domingo, 15 de março de 2015

Desafio para os Educadores: Ensino de História Local e Multicultural

                             Esta exposição busca fazer uma analise e problematização do conceito de História Local e sua relação com o ensino de história, de um modo geral. Seu embasamento teórico está inserido com base em trabalhos de diversos autores sobre a metodologia do ensino de história no ensino fundamental, mas com foco no artigo de Dalton Schneider, entitulado: "Desafio para os educadores: Ensino de História Local e Multicultural". O artigo tem como objetivo principal discutir os meios didáticos presentemente utilizados por professores, e como esses meios podem ser dinamizados com a inserção do ensino de história local, para poder tentar engajar e envolver mais os alunos no aprendizado e não tratar a matéria como simples memorização de datas e figuras, conforme vem acontecendo em muitas escolas, assim como essa inserção reflete na dinamização do ensino cultural.
                            Desde os anos 90 no Brasil, os novos Parâmetros Curriculares Nacionais redefiniram como deve ser realizado o ensino de história nas escolas.
"Considerando o eixo temático “História local e do cotidiano”, a proposta é a de que, no primeiro ciclo, os alunos iniciem seus estudos históricos no presente, mediante a identificação das diferenças e das semelhanças existentes entre eles, suas famílias e as pessoas que trabalham na escola. Com os dados do presente, a proposta é que desenvolvam estudos do passado, identificando mudanças e permanências nas organizações familiares e educacionais. Conhecendo as características dos grupos sociais de seu convívio diário, a proposta é de que ampliem estudos sobre o viver de outros grupos da sua localidade no presente, identificando as semelhanças e as diferenças existentes entre os grupos sociais e seus costumes; e desenvolvam estudos sobre o passado da localidade, identificando as mudanças e as permanências nos hábitos, nas relações de trabalho, na organização urbana ou rural em que convivem, etc." (BRASIL, 1997, p. 41)
 Vemos que muitos professores usam os livros didáticos como “bengalas” e os utilizam de forma exacerbada, fazendo com que o ensino de história nas escolas se transforme em um conceito muito positivista, dando ênfase mais em grandes datas e acontecimentos do que estimulando um maior pensamento crítico entre os alunos. A memorização mecânica se torna a norma entre os estudantes quando tentam assimilar o conteúdo  passado na sala de aula. Com isso, o estudante passa cada vez mais a ter não se identificar com a matéria de história, pois a conteúdo assimilado é algo muito distante de sua realidade social.
            O ensino de história local se torna então fundamental para essa aproximação com o aluno e seu engajamento no ensino de história, de um modo geral. Com a inserção de materiais e projetos que colocam como objetivos principais a investigação das peculiaridades deu bairro, por exemplo, o aluno já passa a se interessar mais, pois ele está lidando com algo que faz parte do seu contexto cotidiano. A investigação e a pesquisa no campo são dois conceitos interessantes que podem ser inseridos no currículo acadêmico de uma aula de história. A respeito deste o conceito o autor cita:
            "A história humana não se desenrola apenas nos campos de batalha e nos gabinetes                    presidenciais. Ela se desenrola também nos quintais, entre plantas e galinhas; nas ruas              de subúrbio, nas casas de jogo, nos prostíbulos, nos colégios, nas ruínas, nos namoros               de esquina." (GULLAR, 1999, p. 16).
                            Para atingir estes objetivos, é preciso que o professor expanda seu embasamento teórico para além do livro didático. É preciso analisar fontes primárias, como documentos, músicas, artigos de revista, etc. Também é muito importante cada vez que for feito uma pesquisa nestes ramos, fazer uma comparação com o cotidiano do aluno e com o presente. O professor deve trazer figuras que já foram esquecidas para a sala de aula. Isso faz com que o aluno se sinta não apenas como uma tábua rasa, um deposito de conhecimentos, como já descreveu Paulo Freire, mas também como um sujeito que faz história. Trazer e revelar a história dos vencidos, das pessoas comuns, como já falava Walter Benjamim, é papel essencial do historiador. Levamos as palavras destes pensadores em consideração quando refletimos que a história local, em sua maioria, é a história dos vencidos, já que muitas comunidades em que os alunos vivem são de periferia ou bairros operários.
                        Podemos concluir que o professor tem como objetivo principal, neste aspecto, fazer com que o aluno desperte seu senso de pensamento crítico e se enxergue como um agente transformador da sociedade, e não apenas como um ser passivo dos acontecimentos que os permeiam. Para atingir este objetivo, o ensino de uma história mais vinculada a sua realidade social e seu cotidiano pode fazer com que o estudante passe a se interessar mais na matéria de história, de um modo geral. Se distanciando do uso do livro didático como ferramenta única e estimulando o debate, pesquisa e investigação, tanto dentro da sala de aula, como fora dela, é o papel principal do professor para estimular esse ambiente e proporcionar para seus discentes uma experiência didática mais dinâmica.

Por: Pietro Henrique  

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