava Walter Benjamim, é papel essencial do historiador.
Levamos as palavras destes pensadores em consideração quando refletimos que a
história local, em sua maioria, é a história dos vencidos, já que muitas
comunidades em que os alunos vivem são de periferia ou bairros operários.
Podemos concluir que o
professor tem como objetivo principal, neste aspecto, fazer com que o aluno
desperte seu senso de pensamento crítico e se enxergue como um agente
transformador da sociedade, e não apenas como um ser passivo dos acontecimentos
que os permeiam. Para atingir este objetivo, o ensino de uma história mais
vinculada a sua realidade social e seu cotidiano pode fazer com que o estudante
passe a se interessar mais na matéria de história, de um modo geral. Se
distanciando do uso do livro didático como ferramenta única e estimulando o
debate, pesquisa e investigação, tanto dentro da sala de aula, como fora dela,
é o papel principal do professor para estimular esse ambiente e proporcionar
para seus discentes uma experiência didática mais dinâmica.
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