domingo, 15 de março de 2015



O uso do periódico Corymbo em sala de aula: resgatando a história local e os estudos de gênero.
Giovana Pontes Farias e Adriana Senna
  


FARIAS, Giovana Pontes; SENNA, Adriana. O uso do periódico Corymbo em sala de aula: resgatando a história local e os estudos de gênero. I Colóquio Nacional de Estudos de Gênero e História, 2013. Paraná. Anais do I Colóquio Nacional de Estudos de Gênero e História. Paraná: Laboratório de História Ambiental e Gênero, 2013. 760p. Disponível em: http://sites.unicentro.br/wp/lhag/files/2013/10/Giovana-Farias-e-Adriana-Senna.pdf. Acesso em: 09/03/2015.

O artigo denominado “O uso do periódico Corymbo em sala de aula: resgatando a história local e os estudos de gênero”, de autoria de Giovana Pontes Farias e Adriana Senna, faz parte de um trabalho maior de conclusão do curso de Licenciatura em História da Universidade Federal do Rio Grande intitulado “A luta pelos direitos femininos nas páginas do periódico rio grandinho Corymbo, 1918 – 1919”. Tal discussão foi apresentada no I Colóquio Nacional de Estudos de Gênero e História, realizado em 2013, depois de algumas outras reflexões acerca do tema em questão, possibilitando o vislumbre da união entre o ensino de História e a utilização de um documento relacionado ao ambiente dos estudantes, ou seja, o uso da história local na dinâmica de aprendizagem e entendimento do processo histórico.
Neste sentido, as autoras buscam fornecer aos leitores uma explanação mais concisa em torno do documento e de como este poderá ser utilizado em sala. Desta forma, segundo as mesmas, haveria melhor qualidade de ensino/aprendizagem, além de haver a demonstração de como uma fonte local pode fomentar maior teor significativo aos conteúdos ministrados para os educandos. É inegável a relevância de se buscar uma consciência histórica dos estudantes aliando o saber discutido e a documentação regional/local empreendida, já que se estabelece uma conexão significativa duradoura para os agentes educacionais (educandos e educadores). Assim, é deixada de lado a “educação bancária” e entra em vigor a educação que almeja a compreensão crítica do mundo a sua volta.
Ao longo do texto, as autoras trazem um balanço geral sobre o Corymbo e o que este traz de relevante para o estudo dos movimentos feministas no século XX. No que toca o periódico, sua impressão ficava a cargo das irmãs Heloísa de Melo e Julieta Monteiro de Melo, sendo destinado a qualquer pessoa e agrupando muitas concepções sociais. Desta forma, o jornal foi escolhido para esta análise em sala por trazer em suas páginas o contexto da época e as relações de gênero ali estabelecidas. Logo, podiam ser trabalhadas questões como os costumes do passado e suas reverberações no presente, a documentação histórica em si, etc. Mas, sobretudo, os educandos teriam acesso à história do local onde nasceram ou vivem, no intuito de haver uma análise crítica dos fatos e o possível entendimento de uma não cristalização do saber e dos acontecimentos.
A partir daí, fica óbvio durante todo o artigo que o periódico pode ser utilizado como um instrumento de relevância para o melhor entendimento da sociedade como um todo (e, principalmente, daquela do entorno escolar) e de seus comportamentos construídos historicamente. Sem falar que o estudo de gênero faz parte dos chamados “temas transversais” dos PCN’s (Parâmetros Curriculares Nacionais) e devem ser abordados com mais frequência, já que são entendidos como relevantes, mas não são obrigatórios nas grades curriculares. Aliando o conteúdo ao debate de documentações locais, os estudantes, então, poderiam compreender o mundo historicamente e sua complexidade, além de melhorar sua capacidade de agir sobre ele. Porém, as autoras deixam bem claro que não adianta a utilização de tal fonte (e qualquer outra) se não houver um trabalho crítico em torno do documento, como o fato de situa-lo em seu contexto ou o entendimento de que o mesmo não é imparcial.
Apesar de perceberem o poder da documentação local em sala de aula e do teor significativo que a mesma traz, no entanto, o artigo não aborda a ideia de que as fontes regionais podem ser um caminho para que os educandos sejam agentes da própria história e do próprio saber. É interessante notar também que a escola não possui qualquer autonomia para construir o ensino que irá ministrar. Como Giovana Farias e Adriana Senna deixam bem claro ao final do texto, este caminho mais crítico e questionador que alia o ensino a história local não é a forma mais fácil de ensinar, mas torna-se o mais proveitoso e instigante possível.

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