domingo, 15 de março de 2015

Comentário do artigo: Fontes orais, História e saber escolar de Serlei Maria Fischer Ranzi.

Ranzi, S. M. F. Fontes orais, História e saber escolar. Educar em Revista, Curitiba, n.09, p. 29 -42, jan. 2001.



Este artigo foi escrito pela professora de História da Universidade Federal do Paraná (UFPR ) Serlei Maria Fischer Ranzi. Inicialmente ele trás uma apresentação do estudo da pesquisa ação que foi feito em Curitiba-PR na Escola Estadual Professor Júlio Mesquita, situada no bairro Jardim das Américas. Tendo como objetivo principal analisar o papel das fontes orais e o uso da memória no ensino fundamental de História.

O projeto é formado por um grupo que  procurou mobiliza a tudo e a todos para a construção de pesquisa e ao mesmo tempo ensino. Visto que um trabalho com a memoria na escola exige um grande investimento. Com o passar da pesquisa foi possível perceber que é mais fácil conseguir o apoio das pessoas que participaram mais diretamente da construção do bairro. Quando os membros da comunidade, eles não se sentem participantes da História Local recebem assim com muita desconfiança o pedido para colaborarem com um projeto que pretende reconstituir.

Primeiramente nessa pesquisa foi realizado um trabalho de abordagem oral do passado, a partir da apropriação do vivido individual na constituição do bairro.  Foi verificado com o resultados de uns levantamentos feitos que parte das crianças não moravam e nem tinham nascido no bairro em estudo. A partir disso entendido que, em bairros onde não existe uma grande mobilidade da população, o estudo envolvendo a perspectiva da memória tem que ser diferenciado, pois o que vai fazer com que essas crianças se identifiquem é mais a sua relação com uma memória que está sendo construída, motivada principalmente pela convivência num mesmo espaço, que é a escola.

Uma forma de entrar em contato com o passado é aprender que, antes que determinados grupos tivessem ali chegado, as ruas ou campos em torno de uma casa ou escola eram diferentes. Uma outra forma bem diferente é ter esse conhecimento por meio de lembranças do passado, vivas ainda na memória dos mais velhos do lugar, da afetividade deles por determinados locais, dos vizinhos e casas em determinada rua, do trabalho em determinada loja (THOMPSON, 1992, p. 30).

Apesar das dificuldades apontadas no artigo a experiência é bastante significativa para o professor, pois é um modo de romper com os limites impostos profissionalmente e coloca para ele a possibilidade de participar ativamente na produção do saber escolar.  Para os alunos a experiência é muito gratificante e o fato de um dos colaboradores ter sido entrevistado na escola foi  relevante  porquê  permitiu a participação dos alunos, contribuiu para romper com a passividade deles em relação ao saber  escolar e possibilitou ainda  uma motivação especial, na  exposição de fotos e textos que foi feita na escola. 


Esse projeto mostrou que o tempo vivido já não é valorizado em alguns elementos das comunidades. A recusa em discutir o seu passado e a sua inserção nele, pode revelar uma ruptura da memória social, das tradições, dos saberes, e mostrar que estão de certa forma já atingidos pelo processo de destruição da memória, operado, principalmente, pela industrialização brutal, pelo acelerado movimento de individualização, de mudanças, e pela burocratização da vida cotidiana. 


Jeani Gomes

Um comentário:

  1. Parece que faz uma boa discussão sobre história oral, sem ingenuidade e apontando os problemas que pode gerar. Eu destacaria o modo como aponta que a história local é importante na construção/ produção do saber escolar, tanto pelos professores, quanto pelos alunos.

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