Ranzi, S. M. F.
Fontes orais, História e saber escolar. Educar em Revista, Curitiba, n.09, p.
29 -42, jan. 2001.
Este artigo foi escrito pela professora de História da Universidade Federal do Paraná (UFPR ) Serlei Maria Fischer Ranzi. Inicialmente ele trás uma apresentação do estudo da pesquisa ação que foi feito em Curitiba-PR na Escola Estadual Professor Júlio Mesquita, situada no bairro Jardim das Américas. Tendo como objetivo principal analisar o papel das fontes orais e o uso da memória no ensino fundamental de História.
O projeto é formado por um grupo que procurou mobiliza a tudo e a todos para a construção
de pesquisa e ao mesmo tempo ensino. Visto que um trabalho com a memoria na escola exige um grande investimento. Com o passar da pesquisa foi possível
perceber que é mais fácil conseguir o apoio das pessoas que participaram mais
diretamente da construção do bairro. Quando os membros da comunidade, eles não
se sentem participantes da História Local recebem assim com muita desconfiança
o pedido para colaborarem com um projeto que pretende reconstituir.
Primeiramente
nessa pesquisa foi realizado um trabalho de abordagem oral do passado, a partir
da apropriação do vivido individual na constituição do bairro. Foi verificado com o resultados de uns levantamentos
feitos que parte das crianças não moravam e nem tinham nascido no bairro em
estudo. A partir disso entendido que, em bairros onde não existe uma grande
mobilidade da população, o estudo envolvendo a perspectiva da memória tem que
ser diferenciado, pois o que vai fazer com que essas crianças se identifiquem é
mais a sua relação com uma memória que está sendo construída, motivada
principalmente pela convivência num mesmo espaço, que é a escola.
Uma
forma de entrar em contato com o passado é aprender que, antes que determinados
grupos tivessem ali chegado, as ruas ou campos em torno de uma casa ou escola
eram diferentes. Uma outra forma bem diferente é ter esse conhecimento por meio
de lembranças do passado, vivas ainda na memória dos mais velhos do lugar, da
afetividade deles por determinados locais, dos vizinhos e casas em determinada
rua, do trabalho em determinada loja (THOMPSON, 1992, p. 30).
Apesar
das dificuldades apontadas no artigo a experiência é bastante significativa para o
professor, pois é um modo de romper com os limites impostos profissionalmente e coloca
para ele a possibilidade de participar ativamente na produção do saber escolar.
Para os alunos a experiência é muito gratificante e
o fato de um dos colaboradores ter sido entrevistado na escola foi relevante porquê permitiu a participação dos alunos, contribuiu
para romper com a passividade deles em relação ao saber escolar e possibilitou ainda uma motivação especial, na exposição de fotos e textos que foi feita na
escola.
Esse
projeto mostrou que o tempo vivido já não é valorizado em
alguns elementos das comunidades. A recusa em discutir o seu passado e a sua
inserção nele, pode revelar uma ruptura da memória social, das tradições, dos
saberes, e mostrar que estão de certa forma já atingidos pelo processo de
destruição da memória, operado, principalmente, pela industrialização brutal,
pelo acelerado movimento de individualização, de mudanças, e pela
burocratização da vida cotidiana.
Jeani Gomes
Parece que faz uma boa discussão sobre história oral, sem ingenuidade e apontando os problemas que pode gerar. Eu destacaria o modo como aponta que a história local é importante na construção/ produção do saber escolar, tanto pelos professores, quanto pelos alunos.
ResponderExcluir